Câmara reverte votação em 2º turno e preserva ginásio

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Executivo teve que convencer vereadores em menos de 24 horas que liberar uso do Newton de Faria prejudicaria esporte

LUIZ EDUARDO ROSA

Um projeto de lei para disponibilizar o uso do Ginásio Internacional Newton de Faria para eventos culturais e religiosos foi reprovado pelos vereadores em 2ª votação, no início desta semana, causando bastante polêmica. Só depois que a matéria passou em 1ª votação, apenas com dois votos contrários, que acendeu a luz de alerta no Poder Executivo, que escalou o secretário de Esportes, Ademir Marinho, para convencer os vereadores que o projeto prejudicaria a principal arena para o esporte profissional em Anápolis.

A propositura era de autoria do vereador Sargento Pereira Júnior (PSL) e alterava lei municipal que rege a exclusividade para eventos esportivos no Ginásio Internacional. Com a alteração, o local passaria a abrigar eventos de outras naturezas, como acontecia antes da aprovação da lei de 2008.

Na segunda-feira (8) à tarde, a reportagem entrou com contato com a Secretaria de Esportes para repercutir a aprovação do projeto em 1º turno. Ao tomar conhecimento que o projeto tinha sido votado, deu início ao trabalho de convencimento dos vereadores de que a matéria seria negativa para o esporte anapolino.

Com a conversa feita por Ademir Marinho, apenas o autor da matéria votou pela aprovação no 2º turno. Apesar de terem concordado com a recomendação do secretário de Esportes, alguns vereadores apontaram a existência de um hiato entre o Executivo e o Legislativo. “Se o projeto já passou por comissões, onde estavam a liderança do prefeito e os representantes do partido dele?”, indagou o vereador Wederson Lopes (PSC) no plenário.

A falta de um acompanhamento mais detalhado do líder do prefeito, vereador Paulo de Lima (PDT), e de assessores especiais para defender a postura do Executivo na apreciação das matérias foi apontada por Wederson como gerador de constrangimentos. “Com a falta de acompanhamento nas comissões dos projetos de lei por representantes do Executivo, acaba por relegar essa intervenção de maneira abrupta no momento da votação, deixando de lado as possibilidades de diálogo prévio nas comissões”, disse Wederson. Segundo o vereador Vespa (PSDB), a demanda pelos ginásios da cidade acontece principalmente no carnaval, para receber eventos religiosos com uma quantidade maior de público.

Piso
Toda a atenção está na questão do piso do Ginásio Internacional, que em sua última reforma em 2013 ganhou uma tecnologia de padrão internacional, semelhante ao utilizado nas Olimpíadas de Pequim (2008). “Uma mudança, como essa proposta pelo projeto de lei para o Ginásio Internacional é um retrocesso a todo um trabalho realizado para elevar o conceito do local como referência para competições a nível estadual, nacional e internacional”, explicou Ademir Marinho. Uma das últimas competições de destaque realizada no Ginásio Internacional foi o 15º Campeonato Mundial de Futsal Universitário, que aconteceu entre 2 e 10 de julho deste ano. Além do piso, o ginásio possui 14 alojamentos, estacionamento, vestiários e banheiros.

“Qualquer mínima falha no piso causado por algum estrago pode gerar dificuldades na performance e possibilita queda dos atletas, inclusive influenciando em resultados de competições. Quem é desportista sabe muito bem disso”, reforçou a vereadora Dinamélia Ribeiro (PT). Ela relatou no plenário uma grave contusão que ela mesma teve no ginásio, devido uma falha no piso, em um jogo de confraternização no local.

A aprovação da Lei Municipal nº 3.320, de 2008, sobre o uso do Ginásio Internacional, partiu de experiências anteriores que indignaram os desportistas de Anápolis. Dinamélia lembrou que no passado, o lugar já teve até rodeio, espetáculos circenses com estruturas pesadas, shows e outros eventos não esportivos que foram responsáveis pelos desgastes das estruturas do ginásio. Para Ademir Marinho, a lei de 2008 foi o ponto de partida para que o ginásio ganhasse o status de excelência internacional.

“O Ginásio não tem ociosidade para que divida sua pauta com outras naturezas de evento”, apontou Ademir. Segundo dados da Secretaria de Esportes, em 2015 foram 34 eventos esportivos realizados durante todo o ano, com variação de durações de três dias a três meses. Neste ano estão na programação até o momento 11 eventos esportivos com a mesma média de duração. Treinam no local, de janeiro a dezembro, o Grêmio Esportivo Anapolino, o Maracanã Esporte Clube, Arena Futebol Clube e o Clube Atlético 31 de Julho.

Alguns vereadores, como Wederson Lopes, apesar de terem concordado com a questão da exclusividade esportiva do uso do ginásio, percebem a oportunidade do Ginásio Carlos de Pina acolher, ao menos no Carnaval, eventos religiosos como já acontecia antes da reforma. Seria algo provisório até a conclusão do Centro de Convenções pelo governo estadual. “Se essa intervenção tivesse sido feita nas comissões, poderíamos ter feito essa negociação ao invés de fazê-lo de maneira constrangedora na votação”, afirmou Wederson.

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