Defesa Civil orienta para perigo de travessia em pontos de risco
Neste período chuvoso, a Defesa Civil de Anápolis, composta por membros do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás e da prefeitura, fica em atenção aos pontos de alagamento e áreas de risco da cidade. Nos últimos tempos, as enchentes têm gerado mais vítimas fatais em solo anapolino do que moradias com risco de desabamento. “Por achar que pode realizar a travessia de trechos alagados, os condutores se arriscam, porém alguns não conseguem e infelizmente perdem o veículo, por vezes a própria vida”, explica o comandante do 3º BBM, tenente-coronel Ricardo Silveira.
Um exemplo de ponto de alagamento é a Avenida Isidoro Sabino Rodrigues, no Parque das Primaveras. No trecho mais baixo da via, onde existe uma ponte sobre o Rio das Antas, a chuva levou parte da estrutura construída justamente para escoar a água pluvial. Desde o final de outubro deste ano, a chuva forte e longa subiu o nível da água do rio de forma a sobrepor a ponte, gerando inclusive correnteza. “Em pontos como este, não conseguindo enxergar nitidamente a superfície da via, o correto é não atravessar, buscando outro caminho para se chegar ao destino ou aguardando em local seguro”, explica o tenente-coronel Silveira. Na localidade não há casas. As poucas famílias que moram perto da ponte vão ser transferidas pela prefeitura.
O ponto se diferencia da área por alguns aspectos, como sua duração em situação de alerta. A área de risco é cadastrada pelos bombeiros em lugares caracterizados por estar residências e edifícios, o que apresenta um risco patrimonial e também à pessoa. Geralmente as áreas de risco estão em encostas de veios d’água, como os córregos, nos quais a instabilidade das margens compromete a integridade dos edifícios, levando paulatinamente aos deslizamentos, principalmente em épocas chuvosas.
O ponto de risco é temporário, dura enquanto está chovendo, sendo característico por no local haver alagamentos e enxurradas. Exemplos de ponto de risco são trechos de vias com relevo rebaixado em relação ao nível do solo, na área ao seu redor. A falta de locais para escoamento da água da chuva pode gerar também um fluxo de água mais forte em declives, gerando o ponto de risco durante a alta precipitação da chuva. “O ritmo da urbanização gera uma ocupação da superfície do solo de forma a impermeabilizar e diminuir o espaço de absorção da água”, explica Silveira, que aponta o entupimento das bocas de lobo por lixo, principalmente nas primeiras chuvas, como um dos fatores das enchentes.
Em Anápolis, estão notificados pelo 3º BBM cerca de 10 pontos de risco e 16 áreas de risco. “Há oito anos, as áreas e os pontos vêm diminuindo devido às obras de drenagem urbana realizadas pelo Município”, afirma Ricardo que aponta a redução pela metade das áreas de risco nesse período. O comandante do 3º BBM destaca algumas obras que contribuíram para a diminuição destas áreas, como a canalização realizada em parte do Córrego Água Fria, a contenção da erosão na Avenida Leopoldo de Bulhões e a canalização do Córrego Antas, na região próxima ao Parque Onofre Quinan. Outra ação, realizada em 2010, foi a retirada de moradores das margens dos córregos, como no caso da Avenida Perimetral, no setor Anápolis City, próximo ao Córrego Água Fria.
Pânico
No último dia do mês de outubro, uma jovem de 27 anos morreu após um afogamento na BR-060, nas proximidades do Jardim Flor de Liz. Ao continuar em pista sob forte chuva, o carro com a vítima e um rapaz na condução perdeu o controle e foi arrastado pela enxurrada. Na impossibilidade de prosseguir, os dois subiram em cima do veículo, modelo Ford Fiesta. A jovem se desequilibrou e na queda foi sugada por um grande bueiro abaixo do veículo e acabou se afogando e morrendo. O motorista sobreviveu segurando nas ferragens do veículo e depois foi resgatado pela equipe da concessionária da rodovia Triunfo Concebra. A jovem teve seu corpo encontrado pelos bombeiros a 1 km de distância do bueiro em que foi sugada.
“O lugar mais seguro de estar é dentro do carro, caso o motorista e passageiros atravessem o ponto de risco e não consigam prosseguir a travessia”, explica o tenente-coronel Ricardo Silveira. Ele aponta que antes de tudo, não vale a pena atravessar se não houver nitidez da pista em momento de chuva. Sem contar a atenção dobrada com a alta velocidade pela falta de aderência do veículo à pista. Em casos nos quais houve insistência em atravessar e não conseguiu completar a travessia no ponto de risco, a orientação do 3º BBM é permanecer dentro do carro até a chuva passar ou chegar ajuda.
Caso inundar ou o veículo capotar para o leito de um córrego, o mais importante é buscar algum objeto no qual consiga se segurar da correnteza. Havendo a possibilidade de uma ajuda de alguém, a orientação é que a pessoa que socorre, não entre na correnteza e dê auxílio a partir de um objeto no qual a vítima do acidente seja puxada do fluxo de água para algum lugar seguro, como uma corda ou pedaço de madeira.