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MARCOS VIEIRA

Estamos em crise e quanto a isso não há dúvida. E como o dinheiro público é de todos, portanto ninguém cuida, o governo federal resolveu cortar gastos quase seis meses depois de perceber que estava quebrado.

O ministro Joaquim Levy ficou gripado justo no dia da apresentação do pacote que reduziu os investimentos públicos em R$ 70 bilhões. Veja bem: era uma gripe, não dengue. E como ninguém pede atestado médico para o alto escalão, ficou por isso mesmo.

Em períodos de crise sempre surge alguém para ajudar a conduzir o País. Lula foi decisivo quando era sindicalista e comandou as mais importantes greves do Brasil, redefinindo o relacionamento entre empregados e patrões.

Ulysses Guimarães tomou para si a tarefa de construir a Constituição Federal pós-ditadura. Antes, com tantos outros, fez parte do movimento Diretas Já. No impeachment de Fernando Collor, surgiu entre os caras-pintadas Lindberg Farias (hoje um arremedo do líder estudantil daquela época).

Fernando Henrique Cardoso já era bem conhecido, mas ganhou popu 4000 laridade a partir do Plano Real, que colocou fim à inflação com dois dígitos mensais. Acabou mais querido que o presidente da vez, Itamar Franco. Tanto é que foi eleito duas vezes.

Estamos em crise, mas não surge ninguém para nos ajudar. Joaquim Levy precisa primeiro cuidar do próprio emprego. Lula vive para negar o que as operações policiais evidenciam. Aécio Neves às vezes se cansa da política e vai para o Rio de Janeiro em uma época que a oposição não deveria deixar Brasília, tamanha a carência que temos daqueles que possam vigiar o que o governo tem feito.

Eduardo Cunha? Renan Calheiros? Michel Temer? Esses só querem poder pelo poder. A garotada do Movimento Brasil Livre pode até render algo, mas nada que agrade a maioria. Talvez um Jair Bolsonaro júnior. Mais jovem significa mais tempo de vida para esbravejar, esbravejar e… só isso mesmo.

O grande legado dessa crise talvez seja uma melhor consciência do eleitor. Talvez, porque nem isso se espera com tanta firmeza, apesar da esperança. Que as pessoas passem a se organizar melhor, mesmo que seja em redes sociais, para reivindicar direitos e cobrar dos governantes.

É óbvio que tudo que foi dito por Dilma Rousseff na campanha eleitoral não era verdade. Por isso, e também por sua inércia, parece não haver chance de que ela salve a pátria. Estamos bem perdidos mesmo. E a bussola roubaram em um esquema qualquer.

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