“Bases têm que render. Chega de ser instituição de caridade”, afirma Mário Alves

mario-alves-5

mario-alves-5ORISVALDO PIRES

Prático, com espírito de equipe, disposto a trabalhar e otimista com bons resultados nas categorias de base do Anápolis nos próximos anos. Foi isto que o novo diretor do Departamento Amador do Galo, Mário Alves (foto), deixou transparecer na entrevista que concedeu esta semana ao Jornal Estado e à equipe Geração do Esporte (Rádio Manchester AM). Sobre as chances de o Anápolis começar a ter lucro depois de grande investimento feito nas categorias de base ao longo dos anos, disse que isto precisa acontecer, e que o clube não é “instituição de caridade”, necessita também ver seu lado financeiro, profissional.

Com reunião marcada com o presidente do Conselho, José Paulo Tinazo, e o benemérito da base, Nassin Hajjar, o diretor do Departamento Amador informa que, a partir da próxima semana, começa a se inteirar de todas as situações que envolvem este setor do clube. Mário Alves revela que vai ouvir as pessoas do clube para orientar seu trabalho, que a intenção da disputa da temporada 2017 é qualificar o Galo a participar da Taça São Paulo de Futebol Júnior e que projeta a escolinha tricolor com cerca de 350 alunos. Disse que assume a direção do futebol amador com disposição de trabalhar muito, “pois tudo que você se propõe a fazer, ou faz bem feito ou não faz, fazer meia boca não é comigo”.

Por que o senhor aceitou assumir esta nova função?
Sou apaixonado pelo Anápolis. Recebi convite do José Paulo Tinazo e do Nassin Hajjar para assumir o futebol amador do clube, mas ainda não tomei pé sobre como estão as coisas. Primeiro quero conversar com os dirigentes. Mas temos muitas ideias para colocar em prática e vejo que podemos colaborar com o Anápolis.

O senhor conhece a estrutura do clube. O que pensa poder mudar no departamento amador?
Algumas coisas têm que modificar no esporte amador do clube. Sabemos o quanto se investe num jogador nas categorias básicas. Faz-se trabalho de muitos anos, como fizemos com o zagueiro Brendon. Foi emprestado ao Palmeiras, se profissionalizou praticamente lá. No ano passado não foi totalmente aproveitado, embora nas vezes que foi escalado esteve muito bem, de repente o jogador é liberado. Ficamos por entender, não sei o que aconteceu, ainda não me inteirei desse assunto.

Como fazer com que categorias básicas rendam frutos concretos para o clube?
Vimos ao longo dos anos que, quando se falava em categorias de base, perguntavam como aproveitar jogadores da casa se o Anápolis não tinha calendário? Mas agora tem. O clube precisa ter time de futebol para jogar todos os campeonatos. Diante disso as categorias de base também precisam estar bem, em atividade, sendo formados, para ter esse entrosamento e a transição do amador para o profissional. Jogador tem que ser colocado para jogar.

Como deve ser esse fluxo de produção de atletas?
Vejo que é necessário ter de três a quatro jogadores todo ano para colocar no profissional. Não quer dizer que eles tenham que ser titulares absolutos, mas têm que compor o grupo. Muitas vezes vem o treinador de fora, que precisa de resultados, e não quer saber de jogador da base. Tem que ter uma compreensão, é preciso dar valor às categorias de base.

Em 2016 pelo Anápolis passaram quatro treinadores. É possível conquistar espaço para a base num contexto como este?
Sabemos que assim fica difícil colocar os meninos para jogar. Cada técnico já tem seu time na cabeça e ele vem para conquistar resultados. Sabe que se não for assim pode ser mandado embora.

São altas as despesas para manutenção das categorias de base?
É muito dispendioso. Por isso vamos tentar fazer todas as categorias com jogadores da cidade. Para que evite trazer jogador de fora, quando você aloja o atleta aqui e a responsabilidade do clube é maior. Vamos aproveitar meninos da escolinha, no sub 13, que logo passa ao sub 15, tem que ser gradativamente.

Vai buscar apoio para realizar seu trabalho no clube?
Queremos fazer um bom trabalho. Vou ouvir as pessoas. Sabemos que o sucesso de um trabalho não depende apenas de uma pessoa, mas de todos. Esperamos que aqueles que estarão conosco possam se empenhar o máximo possível.

