João e Roberto: o que eles sentem pela cidade de Anápolis e o povo

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Nessa última edição do JE antes da votação de segundo turno, João Gomes e Roberto Naves falam o que pensam de Anápolis e qual o sentimento captado nas ruas ao fazer campanha; os dois candidatos também refletem sobre o que a eleição lhes deixa como lição e qual o perfil de suas futuras equipes na prefeitura

MARCOS VIEIRA

Em uma semana, a população de Anápolis retorna às urnas para escolher o prefeito que comandará os destinos da cidade pelos próximos quatro anos. A disputa eleitoral de 2016 ficará marcada não apenas por ser a primeira a acontecer sob o peso de novas regras que limitaram a campanha, sobretudo do ponto de vista financeiro.

Trata-se do primeiro pleito após várias mudanças no cenário político nacional – entre elas a queda de Dilma Rousseff –, o que acabou por gerar uma descrença geral da população em relação aos governos e governantes, obrigando candidatos a reinventarem seus discursos.

Arredia, a população não deixou bem claro o que gostaria de ouvir. Por isso os candidatos foram mudando de discurso à medida que os dias de campanha passavam. Muita coisa prometida no primeiro turno deixou de ter destaque nessa segunda etapa do pleito, já que não despertou a atenção do eleitor.

O que se vê nessa reta final são pesquisas para todos os públicos – obviamente com resultado distintos. Mas o que se percebe, até agora, é um equilíbrio entre os dois candidatos, João Gomes (PT) e Roberto Naves (PTB). A vitória de qualquer um dos dois não será novidade no próximo domingo (30).

O Jornal Estado de Goiás procurou fazer um jornalismo propositivo nessa curta campanha. Foi o único veículo que mudou a data de circulação na votação de primeiro turno para trazer o resultado das urnas. Nessa peúltima edição antes da data decisiva, o JE traz entrevistas com os dois postulantes ao cargo de prefeito. As perguntas são as mesmas e buscam captar o sentimento de João e Roberto nessa reta final, sobretudo no que se refere ao povo e a nossa cidade. Leia e reflita: trata-se de mais uma contribuição para que você possa formar sua opinião em relação ao melhor para Anápolis.

JOÃO BATISTA GOMES PINTO
Coligação Anápolis no Rumo Certo (PT / PP / PRP / PMDB / PSB / PDT / PMN / PPL / PCdoB / PR / PTdoB)
Nasceu em 26 de junho de 1965, é casado e tem três filhos. É empresário dos ramos de lazer e distribuição de produtos.

Por que o senhor quer ser prefeito de Anápolis a partir de janeiro de 2017?
Primeiro porque eu sou o prefeito hoje, o atual. Acompanhei o trabalho como vice-prefeito durante seis anos, assumi há dois anos como prefeito e fizemos muito nesses oito anos. Em especial nesses dois anos como prefeito eu tive a oportunidade de inaugurar várias obras e iniciar outras. Eu gostaria de ser prefeito novamente, ser reeleito pela população para concluir essas obras e outras que vamos iniciar esse ano na cidade de Anápolis. Eu amo essa cidade, gosto daqui, sou empresário aqui há 32 anos e devo muito a Anápolis. Construí meu patrimônio aqui, constitui minha família, meus filhos nasceram e cresceram nessa cidade. Tenho o privilégio de dizer que nesses 32 anos vivendo aqui nessa cidade, casado, o melhor que podia acontecer para mim aconteceu aqui. Tenho uma dívida de gratidão com a cidade que amo, que é Anápolis. Quero ser reeleito prefeito e peço o voto da população para isso. Tenho certeza que vamos fazer muito mais para nossa cidade.

Como o senhor se preparou para ocupar esse importante cargo?
Sou empresário aqui há 32 anos. Tenho duas formações de nível superior e uma delas pela Universidade Estadual de Goiás, a UEG, é Gestão Pública. Tenho experiência de gestor público e formação acadêmica na área. Além disso, conheço a cidade, que é grande, tem mais de 10 mil servidores públicos, tem uma grande equipe e precisa de alguém com experiência para liderá-la. Tenho experiência, conheço a cidade e a população pode confiar.

