Reciclagem não chega a 1% do lixo coletado em Anápolis

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No ritmo de produção de resíduos sólidos de origem domiciliar em Anápolis, a vida útil do aterro cada vez mais diminui. Isso implica que haverá necessidade de investimentos

LUIZ EDUARDO ROSA

A quantidade de lixo produzida pelos anapolinos cresce a cada ano, reduzindo a vida útil do aterro sanitário e, para piorar o cenário, a coletiva seletiva tem papel pífio na limpeza urbana. A pedido do JE, a Diretoria de Gestão de Limpeza Urbana e Conservação de Praças (DLUCP), da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, fez um levantamento dos números do ano passado.

Os resíduos sólidos urbanos (RSU) recolhidos pela coleta pública durante todo o ano de 2015 somou aproximadamente 102 mil toneladas, sendo que em 2014 foram 101 mil toneladas. “Esta quantidade se refere somente àquilo recolhido dos domicílios”, afirma a diretora Sibele Maki. Já a coletiva seletiva, através da Coopercan e Copersólidos conseguiu recolher somente 923 toneladas, ou seja, menos de 1% se comparada com do total de resíduos sólidos.

“O sistema de coleta seletiva é como se fosse uma corrente, quando um dos elos enfraquece todo o ciclo se quebra”, ilustra Sibele, que aponta que um dos elos mais frágeis atualmente é a iniciativa da população em participar ativamente do processo. Nas avaliações da DLUCP, uma parte significativa dos anapolinos não conhece o sistema de coleta seletiva e os que conhecem não colaboram em sua grande maioria.

No ritmo de produção de resíduos sólidos de origem domiciliar em Anápolis, a vida útil do aterro cada vez mais diminui. O RSU somado ao lixo de construção civil, limpeza urbana e outras origens chegam a despejar 285 toneladas por dia no aterro. A DLUCP aponta que atualmente o aterro se encontra na segunda etapa, tendo quatro anos de vida útil. A terceira etapa tem 60 anos de vida útil, isso se manter a quantidade por dia enviada ao local. Isso se o ritmo diário de quantidade de lixo produzida não ultrapassar a barreira de 305 toneladas, o que não falta muito.

Das 923 toneladas recebidas pelas cooperativas de reciclagem, somente 523 foram possíveis serem aproveitadas para fins de reciclagem até outubro de 2015. O lixo recolhido pela coleta pública é levado diretamente à trincheira de resíduos sólidos domiciliares do aterro, onde é feito o processo de aterramento dos detritos. Desse material da coleta pública domiciliar não é feita triagem de recicláveis, ou seja, a coleta seletiva depende exclusivamente da atitude do morador de fazer a separação dos materiais e colocar à disposição da Semma.

Desde 2008

Em 2008 a coleta seletiva era feita sob a parceria da prefeitura com a cooperativa. Neste acordo os caminhões e motoristas eram cedidos pelo Município. “Na época os coletores cooperados foram de porta em porta fazer essa coleta, porém havia uma falha de logística muito grande pelo fato dos setores atendidos não serem totalmente abordados”, explica Sibele. Eram 30 bairros atendidos parcialmente em 2008, chegando a ser constatado pela Semma que havia setores em que se atendia somente uma rua, alguns só uma quadra e outros que a abordagem se restringia somente a uma única casa.

Em 2014, havia um interesse por parte da Semma em remodelar a dinâmica da coleta seletiva que coincidiu com a portaria federal no mesmo ano que exigiu a retirada dos catadores do aterro. Nesta ocasião foi possível a reorganização passando toda a responsabilidade da coleta ao município e as cooperativas recebendo o material. Inicialmente o trabalho foi otimizado nos 30 bairros já atendidos, fazendo a abordagem no setor por completo. Em agosto de 2014, dos 30 setores iniciais foi aumentado para 61 bairros e em 2015 a quantidade foi para 150, dos 375 bairros existentes em Anápolis. “A partir do momento que percebemos que o sistema vai se estabilizando, nós aumentamos a quantidade de bairros atendidos”, explica Sibele Maki.

Quando o morador separa o material, em parte dos casos outro problema aparece que é a dificuldade de separar o reciclável do descartável. “Não é muito difícil os cooperados encontrarem na triagem fraldas descartáveis utilizadas”, explica Sibele. A educação ambiental sobre os resíduos sólidos é outra frente para acompanhar este trabalho que está sendo um desafio em todo o país, segundo Sibele. Os cuidados com o material reciclável separado em local adequado após o uso é a garantia de aproveitamento daquele objeto.

 

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