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Editorial

Qual o País que vai surgir depois dessa crise? Na área econômica, com maior ou menor sacrifício, surgirão dispositivos que vão frear a repetição dos erros atuais, mas certamente outros vão surgir. Tempos de bonança vem e vão embora, assim como tempestades também são passageiras na nossa vida.

O que se espera é um Brasil mais resistente à corrupção. As leis já existem, mas é preciso eliminar da vida pública aqueles que se especializam em burlar o sistema. É claro que é importante aperfeiçoar os mecanismos, mas a medida primordial seria expurgar com a cassação quem comete crimes contra os cofres públicos. Se a artimanha do político infrator é grande, e ele sobrevive no cargo, que seja expulso via eleição, não recebendo votos.

Que a crise também transforme o povo. Sejamos no futuro uma sociedade moralmente correta. Que não repitamos no nosso dia a dia o que execramos na classe política. Decretaremos o fim do jeitinho brasileiro naquilo que mais nos incomoda, que é o viés aproveitador, de passar o próximo para trás, de tirar vantagem de tudo.

Ainda somos um povo que saqueia carga. Ou seja, nos aproveitamos de uma tragédia – um acidente de trânsito – para roubar o que não nos pertence. Isso aconteceu no dia 28 de agosto, na BR-153, em Santa Tereza de Goiás, com uma carreta que transportava cervejas: após tombar na rodovia, 25 pessoas resolveram levar as garrafas em plena luz do dia. O saque sempre nos remete a um clima de desordem social. Infelizmente, é prática comum em rodovias brasileiras.

Esse é apenas um exemplo. A mudança de comportamento precisa ser bem mais profunda. Ainda dá tempo de darmos bons exemplos à próxima geração, abrindo mão de práticas que foram institucionalizadas em um País que sempre foi considerado do futuro, mas que perde seu tempo mantendo um comportamento retrógrado.

Essa depuração do jeitinho brasileiro não precisa ser traumática, mas que ao menos tenha início. Com mais educação, e moralmente corretos, avançaremos para um tempo com crises menos traumáticas.

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