Prefeito sugere usar terreno da Plataforma para expandir Daia

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Sugestão foi dada por Roberto Naves durante encontro com empresários na Acia, na última quarta-feira (3)

MARCOS VIEIRA

O prefeito Roberto Naves (PTB) disse essa última semana na Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia), que sugeriu ao governador Marconi Perillo (PSDB) que utilize a área da Plataforma Logística Multimodal de Goiás para abrigar empresas que estão na “fila” para se instalarem na cidade.

Roberto lembrou que o local já possui toda a infraestrutura necessária para receber as novas empresas, enquanto a nova área escolhida para a expansão do Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia) ainda teria que receber todas essas benfeitorias, o que demandaria tempo.

O prefeito pediu aos empresários que ajudem a sugerir essa mudança ao governador. “Já falei com ele [Marconi], que gostou da ideia”, comentou. Roberto participou da primeira reunião ordinária da Acia após a recondução à presidência da entidade do empresário Anastacios Apostolos Dagios, na última quarta-feira (3).

A Plataforma Logística foi criada em 2001, através de lei. Em 2002, o governo desapropriou uma área de mais de 6,9 milhões de metros quadrados para a instalação do projeto. Em 2007, foi inaugurada a infraestrutura desse espaço, ao custo de R$ 250 milhões. Trata-se de pavimentação asfáltica, drenagem, redes de água e esgoto e de energia elétrica, além de cabeamento para telefonia.

Depois de inaugurada a infraestrutura, nada mais foi feito no local. Desde o ano passado o governo tem prometido publicar edital para abrir concorrência das empresas interessadas em administrar a Plataforma Logística, mas nada aconteceu até agora. A ideia do prefeito, de aproveitar o terreno pronto para novas empresas, já foi cogitada em outros momentos, mas nunca foi colocada em prática.

Para Roberto Naves, o governo poderia utilizar o terreno reservado para a expansão do Daia para a Plataforma Logística, dotando-o de infraestrutura. A troca representaria a reinserção de Anápolis no rol de empresas goianas cobiçadas por empresas de fora. Há pelo menos cinco anos esse processo de chegada de novos investimentos está praticamente estagnado.

O prefeito também falou das obras estaduais paralisadas em Anápolis. Disse que com os recursos oriundos da venda da Celg, há caixa agora para concluir projetos importantes para a cidade. Ele revelou que foram liberados R$ 3 milhões para a conclusão do anel viário do Daia, e que conversou com a empresa que está construindo o centro de convenções, que garantiu que o recurso para a obra já foi liberado pelo Estado.

Município
Roberto Naves disse aos empresários que sempre enxergou a Acia como parceira, por isso gostaria de explicitar a situação atual da Prefeitura de Anápolis, para que as cobranças fossem na proporção da realidade enfrentada hoje pela máquina pública. O primeiro item abordado foi a arrecadação municipal.

O prefeito comentou que antes de ser eleito, já tinha ouvido por diversas vezes que a receita de Anápolis girava em torno de R$ 100 milhões por mês. “Hoje, custa a chegar em R$ 70 milhões”, revelou. Desse montante, R$ 39 milhões são para a folha de pagamento e outros R$ 4,5 milhões para aporte ao Issa. “Para o custeio da máquina e investimentos, temos cerca de R$ 21 milhões”.

Segundo Roberto, é importante que o empresariado viva mais o setor público, para entender quais são os instrumentos que o gestor possui para trabalhar. “A cidade tem solução, mas precisa trabalhar”.

O prefeito afirmou ainda que não desistiu dos seus projetos em relação à água, um velho entrave anapolino. “Se o governo estadual não cumprir o acordo, eu vou romper”. Mas segundo ele, se há um aceno de investimento de R$ 113 milhões para resolver o problema da falta de água em Anápolis, é mais inteligente dar um prazo para ver se as obras começam.

Roberto informou aos empresários que os R$ 15 milhões para a ligação de uma nova captação no Capivari até o Piancó já foram licitados, o que já atenderia a demanda de Anápolis pelos próximos cinco anos.

Depois de reafirmar por diversas vezes que é contra a privatização da Educação e que não concorda também com as OSs, Roberto Naves disse que há um estudo para avaliar a viabilidade de implantação do sistema de voucher na rede municipal. Trata-se basicamente de um sistema em que o poder público compra vagas na rede particular para os alunos do setor público.

Roberto também falou na modernização da máquina pública, sobretudo para emissão de alvarás e licenças, uma antiga demanda dos empresários. Segundo ele, a prefeitura já adquiriu e pagou na gestão passada um sistema da administração municipal de Osasco, mas nunca o colocou para funcionar. Técnicos da universidade que desenvolveu o software vão vir em Anápolis para ensinar como utilizá-lo.

Social
De acordo com o prefeito, existem duas cidades de Anápolis. A primeira recebe todos os equipamentos e serviços públicos, enquanto a outra está completamente esquecida. Ele citou os casos do Jardim Promissão e Recanto do Sol, densamente povoados, mas que possuem poucos aparatos públicos.

