E sofre sem lamúria

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Iron Junqueira

Quando fores dedicar às tarefas de Deus, cumprindo os deveres cristãos que te aparecem à frente, estenderás infinitas bênçãos de alegria e paz, no coração dos teus semelhantes.

Sentirás então uma felicidade que nunca antes sentiste, mas igualmente experimentarás, no fundo do coração, a agressividade dos ignorantes, dos ingratos e de muitos que pudeste servir, pelos teus caminhos.

Quando corrigires alguém, pedindo prudência no modo de agir, a fim de que o abismo não o trague, serás contado no rol dos mais corruptos acusadores.

Quando intentares a harmonia entre criaturas inimigas, serás apontado como o causador principal do desentendimento que não conseguiste acalmar.

Quando despedires uma palavra instrutiva, para que almas incautas não trunquem o verdadeiro espírito da Doutrina do bom exemplo, serás marcado como o causador de calamidades e desvios, causados pela imprudência de quem desejavas socorrer.

No entanto, apesar disso, não te desanimes. A obra de Deus, para vencer as trevas da ignorância e da maldade, e atingir o seu objetivo de iluminar as consciências, pede do servidor fiel de Jesus, não o isolamento e o afastamento do mundo, no sentido de não se contaminar pelos males da humanidade, mas coragem na fé e na perseverança, para que, elegido à conta de verdugo quando apenas era vítima, possa o verdadeiro servidor do Mestre, exemplificar as leis de humildade e amor, caridade e perdão, fazendo, com isso, brilhar, no coração de todos, a luz das verdades eternas, e a candeia ardente da fé mais viva.

Ouvirás meu amigo, o alarido da calúnia envolvendo-te a conduta, e tão somente porque, pelos ínvios caminhos da renúncia a ti mesmo, esqueceste da tua pessoa para servir, em nome de Deus, a teu semelhante que é, na família universal, o teu irmão.

No entanto, apesar de tudo, não te esmoreças no trânsito, na Causa do Senhor, perdoando e esquecendo, socorrendo e amparando, olvidando as tuas necessidades e os teus sofrimentos, tal como fez o Amigo Inolvidável que, até hoje, no seu mutismo admirável, prossegue nos amparando e servindo, sem que tenhamos olhos de vê-lo e coração de senti-lo, pois para quantos de nós as graças que recebemos não são obras do acaso ou da natureza ou do tempo, para não dizermos que são as bênçãos do Amigo Esquecido?
Prossegue, portanto — E SOFRE SEM LAMÚRIA.

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