Jogo Pokémon GO cria novo uso para os espaços públicos

Parque Ipiranga 19,04,22 (3)

LUIZ EDUARDO ROSA

A Realidade Aumentada já era utilizada de forma corrente por designers e desenvolvedores de jogos, mas sua popularização mundial ocorreu com o jogo
Pokémon GO, criado para dispositivos móveis e dono de recordes ainda no primeiro mês de lançamento.

“Definitivamente, não existe aplicação alguma de Realidade Aumentada que tenha atingido público tão extenso no mundo como o de Pokémon GO”, afirma o professor e graduado em jogos digitais pela PUC de Minas Gerais, Marco Aurélio Martins. O joguinho arrecadou US$ 206,5 milhões em 30 dias e é o mais baixado na história.

O Pokémon GO tem mudado o comportamento das pessoas, que saíram as ruas para caçar os monstros virtuais ou conseguir bolas para captura, nos chamados pokestops. O Parque Ambiental Ipiranga, no Bairro Jundiaí, é provavelmente o local mais utilizado para isso. Já tem comerciante comprando pokémons e os colocando em seus estabelecimentos, visando maior fluxo de pessoas e, de repente, aumento das vendas.

“Antes de o jogo estar disponível, abriu-se um cadastramento gratuito aqui no Brasil de logradouros e locais importantes nas cidades”, explica o gestor de projetos em comunicação e cultura, Raphael Felipe. “O que o jogo traz é muito maior do que a jogabilidade em si, mas a experiência de se explorar aspectos sociais e geográficos”, explica o graduando em jogos digitais pela PUC MG, Thiago Borges Campos.

“Antes não saía de casa, não sou muito de exercícios físicos, o Pokémon GO conseguiu me dar uma motivação para sair caminhando por ruas e praças, para jogar”, explica a comerciante Keuryane Ferreira de Oliveira, de 30 anos. O encontro dos jogadores nos pontos de maior presença de pokémons e pokestops vem sendo apontado como uma grande mudança de comportamento.

As pessoas estão iniciando amizades ao trocar informações sobre o jogo. “Vi, inclusive, famílias levando os seus filhos para jogar e encontrarem com outras no parque, algo que normalmente é difícil de acontecer”, aponta Keuryane.

No Parque Ipiranga, é possível encontrar casais e grupos de cinco a sete pessoas saindo para caçar os personagens. Alguns artifícios são utilizados para gerar uma maior disputa e evolução no jogo, o que leva a uma grande procura nestes lugares. “O que leva os jogadores ir para novos itinerários para além dos locais mais frequentados é a busca por personagens mais raros e a possibilidade de adquirir mais experiência como treinador”, explica o estudante universitário João Marcos Praude, de 30 anos.

Resistência
As opiniões nas redes sociais, na mídia e nas conversas cotidianas se dividem em relação ao Pokémon GO. Para alguns o fenômeno é positivo, mas para outros se trata de um escapismo, ou seja, fuga da realidade. “Joguei, fui a uma caçada de pokémons, mas aquela experiência foi entediante, as pessoas se esquecem do mundo a sua volta, elas na verdade não dialogam, estão simplesmente caçando pokémons”, aponta o empresário Thiago José Morigi Costa, de 32 anos. Para ele, mesmo quando as pessoas se encontram para jogar, elas estão ligadas à tela do celular, e não conversam “olho no olho”.

Concordando ou não, Pokémon GO tem mudado o comportamento das pessoas. Uma multinacional na área de seguros já tem tentado educar seus segurados quanto à prática de dirigir e caçar pokémons. A prática, lógico, pode levar a acidentes.

Há também relatos de pessoas assaltadas enquanto caçavam pokémons. A distração tem beneficiado bandidos. “O jogo não aumenta os roubos de aparelhos em locais públicos, isso já vem da falta de segurança, a questão é que quanto mais avançado o smartphone, maior a cobiça do criminoso”, comenta o cirurgião dentista Paulo Henrique Soares, de 27 anos, que também é jogador de Pokémon GO.

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