O real sentido da religião
Ana Clara Itagiba
A religião está presente no nosso dia a dia direta e indiretamente. Moda, festas, alimentação e literatura são só algumas das esferas influenciadas pela religião. Mas, acredito que a maior delas é a forma de pensar e agir. Dentro de cada crença, seja ela cristã, islâmica, espírita, afrodescendentes, entre outras, há quem viva de forma tão extremista, que se torna uma pessoa fechadapara o real sentido da vida: O amor.
Independente da crença de cada um, o que de fato importa é amar e fazer o bem ao próximo. Se o indivíduo quiser viver intensamente os dogmas passados por sua doutrina, não vejo problema algum. O que me incomoda é como a intolerância toma conta de certas pessoas. Sou católica, frequento a missa todos os domingos e às vezes, escuto comentários petulantes se referindo às diferentes crenças. Sei que em outros círculos religiosos isso também acontece, quando se referem à minha religião e por isso me pego questionando onde está o amor ao próximo que tanto é pregado nas igrejas.
Porque não viver a religião de uma forma mais coerente? Onde está a espiritualidade? Sim, espiritualidade. Muitos que se dizem religiosos (as), que estão na igreja quase todos os dias, tomam frente de movimentos e encontros promovidos pelos grupos religiosos, mas não tem espiritualidade. Não tem bondade e humildade no coração para aceitar as diferentes escolhas do próximo. De que vale ter o status de coordenador de grupo de jovens ou líder de uma mocidade, sendo que, quando se trata do outro, independente de escolha religiosa, não é tolerante muito menos benevolente?
O próprio papa Francisco condena a intolerância religiosa. “É muito importante, que sejamos vistos como profetas da paz, pacificadores que convidam outros a viver em paz e de forma harmoniosa e com respeito mútuo”, disse o pontífice durante uma viagem ao Quênia em 2015 a um grupo de líderes religiosos do país.
Na última semana, Francisco e o patriarca da Igreja Católica Ortodoxa russa, Kirill (Cirilo) promoveram um encontro histórico em Cuba e na ocasião pediram união entre os dois ramos do cristianismo. Em uma declaração conjunta, os religiosos disseram: “Desejamos que nosso encontro contribua para o reestabelecimento dessa unidade desejada por Deus”. A Igreja Católica Romana e a Igreja Católica Ortodoxa foram separadas em 1054, durante o cisma do Oriente.
Que fique bem claro que esse artigo se trata de comportamento e sei, não são todos os que participam de círculos religiososque agem desta forma. Inclusive conheço pessoas que vivem sua fé de forma bastante intensa, mas mesmo assim não se permitem a fazer julgamentos a outras doutrinas, respeitando-as. Estes sim têm a minha admiração.