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MARCOS VIEIRA

O presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, tenta guiar o Brasil para o abismo do alto da mesa diretora do poder que comanda porque se transformou em inimigo da presidente Dilma Rousseff. Criou a chamada pauta-bomba, mas uma expressão que Brasília oferece ao restante do País, como mensalão, petrolão e governabilidade – essa última até existe no dicionário, mas ficou popular mesmo quando FHC chamou ACM para conversar e, depois, quando Lula abraçou José Sarney e Fernando Collor.

Cunha parece estar perdendo força. Dilma pediu a Michel Temer para cuidar da articulação política e o vice-presidente é bom de bastidores. Essa semana o acordo foi fechado com o presidente do Senado, Renan Calheiros. Diante de uma Câmara Federal raivosa o antídoto seria um Senado governista, capaz de barrar qualquer projeto que prejudique um governo que só recicla promessas antigas e as vende como pacotes que vão conduzir o Brasil à prosperidade.

Resta saber o quanto custará a Dilma Rousseff esse apoio de Renan Calheiros. O que se teme é que o preço da ajuda na crise seja mais caro do que na época da calmaria. E se o PMDB – partido de Calheiros e Temer – já cobrava muito para seguir ao lado do PT em dias de popularidade em alta, agora parece que esse valor será excessivamente caro.

Antes de 2015 o jogo em Brasília era menos descarado. É lógico que qualquer gesto tinha como objetivo, lá no fim, aumentar o poder, mas parte do tempo dos políticos ainda era voltada para a sociedade, para estudar projetos e trabalhar ações de interesse da coletividade. Hoje nem isso. A briga é generalizada. Muitos querendo se salvar, outros querendo afundar adversários e a maioria pensando como tirar proveito da baderna.

Membros da oposição disseram essa semana que não possuem a obrigação de pensar em soluções para o fim da crise no País. É óbvio que esse papel cabe àqueles que estão no comando da máquina pública, mas é isso que os eleitores esperam de quem recebe salário pago com recursos públicos? Uma união de esforços é algo utópico. O PT mesmo, quando era oposição, não relutou em refutar qualquer ação para levantar o governo depois do impeachment de Fernando Collor. Mas os tempos não são outros? Aprendemos com os erros? A democracia amadureceu?

O Brasil sairá da crise porque é natural do brasileiro superar adversidades. E em uma era em que tudo é registrado, até de forma massacrante, será possível saber o papel de cada um durante a tormenta. Esse será nosso parâmetro em 2018.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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