Confinamento para 20 mil cabeças revela potencial da pecuária

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Trata-se de uma tendência de mercado, que garante lucro rápido em um mundo cada vez mais dependente da carne e dos grãos produzidos no Brasil. Isso amplia as expectativas

 MARCOS VIEIRA

 A cidade de Abadiânia, distante 37 km de Anápolis, ganhará em breve uma propriedade rural voltada para o confinamento de gado, que em quatro anos deve ter capacidade para engorda de 20 mil cabeças de animais, em dois ciclos por ano. Trata-se de uma tendência de mercado, que garante lucro rápido em um mundo cada vez mais dependente da carne e dos grãos produzidos no Brasil.

O projeto do confinamento tem a frente o engenheiro agrônomo Edison Castelano, que veio de Americana (SP) para Goiás para colocar em prática esse sistema de engorda de gado, em uma região entre dois grandes centros consumidores, Goiânia e Brasília, com logística e localização estratégicas para escoamento da produção e mão de obra qualificada para o trabalho no campo.

Castelano representa a Vitamins for Life do Brasil, empresa norte-americana de nutrição humana, que aposta pela primeira vez, na planta industrial montada junto ao confinamento em Abadiânia, na fabricação de ração animal. Serão feitos minerais, proteinados, rações prontas e suplementos de alto e baixo consumo para gado de corte e de leite. Cerca de 20% da produção será consumida pelo gado confinado. O restante vai ser vendido para o mercado brasileiro e exportado.

Mas por que investir no confinamento? Segundo Edison Castelano, porque o retorno financeiro é bem mais rápido em relação à engorda tradicional, em pasto aberto, já que o animal confinado chega ao ponto de abate em até 100 dias. Isso em se tratando de um setor, a pecuária, que cada vez mais cresce em todo o mundo, com os olhos voltados completamente para o Brasil.

Os dados da FAO (Food and Agriculture Organizartion) mostram que até 2025 a demanda global por alimentos crescerá 20% e o Brasil será responsável por atender 40% dessa necessidade. “Somos de fato o grande celeiro do mundo, tanto em grãos quanto em proteína animal”, frisa Castelano. Aliado a isso tem o custo mais barato da arroba nacional, imbatível entre todos os países produtores do mundo.

Expectativas

Essa garantia de competitividade que faz com que o confinamento e a fábrica de rações em Abadiânia estejam cercados de boas expectativas. Edison Castelano revela que inicialmente serão colocados 3 mil bois para engorda. A progressão promete ser rápida para que se alcancem as 20 mil cabeças em quatro anos. A área da empresa permite novos avanços, já que são 50 hectares de terra.

Edison diz que há uma preocupação com a sanidade do confinamento, que seguirá normas ambientais e de manejo do animal que garantem um produto final de alta qualidade ao consumidor brasileiro ou do exterior. Além da grande oferta e do preço, esse item é essencial para boa aceitável da proteína animal brasileira no restante do mundo.

A potencialidade da pecuária brasileira passa por um rebanho numeroso e de qualidade genética, recursos naturais invejáveis, como terra arável, água em abundância e clima adequado, até a auto-suficiência em pesquisa e desenvolvimento e a tradição no setor.  Essas questões são levantadas por Edison Castelano quando ele fala do empreendimento de Abadiânia. A demanda atual e a futura, identificadas em diferentes estudos, colocam o confinamento como uma opção segura e, principalmente, rentável.

Balança

Números da balança comercial goiana de setembro desse ano mostram a importância do complexo das carnes (bovinas, aves e suínas) para a economia local. Juntas, elas foram responsáveis por 25,74% de tudo que Goiás vendeu para o exterior.

Outras commodities de peso entram na lista dos mais vendidos para fora do Brasil: complexo soja (22,23%), milho (19,4%), ferroligas (8,52%), couros e derivados (4,56%), açúcar (4,54%) e ouro (3,87%).

Os chineses foram responsáveis por 16,6% das exportações goianas, enquanto os holandeses compraram 11,32% dos produtos fabricados em Goiás. A Coreia do Sul vem em seguida com 10%.

Por que produzir alimento?

A população mundial cresce ao ritmo de 213 mil pessoas por dia.

Até 2050, a população mundial chegará a 9,3 bilhões de habitantes. Isso demanda um enorme aporte de alimentos quando comparado à necessidade atual. As áreas de produção estão estagnadas desde os anos 50 (cerca de 600 milhões de hectares).

Até 2025 a demanda por alimentos crescerá 20% no mundo e o Brasil será responsável por atender 40% dessa necessidade.

Um em cada 4 grãos consumidos no mundo é produzido no Brasil.

Fonte: FAO

 

POTENCIAL

O diretor da VFL do Brasil, Edison Castelano, faz uma análise do cenário mundial para reforçar o potencial de crescimento da pecuária brasileira. Leia a seguir os principais pontos:

1. Maior produtor de carne do mundo, os Estados Unidos passam por uma redução drástica de plantel, ficando hoje com o menor rebanho dos últimos 60 anos. Isso faz com que a arroba do boi norte-americano ultrapasse os 100 dólares.

2. México e Canadá até poderiam abastecer o mercado americano, mas passam também por sérios problemas de redução de rebanho.

3. Há um consumo de carne bovina crescente no mercado internacional, com destaque para Oriente Médio, África e Ásia, que inclui o poderoso mercado chinês.

4. Existem problemas climáticos graves em vários países produtores.

5. Estoques mundiais de milho e soja, relativamente baixos, com previsões de consumo do mercado mundial em ascensão. O Brasil é o único país com possibilidade de áreas de expansão e potencialidade de aumentos de produtividades significativas.

6. População mundial crescente. Hoje somos 7 bilhões. Em 2050 seremos 9,3 bilhões de pessoas, mais urbanas, mais idosas, e com maior poder de renda, o que se traduz em consumo.

 

7. Entre os países produtores de alimentos, o Brasil apresenta o maior potencial de ganhos na agricultura e pecuária.

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