Uma demanda urgente, a segurança pública, começa a apresentar resultados a partir do trabalho político. “Em breve teremos a inauguração de um batalhão da Polícia Militar no Conjunto Filostro Machado”, informou o prefeito.

Roberto recebe documento com 20 demandas

O presidente da Acia, Anastacios Apostolos Dagios, entregou um documento ao prefeito Roberto Naves, denominado “Carta de Anápolis”, com 20 demandas que o setor empresarial entende como urgentes para que o município volte a crescer.

Desde que identificou uma estagnação do PIB anapolino nos últimos cinco anos, a Acia tem cobrado do poder público a resolução de entraves que fariam com que a cidade voltasse a receber indústrias, gerando emprego e renda.

Anastacios disse que o documento entregue ao prefeito teve a participação de entidades como OAB, Fieg, Sicma, Rotary e Instituto dos Arquitetos do Brasil. Foram identificadas 60 demandas, e que após uma “peneirada” chegou-se a 20, que compõem o texto definitivo da “Carta de Anápolis”. Veja a seguir.

1. Juntamente com o Governo de Goiás solucionar os problemas de infraestrutura, de segurança, de regularização fundiária e de danos ao meio ambiente que atualmente afligem as empresas instaladas no Daia.

2. Rever os critérios para a destinação das vagas nos Cmeis (creches), assegurando prioridade absoluta para os filhos das mães trabalhadoras, ampliando o horário de funcionamento para atender, também, a necessidade das mães trabalhadoras de turnos noturnos.

3. Facilitar a criação em Anápolis de polos tecnológicos, distritos industriais e logísticos para implantação de empresas de pequeno, médio e grande porte, inclusive através de parcerias público-privadas (PPP).

4. Somar esforços com o Governo Federal e com o Governo de Goiás para implantar o Rápido Empresarial, com ações integradas para conferir celeridade aos processos constitutivos das empresas.

5. Desenvolver e implantar uma política pública de qualificação, motivação, incentivos e amparo legal para que as empresas comerciais e de prestação de serviços participem competitivamente das licitações do Município, do Governo de Goiás e do Governo Federal.

6. Empreender todos os esforços para garantir a finalização de obras como o aeroporto de cargas, Plataforma Logística Multimodal, centro de convenções, mobilidade urbana, cmeis, escolas, creches, Central Parque Onofre Quinan, Parque Reboleiras, Estádio Jonas Duarte, bem como priorizar a criação da Central de Defesa do Cidadão, concentrando o local de funcionamento de todas as Delegacias Especializadas e dos Grupos Especiais da Polícia Civil.

7. Promover a reorganização e a reestruturação do seguimento atacadista e de hortifrutigranjeiro, transferindo-os para locais mais apropriados.

8. Desenvolver medidas para incrementar o diferencial competitivo do segmento logístico.

9. Municipalizar o licenciamento ambiental.

10. Diligenciar junto a Saneago para assegurar a realização dos investimentos necessários para melhorar o sistema de captação, tratamento e distribuição de água tratada, e no sistema de captação e tratamento de esgoto.

11. Diligenciar junto a Celg para assegurar a realização dos investimentos necessários para ampliar a oferta de energia elétrica.

12. Promover o intercâmbio de instituições públicas e privadas locais com outros Estados e países da América do Sul, Europa, África, Ásia e da América do Norte, contribuindo para o desenvolvimento cultural, institucional, artístico, tecnológico e econômico.

13. Organizar e participar de consórcios intermunicipais nas áreas de saúde, educação, meio ambiente, cultura e turismo.

14. Concluir a revisão da lei de uso e parcelamento do solo, assegurando a inclusão de parâmetros urbanísticos capazes de promover o desenvolvimento sustentável da cidade.

15. Promover a revisão da área do Perímetro Urbano de Anápolis, de modo a ampliar as áreas disponíveis para empreendimentos de grande porte no município.

16. Adotar estratégias de modernização da gestão pública capazes de tornar eficientes e céleres os procedimentos de análise e aprovação de projetos, expedição de licenças e alvarás e de fiscalização.

17. Prospectar e atrair empresas e investidores com capacidade técnica e operacional para assumir a coleta, tratamento e destinação dos resíduos sólidos, e a reciclagem dos materiais com potencial de aproveitamento econômico.

18. Desenvolver estudos capazes de qualificar o Município a sediar um Polo da Indústria de Defesa.

19. Desenvolver uma ação coordenada perante o Governo Federal e o Governo de Goiás, para que a UFG, IFG e UEG priorizem a instalação de cursos de graduação e de pós-graduação nas áreas de exatas e tecnológicas, especialmente engenharias, física, química e matemática.

20. Implantar, em parceria com a UEG e Acia, um Banco de Dados econômicos e sociais capaz de ser o ponto de convergência para todas as pesquisas e levantamentos realizados no âmbito local, regional e nacional, disponibilizando-o para instituições públicas, privadas e para o público em geral.

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