Incompreensão vira alerta à cidadania | por João Aquino

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A realização das eleições municipais de 2016, que pela primeira vez não teve o financiamento de empresas, revelou que o povo brasileiro não assimilou o novo formato e que os políticos não estavam preparados para uma campanha com recursos escassos e regras rígidas para a propaganda eleitoral. O primeiro efeito dos novos tempos foi a indiferença do eleitor quanto aos apelos dos candidatos, que sem o aparato financeiro para contratar grandes contingentes de cabos eleitorais e pagar pelos serviços gráficos de alto volume, tiveram que gastar saliva e sola do sapato, na tentativa de sensibilizar a população quanto às suas propostas administrativas, no caso dos candidatos a prefeito; e às noções do papel do legislador municipal para a solução dos problemas urbanos, que seria o de se esperar dos muitos candidatos a vereador.

Acontece que, refletindo os acontecimentos de nível nacional, a maioria dos eleitores acabou misturando assuntos que não tem nada a ver um com o outro. A corrupção sistemática, denunciada através da operação Lava Jato, deu a impressão de que a atividade política é a maneira de se promover o enriquecimento ilícito, independentemente de quem seja seu agente.

Essa é uma visão simplista dos desdobramentos das investigações que, para além de criminalizar a Política, escrita assim mesmo, com P maiúsculo, serve de alerta à cidadania sobre o seu protagonismo para o bom funcionamento da democracia.

Participar, conhecer, fiscalizar e cobrar resultados são atitudes cotidianas que aperfeiçoam o Estado Democrático de Direito, portanto, não se restringe aos anos em que ocorrem as eleições.

Uma das pautas que foram impostas pelos resultados gerais do último pleito é de que há necessidade de uma verdadeira e profunda reforma política. Mas, quem vai fazer essa reforma? Esses políticos que estão aí e se beneficiaram por anos das mazelas da legislação eleitoral? Serão os mesmos legisladores que são eleitos e reeleitos para representarem interesses poucas vezes confessáveis?

As urnas gritaram que o povo não está satisfeito com o atual sistema político brasileiro. Agora, com o silêncio que permeia os períodos entre as eleições municipais e a próxima eleição de 2018, que elegerá deputados estaduais, deputados federais, senador, governador e presidente da República, é preciso refletir sobre quais políticos vamos eleger para conduzir as reformas que nós mesmos sinalizamos que são imprescindíveis ao Brasil.

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