Norte-Sul goiana teve propinoduto  

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Segundo a PF, a construtora Camargo Corrêa admitiu haver pago mais de R$ 800 mil em propina para José Francisco das Neves, o “Juquinha”, ex-presidente da Valec

 DA REDAÇÃO

A obra da Ferrovia Norte-Sul em Goiás, cujo principal trecho fica em Anápolis, gerou prejuízos aos cofres públicos de R$ 631.544.676,51, em decorrência da corrupção. Na sexta-feira (26), a Polícia Federal e o Ministério Público Federal em Goiás colocaram em prática a Operação “O Recebedor”, cumprindo 44 mandados de busca e apreensão e sete mandados de condução coercitiva em sete estados, com o objetivo de apurar o caso.

A operação, que é um desdobramento de fatos apurados na Operação “Lava Jato”, decorre de acordo de leniência e colaboração premiada que a empresa Camargo Corrêa fechou com o MPF/GO em atuação conjunta dos procuradores da República da força-tarefa da Lava Jato com procuradores da República do Núcleo de Combate à Corrupção da Procuradoria da República em Goiás e das Procuradorias da República em Anápolis e Rio Verde, e em colaboração com a PF.

Em razão do acordo, a Camargo Corrêa, que confessou a prática de cartel, corrupção, lavagem de dinheiro e crimes de licitação, além de se comprometer a restituir aos cofres públicos R$ 800 milhões, dos quais R$ 65 milhões destinados a ressarcir os danos acusados à Valec, entregou provas documentais e testemunhais contra as demais empreiteiras integrantes do esquema, bem como contra o ex-presidente da Valec, José Francisco das Neves.

Os investigadores buscaram, ainda, fortalecer o acervo probatório de investigações criminais encerradas ou em curso na PF, assim como procedimentos investigatórios em curso no âmbito do MPF/GO, que tratam da prática de sobrepreço, superfaturamento, crimes contra a Lei de Licitações, a exemplo de formação de cartel, corrupção passiva, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, praticados pela empresa estatal Valec – Engenharia, Construção e Ferrovias em razão das obras da Ferrovia Norte-Sul, havendo ainda indícios da prática dos mesmos crimes com relação à Ferrovia de Integração Leste-Oeste, durante o período em que foi presidida por José Francisco das Neves, o Juquinha.

Em síntese, o método utilizado para o recebimento de propina consistia na realização, pelas empreiteiras executoras das obras, de pagamentos a um escritório de advocacia e para mais duas empresas sediadas em Goiás e indicadas por Juquinha, sendo que os pagamentos não se referiam a serviços efetivamente realizados, utilizando-se contratos de fachada para dar aparência de legalidade aos pagamentos feitos pelas empreiteiras em benefício de Juquinha.

A Camargo Corrêa admitiu haver pago mais de R$ 800.000,00 em propina para Juquinha. O nome da operação é uma referência à defesa apresentada por José Francisco das Neves no Caso Trem Pagador, na qual seus advogados alegaram que “se o trem era pagador, Juquinha não foi o recebedor”.

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