Qual o seu sentimento em relação à cidade de Anápolis?
Sou apaixonado por Anápolis, gosto daqui e sou um defensor da cidade. Nunca gostei que falassem mal da minha cidade, porque a amo, luto e defendo-a em todas as áreas – sempre fiz isso como empresário. Para ajudar a cidade você não precisa ser político, você não precisa de um mandato político. Você pode ajudar a cidade através do seu negócio, participando ativamente das ações que a envolvam, como por exemplo Associação Comercial e Industrial de Anápolis, que faço parte há mais de 30 anos. Eu tenho feito isso, eu amo minha cidade.

O senhor acredita na política como instrumento para melhorar a sociedade?
Acredito. Acredito na política bem feita, porque dessa forma ela é construtiva. O que destrói é a politicagem – essa eu detesto. Porque politicagem que tem feito um grande mal à nossa Nação. Em época de campanha, infelizmente, existe muita politicagem. Mas a política é benéfica e a construção de uma cidade, de um Estado, de um País, enfim, de uma Nação, depende efetivamente de boas práticas políticas.

O senhor tem andando pela cidade. Observa que qual é o sentimento da população atualmente?
Olha, com relação à política há num descrédito muito grande. Infelizmente estamos nesses dois últimos anos – especialmente nesse último – passando por uma depuração muito grande. Mas isso precisa acontecer. É preciso uma reforma política mais profunda, que contemple o que deseja a sociedade. Nós temos o ranking dos partidos e os dez primeiros possuem problemas. É muito ruim, é muito feio e é feita muita politicagem. Um partido vale menos que o outro, um vale mais, não é verdade. Tem gente boa em todos os partidos, mas a politicagem tem aumentado o descrédito da população a cerca da política. Isso é ruim para gente que tem atuação política e que tem mandato político. Eu sou um gestor hoje eleito pela população anapolina como vice-prefeito e prefeito da cidade de Anápolis e a gente sofre muito com essa descrença da população, embora é preciso dar razão à ela. Precisamos melhorar isso. Aqui em Anápolis, graças a Deus, nunca envergonhamos a cidade, nunca nos contaminamos com o que acontece a nível nacional, mas no primeiro turno tentaram colocar aqui as questões nacionais, a questão do Partido dos Trabalhadores, mas é importante dizer que cada um que cometeu o seu pecado que pague por ele, seja de que partido for. Anápolis é exemplo de administração nesses últimos oito anos. O único que veio à Terra e deu a vida pelo pecado dos outros é o nosso senhor Jesus Cristo. Eu não tenho culpa do pecado dos outros. Eu e Antônio Gomide fazemos um trabalho aqui desde 2009 que é exemplar. Anápolis hoje é nota 10 no combate à corrupção e quem diz isso é o Ministério Público Federal, que avaliou o nosso Portal da Transparência. Então hoje Anápolis é exemplo e não podemos aqui penalizar uma cidade. O que fizeram no primeiro turno, ir contra o partido, ir contra uma cidade que tem experimentado uma administração com Antônio Gomide e João Gomes. E em nome de Gomide e de João que estamos pedindo voto novamente. O voto de confiança com a certeza que a administração seguirá no mesmo patamar que seguiu até aqui.

A campanha tem lhe ensinado o quê?
Fica uma profunda tristeza a cerca da maneira como certas pessoas tratam uma campanha como essa. Fazem politicagem nos bastidores. Hoje não tem panfleto, mas a rede social funciona da mesma forma, desconstruindo. Outros atacam a família, acho que isso é ruim. Essa questão familiar precisa ser preservada. Alguém que tem coragem de ir para mídia, ir para o microfone, ir para a tela falar mal, citar nome da família de alguém, é gente que não ama e não preserva a família. Você pode me tratar do que quiser, estamos olhando um para o outro, mas é preciso respeitar os princípios, respeitar as pessoas e, principalmente, a família. E o homem, embora dizendo ser cristão, esquece que celebramos Deus através da família e celebramos Deus através de nossas vidas. E isso entristece muito meu coração porque eu amo gente, amo pessoas e jamais faria mal a quem quer que seja. Eu vou para casa dormir e não durmo com raiva de ninguém. Isso é piedade, isso é amor e perdão. É exatamente o cristão, ele combate o ódio, o rancor e a intolerância. Então me entristece às vezes ver pessoas levando a campanha para outro lado, vendendo a alma, se entregando, pagando caro em troca do poder. Isso não vale a pena. Acho que precisamos pensar a cidade, pensar as pessoas, pensar em nós mesmos e o quanto cada um de nós tem dado para a cidade e o que podemos dar.

