Criança: eloquente presença

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IRON JUNQUEIRA

A criatura só terá força e beleza na sua personalidade, quando su’alma estiver repleta de amor.
E pureza de sentimentos e pensamentos.
Pureza é antônimo de sombras. Sombras são enfermidades internas. Emitindo sentimentos mesquinhos e pensamentos idênticos que, por sua vez, produzem tristezas e desgostos, aflições e desventuras…
Pessoas há que, de tão sombrias interiormente, não irradiam simpatia exterior.
Grandeza interna representa grandeza externa.
Luz interior é também luz exterior.
Porque todos nós externamos por fora o que somos no íntimo.

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E dentre as pessoas representantes da grandeza externa são, na sua maioria — os pequeninos: as crianças.
De tão puras — irradiam pureza.
De tão pequenas — irradiam grandeza.
Não vibram ódio, não alimentam recalque, não emanam nada de impuro e sombrio.
A sua graça, a sua candura, a sua bondade, a espontaneidade, representam uma amostra do que exige Deus de todos nós — que sejamos, quais as crianças, despidos de vaidade e orgulho, de arrogância e mesquinharia. Que não alimentemos, como os pequeninos, os sentimentos inferiores que geram consequências imprevistas, no sentido de não irradiarmos antipatias nem vibrações menos dignas, por isto o “enquanto não vos tornardes pequeninos como essas crianças, não entrareis no reino dos céus”, mencionado pelo Cristo de Amor.
Difícil sejamos crianças, parece.
Mas as crianças, para serem adultos, não encontram dificuldades, como encontramos nós, adultos, para nos tornarmos crianças.
Os pequeninos apenas aguardam o rolar do tempo, emanando graça e grandeza, através de sua inocência provisória, estudando o a-b-c da cartilha para, mais tarde, experimentarem o abecedário da experiência.
Igualmente pode-se ocorrer conosco: enquanto rola o tempo, para nos tornarmos pequeninos — quer dizer: bons de sentimentos, como as crianças — urge estudemos o abc do amor na cartilha da fraternidade, despindo-nos de todos os sentimentos negativos, substituindo-os pelas vibrações mais puras e mais sublimes.
Esta a reação pela qual Cristo apontou a criança como exemplo do que devemos ser, no que toca à grandeza e ao crescimento de nossas almas, em demanda da evolução, que nos levará à felicidade maior, que tanto buscamos.

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Após discorrermos sobre gente grande, tendo como exemplo os pequeninos, falemos deles agora, mesmo porque são eles merecedores do nosso mais profundo respeito. Não pelo motivo de nos servirem de modelo, moral e espiritualmente falando. Nem porque são eles — os pequerruchos — os representantes simbólicos da candura entre nós, sombrias criaturas adultas.
Merecem as crianças o nosso mais sincero respeito não pela sua condição de crianças, nem pelas virtudes de que são portadoras.
Merecem nosso respeito não porque são belas, nem porque são alegres e boníssimas. Não porque são puras e pequenas.
Merecem elas o nosso mais franco respeito e consideração, não porque foram apontados pelo Cristo como exemplo aos adultos. Nem porque são nossos filhos, irmãozinhos, primos ou conhecidos. Por nada disso.
Merecem-nas o nosso mais profundo respeito porque são os mais capacitados portadores da luz dos céus — entre as sombras da humanidade.
Merecem o nosso mais vibrátil amor porque, à sua presença, apenas estaremos envoltos em vibrações salutares, porque puras, santas…
Merecem o nosso mais profundo enternecimento porque transmitem alegria e esperança, porque irradiam um pouco daquilo que é o clima da Espiritualidade Superior, onde gozaremos a felicidade que buscamos apenas quando nos tornarmos pequeninos como esses pedacinhos de gente — imitando-os em sentimentos, porque, na terra, se ainda resta uma luz apontando para Deus — essa luz é o coração de uma criança, onde o amor verdadeiro e santo vibra com toda a sua intensidade, distribuindo essências divinas, para as aflições dos adultos.
Criminoso e inconsequente é aquele que manchar a alma inocente de uma dessas crianças, através de palavras ou gestos mesclados de sombras, porque o mau exemplo fica gravado nessas personalidades em formação.
Tanto é que a advertência do Cristo, neste momento, se faz necessária:
— “Ai daquele que manchar a pureza desses pequeninos, porque, se o céu está presente entre vós, é através dessas crianças…”.

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Aprenda, com isso, a respeitar e a amar todas as crianças, meus amigos.
E ei-las por todos os lados, representando as virtudes que nos faltam, e distribuindo a alegria e a humildade, a conformação e a simplicidade que ainda não vibram em nossas almas…
Ei-las no seu lar — como anônimo anjo velando, com sua simples presença, o equilíbrio de seu lar.
Ei-las na casa do vizinho, nimbando de alegrias corações amargurados…
Ei-las nos orfanatos, exemplificando todos os preceitos do Cristo, sem revolta e sem clamores, sem orgulho e sem vaidades…
Ei-las nos internatos — embora sempre incompreendidos, perdoando, sem quaisquer sintomas de ressentimentos, a todos os que não lhes sabem amar…
Ei-las pelas ruas brincando e saltitando pelas calçadas e jardins, bonitinhos, gordos e limpinhos…
Maltrapilhos, feios, pretinhos…
Descalços, famintos e sem brinquedos…
Esquecidos, adorados ou desassistidos…
Mas sempre com as virtudes no coração. Sempre com a luz do céu nas almas cândidas.
Sempre com um sorriso para nós. Sempre com sua presença imprescindível ao equilíbrio dos adultos.
Sempre com a mensagem de Deus para o homem.
Sempre recordando, a quem os vê, o conselho amável do Cristo: “enquanto não vos tornardes pequeninos como essas crianças, não entrareis no reino dos céus…”.

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