Combate ao mosquito da dengue tem força-tarefa

Rua M.Neponucemo- Vila .Sta. Cecília      (2)

Soldados da Base Aérea somam força com agentes de saúde com objetivo de eliminar os focos da doença. Essa semana o trabalho aconteceu na região da Avenida Pedro Ludovico

FERNANDA MORAIS

Soldados da Base Aérea de Anápolis (Baan) reforçam as ações de combate ao mosquito transmissor da dengue na cidade. A Aeronáutica emprestou 10 militares para fazer parte de uma força-tarefa em conjunto com os agentes de saúde da Gerência de Controle das Doenças Transmitidas por Vetores (CDPV) do município. O objetivo principal da equipe é eliminar os focos da doença.

A parceria entre o poder público e a Base Aérea começou no dia 12 de maio e segue até o dia 6 de junho. As equipes de trabalho vão percorrer os bairros da cidade com maior incidência da doença. Durante a última semana, agentes e soldados concentraram os esforços na região da Pedro Ludovico. Na quarta-feira (20), por exemplo, os moradores do Jardim Santa Cecília receberam a visita e a orientação das equipes sobre como eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypti.

Uma das moradoras do setor, Maria Célia Lima, recebeu os agentes e lamentou a falta de cuidado que os vizinhos têm com o lixo doméstico. “Mesmo mantendo meu quintal limpo, sem nada que junte água parada, recebi os agentes porque sempre temos coisas novas a aprender. Infelizmente meus vizinhos não têm o mesmo cuidado com a limpeza”, disse a dona de casa, indignada ao mostrar que uma chácara abandonada ao lado de sua casa virou depósito de entulhos. Garrafas e fraldas descartáveis, restos de construção civil e até animais mortos são encontrados no local.

Além de informar sobre os cuidados que devem ser tomados com o lixo doméstico e a importância de não acumular água parada, os agentes de saúde e os soldados da Baan ainda têm o cuidado de recolher parte do lixo encontrado na rua. A gerente de Controle das Doenças Transmitidas por Vetores, Érica Rodrigues Dias Lopes, informou que em função do mutirão de limpeza, alguns moradores ligam no órgão solicitando serviço de limpeza em seus imóveis ou lotes sem edificações.

“O que é um absurdo. Eu já peguei endereço dessas ligações e fui até o local para ensinar como os proprietários devem cuidar de suas responsabilidades”, comentou a gerente, acrescentando que a maior dificuldade em controlar o índice de infestação do mosquito transmissor da dengue é a falta de consciência de boa parte da população. “Além de identificar o foco do vetor, nos preocupamos em orientar as pessoas sobre qual seu papel na luta contra a dengue”, falou Érica Rodrigues.

Ainda sobre limpeza, a gerente disse que o lixo continua como o grande vilão quando o assunto é dengue. Segundo ela, além de entupir bocas de lobo, provocar inundações e poluir os rios da cidade, a tampinha da garrafa de refrigerante jogada na rua é local adequado para a reprodução do mosquito. “E temos encontrado focos da doença em todos os setores da cidade, sejam bairros nobres ou mais afastados do Centro. O descarte incorreto do lixo realmente tem nos preocupado muito”, chamou atenção.

O supervisor de área da CDPV, João Batista, disse que apesar dessa falta de conscientização, a população anapolina tem recebido bem a visita da equipe e aceitado as orientações. Porém, apontou outro desafio dos agentes: a quantidade de casas desocupadas e lotes que estão fechados ou simplesmente abandonados. “Não podemos invadir. O ideal é que os donos desses imóveis nos procurem para tomar os devidos cuidados. De nada adianta fazer um mutirão em uma rua e deixar dois lotes e três casas sem a vistoria”, alertou.

Números
De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde, até o dia 13 de maio foram notificados 4.691 casos da doença na cidade dos quais 842 foram confirmados. Os bairros com maiores índices de infestação é a Vila Jaiara, seguido do Centro, Bairro de Lourdes e Jardim Alexandrina. Em nível de Estado, Estatísticas da Secretaria Estadual de Goiás, divulgadas no dia 14 de maio, informam que em uma semana foram registrados mais de dez mil casos suspeitos da doença. Ao todo, já foram feitas 108.328 notificações e 18 pessoas morreram após contraírem o vírus.

 

Inseticidas utilizados no combate à Dengue

Além do manejo que é o método mais eficaz no combate ao mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, há a aplicação de inseticidas que exterminam o vetor em fase larval.

Atualmente, com base nas portarias do Ministério da Saúde (MS), é empregado o larvicida pyriproxyfen. Ele é aplicado durante as visitas dos agentes de saúde em forma de pó, diluído em água utilização nos veículos fumacês, ou ainda em borrifações em locais públicos.

O temefós foi o primeiro inseticida utilizado para o controle do Aedes aegypti, mas desde 1999 se constatou que os mosquitos apresentavam resistência a ele, o que levou, em 2012, à recomendação para a interrupção do uso. O temefós foi utilizado restritamente em 2013 e a partir de 2014 seu uso foi desabilitado e introduzido o pyriproxyfen.

Todos os outros larvicidas recomendados pela Organização Mundial de Saúde para uso em água potável constam da lista de produtos que podem ser utilizados pelo Programa Nacional de Controle de Dengue.

Segundo Programa de Controle da Dengue, a dose para uso do pyriproxyfen, autorizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é de 0,01 miligrama por litro de água. Com isso uma quantidade muito pequena do produto é suficiente para tratar grande quantidade de água.

Para ilustrar, com um quilo de pyriproxyfen é possível tratar 500 mil litros de água. Em sua composição há areia de origem vulcânica (pedra-pomes ou pumice) associada a um surfactante, resultando em lenta diluição do produto na água e, portanto, mantendo se mantendo em estado sólido por no mínimo oito semanas.

Segundo padrões internacionais como o GDWQ – IPCS (traduzindo a sigla do inglês Guia para qualidade de água potável – Programa de Segurança em Produtos Químicos) da OMS, o produto foi considerado seguro para uso no controle do vetor Aedes aegypti, mas também, na quantidade recomendada, potável para o ser humano. A dose letal na ingestão seria de 5 mil miligramas por quilo do animal. Os indícios são de que a mesma quantidade seria danosa ao ser humano.

Tipo

Segundo os manuais de aplicação do MS, os larvicidas para o controle de mosquitos vetores são do tipo biolarvicidas, que inibem os hormônios que atuam no crescimento da larva, para que ela se torne mosquito.

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