INSS retoma atendimentos em Goiás; peritos seguem em greve

Após a suspensão da greve dos servidores administrativos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que durou 78 dias, o atendimento ao público foi retomado na manhã desta quinta-feira (1º), em Goiás. Apesar disso, muitos segurados ainda não conseguiram resolver seus problemas em função da paralisação dos médicos peritos, iniciada no último dia 4.

É o caso do pintor Dinaldo Hipólito Cardoso, de 29 anos, que precisa passar por uma perícia para receber o auxílio-doença. Ele sofreu um acidente de moto no último dia 7 de agosto e quebrou uma vértebra e uma clavícula. “Não consigo trabalhar e estou parado, sem receber nada. A situação está bem difícil”, disse.

Segundo ele, após inúmeras tentativas durante a greve dos servidores, conseguiu agendar o atendimento para esta manhã na agência de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Ele chegou bem cedo e aguardou por pouco mais de meia hora para ser recebido por um atendente, mas segue sem o benefício.

“Disseram que eu tenho que ser avaliado pelo perito, mas eles estão em greve, então, a situação só deve ser normalizada em dezembro. Mandaram agendar novamente pelo telefone 135. Mas vou passar fome até lá. Isso é um absurdo, pois eu estou doente e esse auxílio é meu direito”, reclamou.

Situação difícil também enfrenta o vigilante Jalis Tomaz da Silva, de 43 anos, que sofreu um acidente de trânsito. Ele conta que, apesar da greve, conseguiu agendar uma perícia médica para o último dia 23. No entanto, quando chegou até a agência do INSS, foi informado sobre a greve dos peritos e não foi atendido. Nesta manhã, ele voltou ao local e conseguiu marcar uma nova data, mas para o dia 9 de dezembro.

“Até lá, ficarei sem o auxílio-doença que eu preciso. Reclamei, disse que eles deveriam fazer alguma forma para repor os atendimentos e agilizar essa fila, mas a atendente me disse que, enquanto os peritos não voltarem, tenho que esperar. Não sei o que vou fazer, parado, com minha mulher desempregada. Não teremos nem como pagar o aluguel”, contou.

Peritos
A greve dos peritos começou no dia 4 de setembro, depois que os médicos e o governo não entraram em entendimento. A categoria pede uma reposição salarial de 27,5% em duas parcelas, a reestruturação da carreira, o fim da contratação de peritos terceirizados e a garantia de 30 horas de trabalhos semanais. Segundo a Associação Nacional dos Médicos Peritos em Previdência Social, ainda não há previsão de fim do movimento.

O médico perito Hugo Ludovico Martins, representante da categoria em Goiás, afirmou que 70% dos serviços do INSS envolvem os atendimentos dos médicos.

Os grevistas mantêm 30% dos servidores trabalhando para que a população não fique muito prejudicada, mas o atendimento é prioritário para idosos, pessoas com lesões graves e aqueles que ainda não receberam o benefício. “Atendemos só os casos mais urgentes, mas continuamos de braços cruzados”, afirmou Martins.

O Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão informou que os “médicos peritos serão recebidos em breve na mesa de negociação, mas neste momento não há reunião agendada”.

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