A cada dez notificações de dengue, sete são positivas

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Ovos do Aedes aegypti alojados na borda de recipientes ainda são perigosos, pois basta uma única chuva para que eles eclodam e, com isso, nasçam novos mosquitos da dengue

FERNANDA MORAIS

Apesar das campanhas constantes realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde, através da Coordenadoria de Controle de Doenças Transmitidas por Vetores (CCDTV), o número de casos de dengue registrado em Anápolis de janeiro até o dia 9 de julho é impressionante. Segundo a Vigilância Epidemiológica, até essa data foram 9.132 pessoas registradas com suspeita da doença. Deste total, 6.399 tiveram seus casos confirmados, o que dá 70,07% das notificações diagnosticadas como positivas.

A coordenadora do CCDTV, Érica Rodrigues Dias dos Reis, diz que apesar do número ser alto, o surto da doença já era esperado, principalmente nos meses mais chuvosos. Segundo ela, infelizmente a população anapolina ainda não se conscientizou que para combater o Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença, é preciso eliminar os seus criatórios.

“É não deixar vasilhas ou qualquer recipiente que acumule água parada. Outro grande problema que temos na cidade é a falta de cuidado com lixo doméstico. É incrível, mas em muitos quintais de casas que visitamos ainda encontramos entulhos de todas as espécies servindo de criadouro de mosquito da dengue”, lamenta a profissional.

Érica Rodrigues lembra que no mês de maio, ainda durante o período chuvoso, soldados da Base Aérea de Anápolis (Baan) somaram forças com os agentes comunitários de saúde para realização de um mutirão de limpeza nos setores onde foram confirmados mais casos da doença. “Uma semana depois de passar de casa em casa nesses bairros, nós voltamos a esses locais para ver se a manutenção da limpeza estava sendo feita. E ficamos indignados de ver que teve gente que buscou o lixo que tínhamos colocado na rua de volta para os quintais”, comenta.

A questão do manuseio incorreto do lixo, somada a dificuldade de conseguir manter os lotes ou terrenos abandonados limpos, e a não preocupação das pessoas em relação a água parada, são desafios para os agentes comunitários no controle e combate à doença. Agora, com a chegada do período de estiagem, acontece a redução nos casos de dengue. Apesar de o fator climático colaborar para essa queda nas estatísticas, a coordenadora de Controle de Doenças Transmitidas por Vetores faz um alerta.

“Os ovos do mosquito continuam alojados nas bordas dos recipientes que acumulam água parada. A primeira chuva que cair já será o suficiente para esses ovos eclodirem e dar vida ao mosquito. Pode-se até observar que de sete a dez dias após o início das chuvas já começamos a registrar novos casos da doença na cidade”, atesta.

 

Check-up

Érica Rodrigues orienta que cada pessoa tire dez minutos da semana para fazer um check-up em casa. O objetivo, segundo ela, é que cada família se responsabilize pela limpeza do seu ambiente de convivência. A dica é verificar calhas, tampas de caixas d’água, ralos e sanitários de banheiros que não são utilizados e manutenção de piscinas. “E claro, cuidar do lixo e evitar acúmulo de entulhos nos quintais. O mosquito se reproduz até em gotas de água parada dentro de tampas de garrafas de plástico”, mostra.

Érica Rodrigues diz ainda que vizinhos de lotes, e até mesmo de casas abandonadas, podem entrar em contato com a Coordenadoria de Controle de Doenças Transmitidas por Vetores para que seja feita a averiguação do ambiente. Segundo ela, os agentes comunitários do órgão têm a missão de ir até esses locais e recolher todos os possíveis criatórios do mosquito da dengue. “Mas já adianto que não faz parte do nosso trabalho fazer a roçagem do mato. A população muitas vezes confunde as nossas obrigações que é de orientar e ensinar a população a eliminar o Aedes aegypti e não fazer a limpeza de quintais de casas e lotes sem edificações”, conclui a profissional.

 

 

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