Pretende olhar a garotada que pratica futebol nos bairros e também no futsal?
Claro que sim. É nosso pensamento. Anápolis tem muitos meninos bom de bola, nos bairros, nos campos varzeanos, nos torneios, que você acha uma garotada boa de bola. Temos que peneirar, convidar o pessoal para ir ao Anápolis, fazer teste com esses meninos.

Como pretende relacionar com o Charles Fabian, treinador do profissional, que já disse ser adepto ao trabalho das bases?
Assim que o Charles começar seu trabalho, vamos nossa conhecer, trocar ideias. Sei que para o campeonato goiano é difícil usar jogador, é campeonato curto, não pode errar. Mas se tiver intenção de continuar no Anápolis, para ajudar a executar o planejamento que o clube tem para 2017, a intenção é de unir forças, mostrar nossa Intenção.

Como será sua forma de trabalhar?
Quando entro num negócio entro para valer. Tudo que você se propõe a fazer, ou faz bem feito ou não faz. Fazer meia boca não é comigo. Lógico que as pessoas que estarão conosco no trabalho têm que colocar a cara a tapa. Vamos estar todos os dias junto com o pessoal. Lidar comigo não tem dificuldade.

Como será sua relação de trabalho no clube com o Nassin Hajjar, benemérito histórico das categorias de base?
Tudo tranquilo. O Nassin Hajjar, digamos, está sobrecarregado. Sempre foi só ele à frente deste setor, por tantos anos. Me convidou para assumir esta direção. Mas estarei sempre com ele, para que possa me orientar. Ele esteve tantos anos à frente da base, jamais poderia desprezar qualquer conselho ou opinião que possa me dar. É uma transição tranquila, e as pessoas estão sempre unidas em favor do Anápolis.

O empresário Francis Melo, parceiro do Galo, tem influência em grandes clubes do país. Vê esta parceria também favorável às categorias de base?
Com certeza. Como ele tem esta abertura, se ver jogador da base que não será aproveitado aqui, que queira levar a outra agremiação, desde que o Anápolis tenha uma participação, não vejo empecilho. É louvável, é salutar.

Vê chances do clube começar a ter lucros com a base?
Vejo que o Anápolis precisa começar a ganhar. Chega de ser uma instituição de caridade. Está na hora do Anápolis ver seu lado financeiro, profissional.

O Anápolis disputa a 1ª divisão de 2017 no sub 17 e sub 19. Já tem planos para essas duas importantes competições?
Vamos apurar quem daqueles que disputaram a temporada 2016 pode ser aproveitados no ano que vem nas categorias superiores. Nossa intenção é fazer boa campanha com sub 19 para chegar a uma Taça São Paulo de futebol júnior. É preciso participar de uma competição como esta.

O senhor vê possibilidade de profissionalizar a gestão das categorias de base?
Isto está dentro do nosso planejamento. Buscamos formar por exemplo um departamento de marketing para as categorias de base, para buscar investimentos específicos para o departamento amador.

O senhor vê espaço para aproveitar melhor, explorar melhor a marca Anápolis Futebol Clube?
Quando fui presidente, contratei agência de publicidade para tratar das propostas e de um portfólio do clube. Um trabalho feito com muito critério. Estivemos em várias empresas do Daia e infelizmente não conseguimos um centavo. Não foi falta de bater na porta e mostrar planejamento.

A inserção do Anápolis no projeto Esporte para Todos, executado pela Prefeitura, está em seus planos?
Sim. Tínhamos um projeto neste sentido, quando presidi o clube, junto com o Ademir Marinho, secretário de esportes. Este projeto estava sendo encaminhado, mas depois que deixei a presidência não sei que fim teve. Nossa intenção agora é buscar a parceria do Esporte para Todos, especialmente para o departamento amador.

Como analisa a situação de Anápolis e Anapolina no contexto do nosso futebol local?
Torço muito para que tanto Anápolis quanto Anapolina se deem bem. Também torço para que a Anapolina, que está na divisão de acesso, suba para a 1ª divisão. Não pode ficar na situação que está, isso é prejuízo para o futebol anapolino. Temos que ter nossos times fortes, disputando campeonatos nacionais. Anápolis tem 400 mil habitantes, precisa dar resposta aos clubes, para que os torcedores tenham alegria.

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