O tema da vez
As duas principais pautas da eleição de Anápolis não são, essencialmente, municipais: segurança pública e saneamento básico. A primeira tem seu pilar na atuação das polícias Civil e Militar, sob o comando do governador. A segunda é de exclusividade da Saneago, também comandada pelo governo estadual, embora seja de capital misto.
A insegurança começou a crescer em Anápolis nos últimos anos. A cidade se expandiu e, naturalmente, começou a sofrer com problemas típicos de centros urbanos. O erro dos governantes talvez tenha sido não notar isso precocemente. Ou se foi percebido, não ter tomado providências. A Polícia Militar anapolina foi perdendo efetivo enquanto os criminosos aumentavam.
O resultado desse esquecimento está nas ruas hoje: pouca polícia para o patrulhamento preventivo. O que se percebe é que a PM precisa reservar grande parte da tropa para o trabalho ostensivo, de confronto direto a partir da denúncia de um crime em andamento. Não sobra gente para o policiamento comunitário, por exemplo.
Não podemos nos “dar o luxo” – pelo menos não de maneira frequente – de ter viaturas percorrendo bairros, inibindo possíveis meliantes. Quase todos os carros precisam estar socorrendo a cidade das ocorrências diárias – é um roubo a farmácia, uma tentativa de homicídio, um ladrão que furta celulares no Centro e, cada vez mais comum, infelizmente, um assalto a banco com a família do gerente feita de refém, com requintes de crueldade, como vimos na semana passada.
Não há excedentes. Aliás, falta gente e se não fosse o Banco de Horas, estaríamos em situação pior. Esse é o sistema atual: o policial de folga acaba trabalhando e recebendo um dinheiro a mais, de um recurso vindo dos cofres públicos do Município. E olha que a situação da PM não é das piores, se comparada à Polícia Civil, que têm delegados atuando em mais de um distrito, agentes tendo que se desdobrar em diversas investigações e escrivães em quantidade insuficiente.
O alento é que os candidatos a prefeito se mostram interessados no tema. Alguns propõem soluções exageradas em curto espaço de tempo, o que os especialistas afirmam não ser possível. É preciso ficar atento e identificar discursos eleitoreiros daqueles que querem de fato melhorar a cidade.