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IRON JUNQUEIRA

Senhor! O sol mergulhava no horizonte e despedia seus raios vermelhos que inundavam de suava luz o Gólgota abençoado, onde o teu madeiro se levantava retendo o teu vulto triste.

Circundavam o cruzeiro a milícia de armas reluzentes, as mães aflitas, os velhos e crianças, e toda uma turba de sofredores que ficavam sem teu consolo, Mestre!

As rubras rajadas do sol poente desenhavam em teu semblante serena melancolia. Quantos olhares se debruçavam no teu vulto, e choravam com pena de Ti, Senhor…

Ao teu lado, retidos também em suas cruzes, os dois malfeitores completavam o quadro tristíssimo e inesquecível. Um dos teus companheiros de suplício blasfemava, encolerizado e sofrido.

O outro, porém, redimido ante à tua mansuetude e majestade, olhou-te, Querido Mestre, com Suprema Humildade, e crendo-te realmente o Mensageiro de Deus, compreendeu que retornarias aos Albores Siderais, e pensando jamais merecer a ventura que te aguardava no seio do Grande pai, de olhos lavados de pranto, coração saltitante, e tão feliz se sentia que esquecera, por instantes, do próprio infortúnio, e falou-te trêmulo, como se pretendesse te revelar o afeto que passava a te dedicar, daquele momento em diante:

— “Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino…”

Tu sorriste suavemente, acolhendo a mensagem de afeto que nascia de um coração sombrio, e debruçando no malfeitor teu olhar cheio de doçura, falaste-lhe complacente, convidando-o para o teu seio:

—“Dimas, hoje mesmo estarás comigo no Paraíso…”

O convertido do calvário, ao receber do teu amor a essência do Perdão e o lume da Nova Trilha, expirou tranquilo e feliz, com um brando sorriso, como o segredar, do mundo, a descoberta de uma grande ventura.

*        *         *

Senhor! Há dois mil anos o Gólgota foi palco do fato inesquecível, e ainda hoje lá permanece no topo do grande monte, que se levanta na alma de cada um de nós…

Na altura imensurável do nosso Gólgota, estás a esperar, tranquilo e silencioso, que escalemos a montanha das nossas imperfeições e cheguemos, redimidos, a teus braços…

E sempre que nos revoltamos e caímos, que erramos o passo e voltamos à base da montanha, e sempre que, então reiniciamos a escalada, a tua paciência e a tua bondade, na esperança de nos envolverem um dia, repetem-nos as palavras do Calvário, pedindo a Deus nos olvidar as fraquezas:

—“Pai, perdoa-os… Eles não sabem o que fazem…”

E se, vacilantes, recomeçamos, outra vez a subida, continuamos a ouvir, no íntimo de nossas almas, a tua mensagem de fé, esperança e coragem:

— Prossegue! Prossegue! Parece difícil a escalada, mas Eu nunca te abandonarei, porque…

…EU SOU O TEU CAMINHO!

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