Falta de água: Saneago refaz promessas com Anápolis
Presidente da estatal, Jalles Fontoura, afirma em audiência pública na Câmara Municipal que recurso financeiro para ampliação do sistema de água em Anápolis pode vir do BNDES
MARCOS VIEIRA
Chamado pelo governador Marconi Perillo (PSDB) para presidir a Saneago em fevereiro, depois de a estatal ser alvo de operação da Polícia Federal, o ex-prefeito de Goianésia Jalles Fontoura devolveu a devida credibilidade ao cargo. E foi com seu costumeiro tom conciliador e sua experiência política, além de conhecimento técnico (ele é engenheiro), que Jalles conversou com os vereadores de Anápolis, na última quinta-feira (25), em audiência pública na Câmara Municipal proposta pelo petista Lisieux José Borges.
Jalles Fontoura assumiu alguns compromissos com os vereadores. Prometeu estar na cidade uma vez por mês para debater as intervenções que visam melhorar o saneamento básico local. “Essa iniciativa da audiência pública é muito interessante porque é uma oportunidade de mostrar o que estamos fazendo, discutir os problemas de forma transparente”. O presidente da Saneago respondeu todos os questionamentos dos vereadores e de cidadãos presentes na audiência.
Jalles também prometeu levar em consideração uma sugestão do vereador Antônio Gomide (PT), de que é possível aumentar a vazão do sistema Daia, sem prejuízo para o distrito agroindustrial e com ganhos para os bairros atendidos, em um total de 51, o que representa 20% do total da cidade. O presidente da Saneago disse que desde que assumiu a estatal, passou a pagar em dia para a Codego a água comprada da ETA do Daia. Segundo a gerente da Saneago em Anápolis, Tânia Valeriano, a estação de tratamento produz hoje 170 litros de água por segundo.
Gomide comentou que essa maior utilização da água do Daia seria uma alternativa mais viável que outra proposta feita pela Saneago ao prefeito Roberto Naves (PTB), de perfuração de poços artesianos em alguns pontos da cidade, para amenizar a estiagem deste ano. O vereador citou que ação semelhante foi feita ainda na época do prefeito Wolney Martins, sem sucesso.
Jalles Fontoura trouxe uma informação inédita aos vereadores. Ele disse que a Saneago não tem problema de crédito e por isso não teria necessidade de ter parte dos R$ 118 milhões necessários para as obras em Anápolis avalizada pela Prefeitura de Anápolis. Roberto Naves se mostrou disposto a contrair empréstimo de até R$ 50 milhões, que seriam quitados mensalmente pela Saneago, com o objetivo de agilizar o serviço.
Jalles revelou que o caminho seria o BNDES, que já abriu as portas para a estatal. “A Saneago tem ativos, por isso os bancos estão oferecendo recursos para a empresa, que tem um patrimônio líquido de R$ 2,7 bilhões e teve lucro de R$ 147 milhões em 2016”.
O presidente falou ainda que quer trabalhar para que Anápolis tenha o sistema de água e esgoto universalizado em quatro anos. “O propósito é levar durante o mandato do prefeito atual [Roberto Naves], 100% de água e 100% de esgoto à disposição da população, porque a cidade não deixa de crescer”, frisou Jalles, em entrevista à imprensa.
O vereador Lisieux Borges disse que a presença no plenário Teotônio Vilela de profissionais que tem poder de resolutividade na Saneago, principalmente o presidente Jalles, convalida compromissos já assumidos com a cidade e que precisam ser resgatados de forma urgente. “Entendemos que dos serviços essenciais à população, o saneamento básico seria o mais importante”, frisou o vereador.
Estiveram presentes na audiência, além da gerente da Saneago em Anápolis, Tânia Valeriano, alguns diretores da empresa: Fausto Batista (Ações do Interior), Juliana Matos (Expansão) e Marco Túlio (Produção). Tânia fez uma exposição sobre o sistema atual na cidade, informando a quantidade de água produzida e os entraves e as soluções buscadas nos últimos anos para o aumento da oferta do produto nas torneiras dos cidadãos.
Lisieux lembrou que a falta de água é um dos principais problemas enfrentados pela sociedade anapolina, agravado de maneira considerável no período de estiagem. Seu discurso foi reforçado por todos os vereadores que participaram da audiência – um quantitativo considerável. Os parlamentares levantaram em seus pronunciamentos diferentes vertentes do tema, mas a pergunta principal foi única: quando a Saneago resolverá definitivamente a questão do desabastecimento frequente em grande parte dos bairros de Anápolis?
Lisieux Borges também ressaltou a necessidade de universalização do esgoto. Ele informou que as obras na região sul, por exemplo, estão atrasadas e havia uma promessa, não cumprida, de que a cidade teria 90% deste tipo de rede até o final de 2014. O presidente Jalles Fontoura confirmou a importância dessa preocupação do vereador. “Fala-se muito da água, mas o esgoto é fundamental, sobretudo quando se pensa na preservação ambiental”, reforçou.
O presidente da Câmara Municipal, Amilton Filho (SD), também esteve presente na audiência, juntamente com os seguintes vereadores: João da Luz (PHS), Mauro Severiano (PSDB), Pastor Elias Ferreira (PSDB), Antônio Gomide (PT), Deusmar Japão (PSL), Luiz Lacerda (PT), Elinner Rosa (PMDB), Jean Carlos (PTB), Teles Júnior (PMN), Vilma Rodrigues (PSC), Domingos Paula (PV), Lélio Alvarenga (PSC), Professora Geli Sanches (PT) e Leandro Ribeiro (PTB). O Poder Executivo municipal foi representado pelo secretário de Meio Ambiente, Daniel Fortes.
Sistema
Sistema Piancó – atende 80% da cidade (201 bairros)
Sistema Daia – atende 20% da cidade (51 bairros)
Seis sistemas independentes
Cinco distritos atendidos pelo sistema de poços
Captação
Piancó 1: produz 850 l/s
Piancó 2: produz 500 l/s (é usado em períodos críticos)
Daia: produz 170 l/s
Reservação
São 72 reservatórios, em 43 áreas, atendendo 246 bairros
ETA
Localizada no Jardim das Américas
Água é bombeada até a ETA através de duas bombas, com tubulação de 800 mm de diâmetro por uma extensão de 10 km
Perdas
Índice de perda da água com vazamentos: 53%
Vazamentos sanados em 2016: 1890