Anápolis já soma 47 novos casos de Aids entre janeiro e março

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Nos três primeiros meses do ano passado, 43 pessoas foram diagnosticadas com HIV; número registrado este ano é 9,3% superior

FLÁVIO MOBAROLI

A consciência sobre o perigo de se contrair Aids parece andar na contramão dos avanços alcançados na produção dos medicamentos. Cada notícia sobre uma nova droga que surge e garante ao paciente mais tempo e qualidade de vida, acaba relegando a prevenção, única forma de evitar a doença, a um plano sempre mais secundário.

Não é à toa que em Anápolis, somente nos três primeiros meses deste ano, 47 novos casos já foram diagnosticados.O número é ligeiramente superior àquele registrado no mesmo período de 2014, quando foram confirmados 43 novos pacientes soropositivos na cidade – aumento de 9,3% –, mas indica que as seguidas campanhas de conscientização não surtem o efeito planejado pelos órgãos de saúde.

Para a coordenadora do Programa DST/Aids em Anápolis, o aumento no número de pessoas infectadas é realmente preocupante, principalmente entre os jovens. “É na faixa dos 17 ao
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s 25 anos que observamos o maior crescimento desses registros”, detalha Juliana Lopes (Foto ), frisando que em todo o ano passado foram 147 novos casos da doença.

Além de um perfil associado à idade, Juliana Lopes explica que a infecção pelo HIV tem outra particularidade. Ano a ano é possível observar que os meses de janeiro e março são os que apresentam mais registros de novos casos da doença. “Percebemos que existe alguma relação com as festas de final de ano e o carnaval”, diz a coordenadora do Programa DST/Aids.

Juliana Lopes de Paula (12)

Desafios
Aids não tem cura e viver com a doença passa longe de ser uma tarefa simples. A medicação, embora mantenha o paciente vivo, costuma castigar o organismo e provocar uma série de efeitos colaterais como diarreia, vômitos, náuseas, manchas avermelhadas pelo corpo, agitação e insônia. Em longo prazo os antirretrovirais podem causar danos ao fígado, rins, fígado, ossos, estômago e intestino. Também podem alterar o metabolismo, provocando diabetes e lipodistrofia (mudança na distribuição de gordura pelo corpo).

“Mas o preconceito ainda é o aspecto mais complicado para o soroposito”, afirma Juliana Lopes. Ela lembra que o medo da não aceitação e das críticas faz com que o doente prefira não se expor e lamenta que ainda hoje muitas pessoas desconheçam as formas de contágio. “Já melhorou bastante, mas tem gente que ainda pensa que pode pegar a doença com abraço ou aperto de mão”, relata.

Inconsequência
Mesmo com a gravidade da doença, não é incomum entre os pacientes diagnosticados com HIV a despreocupação com a transmissão da doença. Atuando há 10 anos no setor de saúde, Juliana Lopes diz que o trabalho de orientação é priorizado, mas que nem sempre bem recebido. “Algumas pessoas querem apenas se tratar, ficar bem e viver com o máximo de qualidade de vida. Mas outras se revoltam por ter adquirido a doença e não se preocupam em transmitir o vírus”, lamenta.

Passo a passo
Na Unidade de Saúde IlionFleuy, antiga Osego, referência do Programa DST/Aids, a estrutura é dividida, basicamente, em dois núcleos. Primeiro, o Centro de Testagem e Acompanhamento (CTA), que recebe todos aqueles que querem fazer o teste. Uma vez confirmado o diagnóstico, a pessoa é registrada no programa e segue para oServiço de Atendimento Especializado (SAE).

Nele o paciente dispõe de acompanhamento odontológico, farmacêutico, psicológico, de enfermagem e médico, além de acesso a exames. “Trata-se de um processo que não deve ser interrompido. Com ele nós buscamos garantir o bem estar e a qualidade de vida da pessoa diagnosticada com HIV”, conclui Juliana Lopes.

A coordenadora do programa lembra que são atendidas em Anápolis pessoas das cidades que integram a Regional Pirineus, como Pirenópolis, Corumbá e Jaraguá, e também de Goiânia. Juliana Lopes explica que há relatos também de anapolinos que buscam tratamento na Capital. “Independente da escolha de local, quem teve alguma relação sexual sem proteção [do preservativo] pode e deve procurar uma unidade de saúde. Isso não se aplica apenas a quem está desconfiado, porque Aids não tem cara e o risco existe para todos”, finaliza.

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