Última avaliação, por Marcos Vieira

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MARCOS VIEIRA

No dia 2 de outubro, quando você acordar e sair de casa para votar, possivelmente encontrará milhares de santinhos de candidatos e outros impressos jogados nas ruas mais movimentadas da cidade. Tenho uma sugestão: abaixe, pegue um punhado (tudo bem, você pode lavar a mão depois) e sorteie um deles: o escolhido não receberá seu voto, mesmo que por coincidência tenha sido aquele que você selecionou para ser o seu candidato, fazendo um estudo completo da vida do sujeito e de suas propostas.

O restante dos santinhos você pode dar, um por um, para seus amigos e parentes. Diga que cada um deles não merece o voto do eleitor inteligente porque, simplesmente, se utilizou da prática mais antiga e idiota das campanhas eleitorais brasileiras: entupir as ruas na madrugada que antecede o início da votação achando que isso vai render algum voto. Trata-se de uma boa ação a sua: além de tentar eliminar os porcos da política, ainda ajudará os garis a limpar a cidade, mesmo que o punhado que você levou para casa e jogou no lixo seja apenas uma parcela ínfima do universo de santinhos que vão entupir bueiros e se espalhar por ruas e calçadas, se enfiando em qualquer fresta, grudando na grama dos parques e irritando quem acredita que a cidade pertence a todos e, portanto, merece ser cuidada.

Outra dica, essa como último teste antes de você votar (lógico, se você tiver paciência de esperar parte do dia para ir até a urna): candidato que for detido pela polícia no dia da votação, por prática de boca de urna, também não merece o voto. Raciocinemos: no dia mais importante, o sujeito resolve infringir a lei em nome da própria vitória. Ou seja, para ele vale tudo para ganhar. E ninguém quer um representante que pensa assim, lógico. A sua seleção de candidato também deve levar em conta os assessores do político porque, convenhamos, se o sujeito não consegue controlar sua equipe, quem dirá um gabinete com vários funcionários, caso eleito?

Esses dois filtros ganham mais importância se você tiver a oportunidade, em algum momento nos próximos anos, de contar ao próprio político que você não votou nele porque comprovou que ele sujou as ruas da cidade no dia da eleição. Não importa que o sujeito tenha sido eleito: é bom que ele saiba que perdeu um voto porque usou da velha política. Ou ele criará consciência ou temerá que no futuro essa sua atitude se transforme em regra. Até que chegaremos ao dia que não vai ser mais preciso colocar gente limpando a cidade no final de uma campanha eleitoral. Vai demorar? Talvez, depende do nosso ritmo em rechaçar os maus candidatos. Não dá para esperar que apenas as multas eduquem, principalmente porque muitos do que estão na disputa têm muito dinheiro.

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