ORISVALDO PIRES

Os efeitos das crises econômica e política que atingem os brasileiros estão em todos os cantos. Em Anápolis podemos percebê-los em inúmeras atividades, no setor produtivo, no poder público e na vida em geral das pessoas. Um município acostumado com os benefícios da produção em alta escala, do crescimento industrial, dos altos índices de arrecadação de impostos, de circulação de mercadorias e serviços, do PIB crescente e da geração de empregos, agora tem que se adequar à realidade da crise e assistir outros municípios crescerem mais rápido.

Há alguns dias, o prefeito João Gomes deu início a uma verdadeira cruzada pela retomada do crescimento econômico e social de Anápolis. O desafio é reencontrar o caminho dos investimentos da indústria que, devido a uma série de fatores somados, ocasionaram uma estagnação no processo de implantação de novas indústrias no município. Uma alternativa é a criação de um novo distrito industrial. Áreas em potencial já foram apresentadas e, para os próximos dias, espera-se algo mais concreto para viabilizar o projeto.

Na prestação de contas do segundo quadrimestre de 2015, realizada recentemente na Câmara Municipal, o prefeito João Gomes demonstrou preocupação com o déficit público, o “buraco” previdenciário que mensalmente tem que ser coberto pelo Município, e o consumo no limite da receita para pagamento de salários dos servidores. A indústria e o comércio reduzem investimentos e, como consequência, aumenta o índice de desemprego. A arrecadação de tributos como ICMS e ISS caíram sensivelmente em 2015, e a previsão para o ano seguinte é ainda mais difícil.

Quanto mais a gente ouve as análises e explicações dos especialistas da economia, sobre a crise financeira que ora enfrentamos, mais confuso fica o quadro. Ninguém tem certeza absoluta sobre como será o amanhã, especialmente pela contaminação deste cenário pelos interesses políticos, partidários e de grupos econômicos poderosos. Afinal, o país está às vésperas de mais um período eleitoral. Não bastasse isso, ainda paira nos bastidores a campanha quase que cega de parcela da sociedade em defesa do afastamento da presidente Dilma Rousseff.

Aqui repercuto a avaliação da economista para a América Latina da seguradora francesa Coface, Patrícia Krause, que credita às incertezas políticas que impedem a aprovação do ajuste fiscal o adiamento da recuperação econômica do país apenas para 2017. A economista projeta uma retração do PIB (Produto Interno Bruto) de 2,5% para o Brasil em 2015 e de 0,5% para o ano seguinte. Segundo seus prognósticos, a situação poderia piorar caso o país não consiga aprovar o ajuste fiscal ou se a crise política levasse a um afastamento da presidente. Segundo ela, isso aumentaria o quadro de incerteza, o dólar seria pressionado para cima e i impacto da valorização cambial seria sentido na inflação.

A moral dessa história é que, neste momento, os brasileiros devem apostar no equilíbrio de ações, sejam econômicas ou políticas, para sair da crise o mais rápido possível. Vivemos em um país em que as afrontas à Lei de Responsabilidade Fiscal, do início deste novo período democrático, são a regra e não a exceção. Uma recuperação segura não será alcançada de uma hora para outra, mas a médio e longo prazos. Nossas decisões devem ser guiadas pela razão, e não pela emoção.

 

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