Marconi Perillo rebate citações a seu nome feitas por ex-executivos da Odebrecht
Em entrevista coletiva realizada no final da manhã desta terça-feira (16.mai.17), o governador Marconi Perillo mostrou contradições, apresentou provas e derrubou ponto a ponto todo o conteúdo das citações dos ex-executivos da Odebrecht. Por mais de uma hora, Marconi respondeu a todas as perguntas dos jornalistas e, na abertura da coletiva, fez uma explanação para demonstrar a fragilidade das citações, apresentado as prestações de contas da campanha, vídeos e documentos para corroborar suas afirmações.
Marconi mostrou as contradições nos valores atribuídos ao suposto caixa 2, os diferentes apelidos atribuídos a ele, as fragilidades da argumentação sobre supostas vantagens, a falta de provas e o reconhecimento, por parte dos ex-executivos, de que a Odebrecht não obteve qualquer vantagem ou benefício no Governo de Goiás. Para cada ponto de sua explanação, Marconi apresentou as respectivas fragilidades e contradições.
“Em que pese nossa tranquilidade diante dos fatos e de nossa capacidade em comprovar o que estamos afirmando, é evidente que as citações me constrangem. Entretanto, tenho a cabeça erguida e a consciência tranquila de que não fizemos nada errado”, disse o governador. Não cometemos nenhum ato de corrupção e desvio, acusações que, é bom repetir, sequer constam nos pedidos de investigação. Mais do que isso: não recebemos nenhuma doação ilegal ou de caixa 2 nas campanhas”, afirmou Marconi, durante a coletiva.
Marconi reuniu a imprensa no 10º andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira e cumpriu o que havia prometido de assim que tomasse conhecimento do teor dos depoimentos do ex-executivos da Odebrecht, falaria do assunto publicamente.
Marconi fez uma ampla exposição inicial ao aos jornalistas: “Antes de tudo, é imprescindível lembrar que, em momento algum das citações dos ex-executivos da empresa, meu nome foi associado a casos de corrupção, propina ou vantagens pessoais. As injustas citações ao meu nome se restringem à suposta prática de caixa 2, que absolutamente também não aconteceram. Evidentemente, é preciso que essas menções sejam esclarecidas, e é por isso que estou aqui hoje à disposição de vocês”, disse.
Marconi enfatizou que é fundamental ressaltar, na maioria dos fatos narrados pelos ex-executivos da Odebrecht, “seja até difícil saber a quem responder, tamanha são as incoerências e as divergências de informações percebidas entre os diversos depoimentos”.
Uma delas diz respeito às doações do Grupo Odebrecht, cujos valores cada delator apresenta valores e versões divergentes. “As versões não batem, e não batem justamente porque são acusações que não têm amparo da verdade”, assinalou. Segundo Marconi, são inconsistências tão graves que foram inclusive objeto de matérias na imprensa nacional, a exemplo da Folha de S. Paulo, que mostrou lacunas inexplicáveis nas delações, especialmente em relação à Goiás.
Quando apresentou aos jornalistas o primeiro vídeo com depoimentos dos delatores, Marconi mostrou que no caso específico do Grupo Odebrecht, em 2010, eles contribuíram com nossa campanha, com um valor de R$ 300 mil, em doações legais, declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral.
Depois, na eleição seguinte, em 2014, a construtora foi procurada novamente em busca de contribuição para a campanha. “As doações do Grupo somaram R$ 2 milhões e 200 mil. Também doações legais, dentro do que permitiam a legislação à época, declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral”, relatou.
Sobre supostos diálogos com os ex-executivos da Odebrecht, Marconi disse que em nenhuma das ocasiões tratou de valores de doação com nenhuma empresa ou pessoa que pudesse contribuir com nossas campanhas. “Sempre me reservei, quando tratei das doações, a apresentar nosso pedido. E isso, inclusive, fica claro no conteúdo das colaborações dos ex-executivos da empresa”. Ele ressaltou que, é bom que se diga, nas duas campanhas, tanto em 2010 quanto em 2014, as contribuições de campanha por parte de empresas eram plenamente permitidas pela Justiça Eleitoral.
Portanto, explicou, foram procuradas, nas duas eleições, empresas e pessoas que tinham condições econômicas e que acreditavam no desenvolvimento de Goiás para que pudessem contribuir com as campanhas de forma transparente e legal. E por que a Odebrecht foi procurada? Marconi explicou: “A Odebrecht era uma das maiores empresas do Brasil. Sempre fez doações a campanhas e era natural que, entre tantas empresas que procuramos para contribuir com nossa campanha, procurássemos também a Odebrecht. Aliás, como fizeram todos os meus adversários em 2010 e em 2014 e a grande maioria dos candidatos país afora.
Segundo ele, foi assim que, em 2010, a Odebrecht foi procurada, entre as diversas empresas com as quais estivemos para tratar do assunto, a exemplo da Ambev, Bradesco, Itaú, Votorantim, Gerdau, Novo Mundo, Hering, BR Foods, Teuto, BMG e tantas outras, para verificar o interesse em participar da nossa campanha e fazer doações.