Em caso de vitória, qual será o perfil de uma nova equipe?
Um perfil voltado para a cidade, voltado para as pessoas. Uma administração só será competente e com resultado positivo para a população se ela tiver planejamento, se ela tiver uma boa equipe e se ouvir a população. Certamente que essa equipe vai continuar ouvindo a população e o foco dessa administração segue sendo melhorar a qualidade de vida da população, seja na saúde, seja na educação, seja em que área for. Em todas elas há demandas, a cidade é um todo e a cidade é grande. Precisamos continuar investindo na cidade, investindo nas pessoas, porque Anápolis vai seguir sendo essa cidade gostosa de se viver, cidade que amamos e que é exemplo para Goiás e o Brasil.

Em caso de vitória, o que o senhor imagina para o primeiro mês da nova gestão?
Anápolis ainda tem muitas demandas, por isso sou candidato à reeleição. Não é um projeto pronto e acabado. Fizemos muito, é verdade, mas ainda temos muito por fazer. Anápolis está no rumo certo e sabemos e conhecemos a prefeitura por dentro e por fora. Conhecemos as finanças da prefeitura. Sabemos liderar essa grande equipe que temos hoje de servidores municipais e temos hoje um planejamento. Certamente que as demandas novas vão surgir e temos aquelas prementes, que precisam ser atendidas. Vamos continuar atendendo as demandas, manter o planejamento e avançar na saúde, na segurança, na educação e outras áreas. Anápolis está preparada e pronta para dar um salto de qualidade ainda maior que já deu nesses oito anos.

ROBERTO NAVES E SIQUEIRA
Coligação Competência para Inovar (PTB / PSD / SD / PMB / PROS / REDE / PRB / PPS / PTN)
Nasceu em 26 de janeiro de 1978, é casado e pai de quatro filhas. É professor e empresário dono de colégio.

Por que o senhor quer ser prefeito de Anápolis a partir de janeiro de 2017?
Quero ser Prefeito de Anápolis por me considerar uma pessoa preparada, com capacidade administrativa tanto na gestão pública, como privada. Porque minha história me credencia a isto, pois cheguei à Anápolis para trabalhar no ano de 2001. Iniciei uma escola com nenhum aluno e que hoje se tornou referência no cenário educacional. Quero ser prefeito da cidade de Anápolis, por entender que a cidade precisa de alguém para mudar e fazê-la crescer, e acima de tudo melhorar a qualidade de vida das pessoas que aqui vivem.

C Como o senhor se preparou para ocupar esse importante cargo?
A gente não se prepara para um cargo eletivo. Quando você se torna candidato, a sua vida te preparou. Não tem uma preparação específica para poder disputar uma eleição, a minha história e meu currículo me prepararam para isso. Se você levar em conta, por exemplo, o fato que citei na resposta anterior de levantar uma escola do zero à uma referência de ensino, junto ao fato de ter passado pela administração pública pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em um curto prazo de tempo que passei na Conab, mostrei que é possível fazer a modernização, que é possível fazer uma gestão pública de qualidade, que é possível ter uma conduta ilibada; sem processos penais e sair com as mãos limpas.

