Salvem os honestos | por Marcos Vieira
A próxima disputa eleitoral será um teste definitivo para os políticos de carreira, sejam eles honestos ou encrencados com a Justiça. A tendência é que muitos serão barrados nas urnas e a depender do tamanho disso, esse será mais um efeito nefasto da corrupção na vida pública brasileira. O único pedido a ser feito, então, é que salvemos os bons políticos.
É lógico que cabe a cada um identificar quem presta ou não antes de votar, o que é muito simples nos dias de hoje. Navegue na internet, consulte sites confiáveis, visite o histórico de pronunciamentos do candidato – no caso de ele buscar a reeleição – ou procure saber da biografia dos novatos. A nota de corte é a honestidade. Sem ela, exclua o político das suas possibilidades, seja ele irmão da igreja, amigo de infância ou garantidor de emprego para eleitores.
Feito o primeiro teste, tente saber um pouco qual é a ideologia do seu possível preferido, quais são seus planos para o mandato e, importantíssimo, com quem ele anda. Companhia é fundamental na política e a gente tem visto isso. Geralmente é o assessor, o primo ou a irmã que ajudam a fazer o jogo sujo, que carregam as malas de dinheiro da propina e que participam de reuniões escusas como representantes do malandro. Fuja desses e há exemplos demais provando que eles não são bons para cuidar dos rumos do país.
Observe os que estão há muito tempo na vida pública e nunca roubaram. Esses merecem uma avaliação mais detalhada – mas se é honesto e nunca fez nada, só recebeu salário e empregou uma penca de assessores, também não merece ganhar novo mandato. A inoperância no serviço público também empurra o Brasil para baixo, também faz pessoas morrerem de fome e por falta de saúde.
Outra questão fundamental é o bairrismo: procure conhecer candidatos da nossa cidade e dê preferência a eles, quando merecedores do voto, lógico. Ter uma bancada maior nos parlamentos seria o primeiro passo para que Anápolis voltasse a ter a força de outrora, quando qualquer pedido era imediatamente atendido pelos governantes.
A Operação Lava Jato precisa ter influência decisiva na disputa eleitoral do próximo ano, ceifando da vida pública quem cometeu crimes. Mas que usemos o remédio com a devida dose, sem provocar morte do paciente. Bons políticos precisam ser preservados porque eles serão, muito provavelmente, os exemplos a serem seguidos por novatos que devem chegar ao poder a partir de 2019. Leia mais, pesquise e questione. A política nunca foi tão suja, mas também nunca vivemos um período em que a necessidade de limpá-la estivesse tanto em nossas mãos e fosse, literalmente, uma questão de sobrevivência para todos.