Mais e mais violentos
Editorial
Segundo o filósofo Jean-Paul Sartre, a violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota. Vivemos, portanto, pequenas e grandes perdas no nosso dia a dia. Acordamos com a incerteza de que poderemos ou não terminar nossa jornada diária vítimas de um ato violento.
Desde outros tempos, ouvimos dizer que bandidos estão cada vez mais agressivos. Nossos pais já reclamavam disso, embora não com a veemência que essa geração se queixa do problema. Isso porque de fato vivemos uma época em que o crime passou a ser motivo de orgulho para alguns e os malfeitos passaram a contar pontos, numa espécie de currículo que serve para galgar espaços na facção criminosa, tal qual acontece no mundo empresarial comum.
Crime ocorrido na noite de segunda-feira, 3 de agosto, em Anápolis, mostra o quanto a violência foi banalizada. Dois adultos e um menor abordaram uma senhora de 46 anos no estacionamento de uma churrascaria da cidade. O trio queria levar o carro e a mulher ficou nervosa, não conseguiu pegar a chave com rapidez de dentro da bolsa. A demora foi suficiente para ela ser agredida. Com um chute, um dos bandidos quebrou a perna da vítima.
Em outros tempos, bandidos obedeciam a um código: mulheres e crianças não eram agredidas. Há resquícios dessa conduta nos presídios, no tratamento violento dado pelos detentos a estupradores e pedófilos. A coisa para por aí. Movidos por uma impunidade cada vez mais presente, criminosos agem da forma que bem entendem. Batem em mulher, criança, idosos, executam pais de família, destroem patrimônios que demoraram décadas para serem construídos.
A sociedade não pode se calar, se fechar em um conformismo que só amplia os poderes de quem pratica o mal. O desânimo por termos leis tão frágeis pode ser aplacado diante do trabalho da polícia. No caso relatado nesse texto, o trio acabou preso na mesma noite que bateu na mulher vítima de assalto. Infelizmente, os três acabarão soltos em pouco tempo e voltarão a praticar crimes. Resta-nos o desalento.