Eleitor anapolino pragmático

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MARCOS VIEIRA

A campanha eleitoral se aproxima e com isso somos colocados novamente à beira do precipício. Estamos lá, todos, a um passo de cairmos em um abismo cujo fundo está repleto de baixarias, acusações infundadas e práticas nefastas. Quem nos empurraria buraco abaixo? Os políticos, responsáveis por comandarem o processo todo.

Essa é a minha visão: o eleitor, agente passivo durante toda a campanha, é empurrado para baixo quando o candidato lhe oferece apenas isso. Naturalmente, no último dia do pleito, o papel se inverte, já que o cidadão passa a ser o agente transformador, ativo, ao comparecer à cabine de votação e apertar as teclas da urna para escolher os próximos representantes da sociedade.

A lição é única. O candidato que oferece um discurso calcado no ódio, de ofensas e apenas tentando destruir o adversário quase sempre é identificado e penalizado no momento da escolha do eleitor. É claro que há casos em que o marketing consegue mascarar isso tudo, mas nem tudo é perfeito e temos que nos convencer disso.

Assim como os publicitários conseguem colocar uma embalagem bonita em um sabão em pó de qualidade duvidosa, e empurrá-lo para o consumidor, temos que ter consciência que a mesma coisa pode ser feita com o político. Os profissionais da publicidade se encarregam de limpar a imagem do sujeito até que ele ganhe a confiança da população. Em ambos os casos – sabão em pó e político – a farsa um dia será desmascarada. Quando a roupa não fica limpa nunca e o eleito para governar só sabe fazer rolos, é hora de rejeitar a marca e clamar pelo impeachment, respectivamente.

O anapolino já deu seu recado em outras disputas eleitorais. Aquele que baixa o nível da campanha acaba também ficando para trás nas pesquisas e, posteriormente, no resultado que sai das urnas. Panfleto apócrifo, post maldoso na internet e diz-que-me-diz em roda de conversa tem lá seu impacto, mas nada tão influente assim.

Apesar dos exemplos históricos, já tem alguns enveredando para o ataque gratuito antes mesmo de formular uma simples ideia de gestão para ser oferecida ao eleitor. Nos grupos de Whatsapp, rodas informais e virtuais da era moderna, pipocam banners imperativos – “não voto em fulano”, “é preciso odiar sicrano”. O que isso acrescenta? Nada. É preciso discutir ideias e já que virou moda dizer que estão passando o País a limpo – embora quem subiu ao poder tem parte na sujeira toda em que nos encontramos –, ao menos comecemos com a nossa própria cabeça.

Os políticos são pragmáticos quase todo o tempo. Sejamos também assim. Só ganha nossa confiança quem tem currículo e ideias. Quem se rebaixa em público, deve ser deplorável na intimidade. Fuja desses.

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