Qual o seu sentimento em relação à cidade de Anápolis?
Esta é a cidade que me acolheu, é a cidade em que eu vivo, é a cidade que amo e que invisto a maior parte dos investimentos, mais do que em outros lugares que eu tenho atividades econômicas. Esta é a mesma cidade que eu pago os meus impostos e que me deu tudo o que tenho hoje. Não tinha onde morar quando cheguei aqui. Vim para trabalhar como professor de química e construí minha trajetória neste ofício. Através das minhas aulas e da minha administração construí minha história. Não sou somente eu que aqui moro. Eu trouxe meus irmãos, minha mãe e aqui me casei e constitui família, tenho quatro filhas. Não saio da cidade de Anápolis por nada. O sentimento que tenho é de gratidão.

O senhor acredita na política como instrumento para melhorar a sociedade?
Com certeza, se não acreditasse não me candidataria a Prefeito. Sou candidato por acreditar que a política pode ser feita de uma forma limpa, ética, respeitosa e para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Muitas pessoas me perguntam, o que é ser o novo? Hoje posso explicar que ser o novo é colocar as pessoas acima dos outros projetos. Ser o novo é perceber que tem uma população que clama por água, por saúde, por segurança e por emprego. Então precisamos ter essa percepção quando a gente for planejar qualquer política governamental. A política nova tem que perguntar antes o seguinte: o que posso fazer para melhorar a qualidade de vida das pessoas, é isso que nós temos que fazer.

O senhor tem andando pela cidade. Observa que qual é o sentimento da população atualmente?
No primeiro turno nós não fizemos nenhuma carreata e no segundo também não. Em contrapartida, fizemos mais de 60 caminhadas e mais de 1 mil reuniões neste período eleitoral. O sentimento da população é único, ela mostrou que ela pode derrubar uma presidente da República e se o atual Presidente “brincar” e não fizer um serviço de qualidade, ele cai também. O povo descobriu que tem a força, que unido consegue mover qualquer coisa dentro da política, está mais exigente. A população cobra mais e espera que o próximo gestor de Anápolis tenha realmente competência para fazer a gestão do orçamento que aí está, que é o dinheiro do povo. Fazer uma gestão moderna, para que o dinheiro possa ser aplicado da melhor forma para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

A campanha tem lhe ensinado o quê?
Esta campanha tem me ensinado várias coisas. Entre uma delas, é que quando colocamos Deus no coração e temos Ele acima de tudo, a gente consegue passar por todas as provações. Tem me ensinado que o poder na cabeça de determinadas pessoas, faz com que elas percam o respeito, que elas percam completamente a noção e partam para uma baixaria como está acontecendo neste pleito. Porém tem me ensinado acima de tudo, que a minha família é meu porto seguro. Tem me ensinado que a cidade de Anápolis sabe olhar as situações, assistir os programas de televisão e diferenciar o que é a velha política e que a nova política apresenta suas propostas, suas ideias. Estamos mostrando à Anápolis que é possível fazer política de forma limpa, sem personalizar as acusações, sem agredir, somente constatando os problemas. O contrario que estamos notando pelo outro lado operações de busca e apreensão, mandado judicial para tirar programa do ar e assim sucessivamente. Não entraremos neste jogo sujo, porque nós respeitamos a população anapolina e não achamos correto utilizar o tempo de televisão para agredir as pessoas.

Em caso de vitória, qual será o perfil de uma nova equipe?
Técnica. Um empresário coloca na sua empresa o perfil técnico, então caso eu seja eleito assim o farei. Quero aproveitar esta oportunidade para deixar claro, que temos vários apoios, não mais que a quantidade que o atual Prefeito tem. Estes apoios vieram com um único intuito, que é o de colocar a população anapolina acima dos interesses partidários, econômicos e pessoais. Então não foi feito acordo com ninguém, não prometemos nenhum cargo para ninguém, não prometemos secretarias, porque seria uma falta de respeito com a nossa população.

Em caso de vitória, o que o senhor imagina para o primeiro mês da nova gestão?
Precisamos fazer um levantamento geral das contas da Prefeitura. Precisamos trabalhar para enxugar a máquina pública, porém isso não significa demissões e sim melhorar a utilização do dinheiro público, para que em um curto prazo de tempo possamos tomar ações que visem melhorar a qualidade de vida da população. Antes de tudo fazer esse levantamento dos serviços que a Prefeitura presta à população.

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