Comércio e setor de serviços têm ‘segurado’ crise

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Com a oferta reduzida, as seleções para contratação passam a ser mais rigorosas, cobrando do candidato ao trabalho experiência e ainda qualificação profissional

LUIZ EDUARDO ROSA

Na crise, há setores que ainda estão contratando? O secretário municipal de Trabalho, Emprego e Renda, Ilmar Lopes da Luz, cita as áreas do comércio e serviço como possibilidades em Anápolis para quem está fora do mercado. “Apesar de serem vagas que exigem baixa escolaridade, há qualificações pontuais no atendimento e conhecimento prévio do serviço ou tipo de estabelecimento que contrata”, afirma o secretário.

Ilmar Lopes apresenta os números de agosto do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) para apontar os setores da economia que não deixaram de contratar, mesmo com a recessão. Segundo ele, o comércio abriu 100 novos postos de trabalho na cidade no oitavo mês do ano; já o setor de serviços criou 254 vagas.

O comércio emprega principalmente nas áreas de atendimento e vendas, entendendo que o diferencial em um período de esfriamento do mercado é a manutenção da clientela e a busca de novos possíveis compradores. Como há uma redução da oferta de trabalho em toda a economia, naturalmente as vagas disponíveis passam a exigir mais.

A seleção se torna mais rigorosa no sentido de que exige de um candidato ensino médio, curso de qualificação ou experiência no ramo de atuação do estabelecimento. “São cursos de qualificação em atendimento ao cliente, vendas e outros pertinentes à atividade, que são necessários a este trabalhador e que serão decisivos para que o empregador contrate”, informa Ilmar Lopes. Os estabelecimentos comerciais com maior contratação são aqueles de gestão local, como padarias, armarinhos e lojas de médio porte.

Já o setor de prestação de serviços tem uma concentração maior na área de limpeza, com maior contratação por outros motivos diferentes da área do comércio. Após a reforma das leis trabalhistas requerendo a formalização dos empregados domésticos ou de limpeza, os empregadores preferem a contratação do serviço terceirizado ao invés de arcar com os benefícios trabalhistas e previdenciários atrelados à Carteira de Trabalho (CTPS). Tanto a formalização como os benefícios foram medidas aprovadas pelo Congresso Nacional e presidência da República a partir de maio deste ano. “Os contratantes com maior procura dos serviços terceirizados são condomínios, empresas de médio e grande porte e também domicílios com maior estrutura”, afirma Ilmar Lopes.

O mês de agosto, segundo dados do Caged, demonstrou o primeiro saldo total positivo após quatro meses negativos. Apesar isso, a indústria de transformação teve perda de 88 postos de trabalho. Já a construção civil fechou 57 vagas de emprego. A indústria segue em baixa desde abril: já são 818 postos fechados desde o quarto mês do ano. O setor de construção civil abriga uma derrocada na empregabilidade com saldos negativos desde fevereiro deste ano, com 388 desligamentos.

Para se ter uma ideia da situação de Anápolis, de janeiro a agosto deste ano foram 30.549 contratações contra 30.357 demissões. Uma das explicações para esses números seria a diminuição da rotatividade nas empresas. “O empregador está evitando lançar mão da rotatividade em vista dos custos que exigem a demissão e também os gastos acumulados com a formação dessa mão de obra”, aponta Ilmar Lopes.

Disciplina

Um dos grandes males apontados pelo secretário Ilmar Lopes, gerado a partir do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), é o fato de existir pessoas que permanecem contratadas em uma empresa somente até cumprir o período que lhe garanta o dinheiro do seguro desemprego.

Além de trabalhadores que praticavam isso de forma recorrente, ainda havia casos de má fé que eram gerados em uma combinação entre o empregado e o empregador. “Soubemos de trabalhadores que combinavam com o patrão para ficar seis meses na empresa com carteira assinada. Depois de receber os benefícios, ele seguia no posto, mas de maneira informal”, denuncia Ilmar.

O FAT pagou benefícios no ano passado em um total de R$ 25 bilhões. Mudanças na lei determinam agora que é preciso para receber o seguro desemprego, assinar carteira por pelo menos um ano – antes a concessão era dada a partir dos seis meses. Outra exigência foi a frequência em cursos profissionalizantes e de reciclagem no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). “Isso mudou o comportamento dos trabalhadores que contavam com esse benefício de forma perniciosa, tendo em vista também o período de crise e baixa contratação em muitos setores”, afirma Ilmar Lopes.

 

 

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