Clichês não aprendidos
Editorial
Todo brasileiro sabe que falta investimento para as nossas forças de segurança. As polícias não conseguem fazer frente aos bandidos porque possuem armamento obsoleto, viaturas ruins, efetivo reduzido e ausência de qualquer política de aperfeiçoamento através de cursos.
Também já virou clichê a máxima de que só com investimento na educação será possível tornar a sociedade mais igualitária, reduzindo os índices de violência e transformando pessoas em cidadãos dispostos a pensar de forma coletiva, inclusive na hora de escolher os governantes.
Ou seja, desde criança ouvimos que nossa polícia é pouco valorizada e que nossa educação nunca é prioridade de governo. Mas também desde que tomamos consciência de algo somos alertados que só um ensino de qualidade e um projeto consciente de segurança pública poderão por fim aos homicídios, latrocínios e todas as formas degradantes de violência que acostumamos a ver ao vivo ou na televisão.
Mas nada é feito. A onda de crimes que Anápolis enfrenta é prova disso. O problema foi crescendo dia após dia, sob o olhar alarmante da população, com gritos cada vez mais altos da imprensa, mas nada foi feito pelos políticos para reverter essa situação. Hoje temos cidadãos e policiais morrendo na mão de bandidos e um sinal claro do fundo do poço: escolas sendo invadidas por traficantes, que quebram o que bem entendem, amedrontam professores e ameaçam crianças.
Ao ver a população agindo com as próprias mãos, linchando bandidos até a morte, a conclusão é uma só: perdemos a guerra, lamentavelmente, quando vemos pessoas de bem se transformando para darem um basta à rotina de roubos e violência física que são submetidas. Não dá para comemorar a morte de um bandido. Em uma sociedade ideal, ele seria punido e, na maioria dos casos, aprenderia a lição. No Brasil, a lei frouxa não permite isso. Policiais estão cansados de prender o mesmo sujeito e vê-lo ser liberado antes mesmo que o agente de segurança conclua o seu relatório.
Mas qual seria a nossa arma? A de sempre, também uma velha lição da infância: o voto. Só ele para nos salvar de nós mesmos.