Crescem em Anápolis o roubo e furto de animais domésticos

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Número de casos no primeiro semestre praticamente dobrou em relação a 2015; há forte indício de subnotificação

LUIZ EDUARDO ROSA

No dia 7 de maio deste ano, o cachorro Buddy, da raça Golden Retriever, fugiu de sua casa, na Avenida Pedro Ludovico, e saiu perambulando pelas ruas. Assim que a ausência do animal foi percebida na casa, o seu dono, o professor de educação física e empresário Luiz Fernando Carneiro, de 31 anos, passou a percorrer o bairro, perguntando aos comerciantes vizinhos se tinha visto o cão. Diante do sumiço, ele ouviu relatos de terceiros de que uma mulher afirmou que era a dona de Buddy, embora o cachorro não tenha atendido seus chamados.

Ao coletar os relatos e filmagens das câmeras de segurança da vizinhança, Luiz percebeu algumas características das criminosas, sendo uma que tentava capturar o cão e outra que dava cobertura em um automóvel Fiat Pálio modelo primeira geração, de cor preta. “Um dos vizinhos em uma das lojas relatou que a mulher solicitou ajuda para apanhar o cão e ainda se referiu à senhora no veículo como mãe”, aponta Luiz Fernando. O registro da ocorrência foi feito no 1º Distrito da Polícia Civil, sob o comando da delegada Gênia Maria.

Pela acareação dos depoimentos e imagens coletadas, Luiz Fernando conta que a delegada confirmou as informações que ele mesmo havia concluído ao apurar o sumiço de Buddy. Um trajeto a partir de relatos e vídeos indica que as duas criminosas viram o cão e retornaram para capturá-lo. A mulher que apresenta uma maior visibilidade é morena clara com cabelos lisos e de média estatura, porém no momento estava utilizando óculos escuros, o que dificulta a identificação do rosto.

A rotina de Luiz Fernando vem se dividindo de tempos em tempos nestes três meses, entre seus afazeres profissionais e a divulgação através de redes sociais do sumiço do seu cachorro, com panfletagem e cartazes, para além do registro da ocorrência registrada. Os impressos distribuídos na cidade, os posts nas redes sociais e as reportagens realizadas pela imprensa local mostram que ele oferece a recompensa de R$ 1 mil e também a oportunidade de anonimato de quem entregar o cão. Os resultados que a estratégia trouxe são falsos alarmes sobre o cão, inclusive ele foi até visitar os animais a que os denunciantes apontam ser o Buddy. Até o momento, apesar de serem cães de mesma estatura e raça, ele percebeu que não se tratava de seu animal.

Em Anápolis, o número de registros de animais furtados e roubados vem aumentando e no Código Penal Brasileiro e no Civil é descrito como semovente, ou seja, propriedade de um bem que move por si mesmo, vão de animais de bando, como cavalos, aos domésticos, como cães e gatos. Segundo as estatísticas no portal da Secretaria Estadual de Segurança Pública, no primeiro semestre do ano passado foram registrado 13 furtos de semoventes e neste ano, o número praticamente dobrou para 26 registros, no mesmo recorte de tempo. A delegada responsável pelo caso, Gênia Maria, se encontra em férias e o delegado que substitui neste período, Cleiton Lobo, afirmou que informações e as contextualizações sobre o caso somente poderia ser feito pela titular.

Cartografia
Apesar da falta de uma avaliação policial no momento, sobre o fenômeno, Luiz Fernando relata algumas características deste mercado criminoso. Ele se declara não ser o único na região a ter sido furtado ou até assaltado para subtrair seu animal de estimação. As estatísticas levantadas na SSP podem estar em alta subnotificação em relação ao número real, devido a fatos que fogem ao crivo policial. “Alguns destes furtos ou roubos, em um tempo muito curto o autor ou receptador entrou em contato com o dono do animal e cobrou propina para a devolução”, explica Luiz Fernando.

Até mesmo vizinhos destas vítimas eram os autores destes sequestros, que para apaziguar não registraram ocorrência ou processaram os mesmos. Uma situação estranha se passou fora de Anápolis no qual um denunciante entrou em contato com Luiz Fernando e ao ir até o local, constatou tanto que o animal não era Buddy e também que o animal apresentado não tinha registro. Dessa forma suspeita-se que poderia se tratar de receptador, pois também mesmo sem o registro, tentou vender o animal a Luiz afirmando ser época de crise no país e passar por dificuldades. Segundo consulta a lojas de venda e atendimento veterinário aos animais, os Pet Shops, os preços entre as raças mais caras, por sua raridade, variam de R$ 600 a R$ 1,5 mil. Em situações extremas chegam-se a valores de R$ 8 mil, onde é consultada a hereditariedade do animal.

Alternativa
O Centro de Zoonoses de Anápolis possui um banco de cadastro de animais domésticos onde são notabilizados a raça, a espécie, idade, pelagem e se está vacinado ou não. O registro é feito gratuitamente e caso não tenha recebido a vacina contra a raiva, o animal recebe no ato do cadastro que recebe uma pequena corrente com um número próprio. “Ao perder o animal, constatar o sofrimento por maus tratos ou alguém encontrar, pode ligar ao Centro e pelo número identificarmos o proprietário”, explica a coordenadora do Centro, Elisangela Sobreira.

No ano passado, foram realizados cadastros 164 cães nos meses de janeiro a julho e neste ano, no primeiro semestre, foram 26 cães. Os gatos também são cadastrados e em todo o ano de 2015 foram cadastrados 41. “Muitas pessoas acham que o serviço é cobrado e não sabem onde é realizado, então é preciso divulgar”, aponta Elisângela. Além de ser gratuito, o cadastro carece somente dos documentos de identificação e comprovante de endereço do proprietário, e o cartão de vacinação do animal.

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