O mais importante, de acordo com Marconi, é que tanto no governo no período de 2011 a 2014, quanto no atual governo, não houve um gesto de favorecimento a qualquer empresa. Nenhum movimento de contrapartida, que pudesse induzir a qualquer prática ilegal da nossa parte. Irei detalhar mais à frente, mas isso já fica claro também nos depoimentos dos ex-executivos.
Marconi respondeu prontamente a acusação de que teria pedido R$ 50 milhões para a campanha eleitoral de 2014. “Um fato absolutamente falso, que não encontra qualquer fundamento na lógica ou na verdade. Eu nunca tratei de valores específicos de doações de campanha com ninguém, com nenhum proprietário ou executivo de qualquer empresa”, insistiu.
Além de ressaltar que a acusação não tem o menor cabimento, Marconi indagou: “Como iria pleitear um valor altíssimo como este se a previsão de gastos com minha campanha era de 30 milhões e somando as candidaturas majoritárias, governador e senador, não chegamos a 50 milhões?”. Naquele ano, explicou, somadas, as campanhas majoritárias na nossa coligação em 2014 totalizaram R$ 34 milhões, como mostra os dados oficiais da Justiça Eleitoral. Ele observou ainda que seria risível pensar que teria sugerido uma doação no montante de 50 milhões para uma única empresa. “No máximo posso ter comentado em alguma conversa, o valor global do que imaginava gastar no conjunto da campanha eleitoral de 2014, considerando todas as candidaturas”, frisou.
O governador enfatizou ainda que nenhuma das denúncias de corrupção, desvios, fraudes e pagamento de propinas envolvendo a Odebrecht se estende ao Governo de Goiás. “O grupo não tem nenhum contrato de obras celebrado com a administração estadual. No nosso governo anterior, investimos mais de 6 bilhões em obras e a Odebrecht sequer participou de concorrências entre as centenas de licitações para obras civis e de infraestrutura abertas pelo Governo de Goiás. E olha que foram licitações de monta, disputadas por empresas de 14 estados diferentes”.
Em relação a suposto favorecimento à Odebrecht nas subdelegações da Saneago, o governador explicou que quando surgiram as primeiras delações, parte da imprensa especulou que a Odebrecht teria feito doações a sua campanha interessada nas subdelegações de esgoto da Saneago nos municípios de Aparecida, Rio Verde, Jataí e Trindade. Outro equívoco, facilmente esclarecido. “Documentos mostram que essa subdelegação teve os procedimentos iniciados em 2009, quase dois anos antes de eu assumir o governo. Quem conhece a legislação sabe que, por força das regras, as companhias estaduais de saneamento são obrigadas a proceder com os contratos de subdelegação quando assim for o desejo dos municípios, que é, no final das contas, o concedente”, afirmou Marconi, lembrando que partiu desses municípios o desejo de fazer a subdelegação a uma empresa privada, uma vez que a Saneago não tinha os recursos necessários para fazer os investimentos que os municípios exigiam. “Se a Saneago não fizesse a subdelegação, os municípios fariam por conta própria e a Saneago sairia no prejuízo”, observou.
A subdelegação da Saneago nos municípios de Aparecida de Goiânia, Trindade e Jataí, foi feita através de uma licitação, onde a vencedora, a Odebrecht, pagou um ágio de mais de trezentos por cento sobre o valor original. O valor pedido na licitação para a subdelegação era de 90 milhões. O lance da Odebrecht foi de 276 milhões, quase 186 milhões a mais. “Ora, se houvesse algum arranjo de favorecimento, porque a Odebrecht daria um lance tão alto?”, indagou Marconi. Quanto às subdelegações no Entorno de Brasília, que não se configuraram, o governador assinalou que a Saneago apresentou um parecer contrário a essa subdelegação, por entender que já havia recursos no PAC destinados às obras e também duas excelentes parcerias com a CAESB: Sistema de Esgoto de Águas Lindas e Sistema Produtor Corumbá IV, e que, portanto, não seria necessária a subdelegação. Com isso, mandei encerrar o assunto, em 2015. “A decisão foi exclusivamente técnico-financeira”.
Em relação às obras do VLT, Marconi explicou que nunca houve qualquer ação de favorecimento por parte do Governo de Goiás à Odebrecht. E também nesse caso, os próprios ex-executivos da empresas foram claros em dizer que não houve favorecimento ou contrapartida, até porque o VLT é uma Parceria Pública Privada proposta por um grupo de empresas, que inclui algumas empresas goianas. “E como tal a busca por recursos, em sua essência, caberia a essas empresas”.
Antes de abrir a entrevista para perguntas do jornalistas, Marconi afirmou que em que pese sua tranquilidade diante dos fatos e da capacidade em comprovar o que está afirmando, é evidente que as citações o constrangem. “Entretanto, tenho a cabeça erguida e a consciência tranquila de que não fizemos nada errado. Não cometemos nenhum ato de corrupção e desvio, acusações que, é bom repetir, sequer constam nos pedidos de investigação. Mais do que isso: não recebemos nenhuma doação ilegal ou de caixa 2 nas campanhas”, sublinhou, acrescentando que, às vezes, era acusado de fazer campanhas caras. “O que sempre ocorreu é que sempre fiz campanha transparentes, declarando todos os gastos, sem caixa 2”.