O grande capitão | por Iron Junqueira

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Em grupo, estudamos a melhor saída de barco que seria lançada ao mar…

Ora! Trabalhamos tanto para não chegarmos a lugar nenhum? Para não juntarmos economias e fazermos uma sobrevivência digna, que honrasse nosso orgulho? Nossa luta é tão imensa e não podemos parar porque o mar não dá peixes?

Resolvemos então construir um grande barco, novo e imenso, que coubesse nossa preciosa tripulação, que seria essas crianças, cujo destino seria a terra da Esperança de um mundo melhor. Ficou estabelecido que, primeiro, mandaríamos construir a linda Arca para em seguida, transpormos para ela a nossa preciosa carga…

Enquanto isto, sigamos navegando, recolhendo os que encontrarmos vogando sobre as ondas ou náufragos prestes a serem engolidos pelas águas famintas…

Vamos trabalhando, recolhendo os que nos chegam… Os já sem forças e, após o socorro, estarão fortes e serão os futuros marinheiros…

Um deles, que acabamos de retirar das ondas líquidas e devastadoras, depois do descanso, refeitas as forças, foi nos contar as novas de onde ele veio…

— Lá foi invadido por estranhos adversários, difíceis de entenderem…

Não trabalham e tiram o produto de seu suor e esperança… Destroçaram os sonhos e os ideais dos justos, tomaram-lhes o dinheiro, as ferramentas e os sonhos… Não permitem que auxiliemos os bons e justos a tocarem seus barcos. Disseram para o grande público que as igrejas são os repositórios de Deus para onde deviam ser levados todos os ganhos e contribuições… Nada de ajudarem os velhos nem as crianças… Para estas, haverá as leis e todo o manancial de riqueza…

Agora os mandatários celestiais é que devem recolher a riqueza que estiver ao alcance e conduzirem para suas igrejas… Só a elas pertencerão as dádivas e o poder… E, por outro lado — explicava o náufrago — estão os novos donos do mundo latino-americanos — os comunistas — totalmente à esquerda do que eram antes… Permanecerão com os tesouros da nação com seu poder de conquista e dominação.

Sim… Assim está ocorrendo… Não há trabalho, não há povo operoso… Há estilhaços de pólvora lançando morte e vomitando violência… Cada cidadão corre para um lado… É triste a situação… É triste tudo… As crianças querendo braços de adultos… Que os oferecem de longe enquanto tudo fazem para se alcançarem num nadar lento sobre águas inexistentes… Homens como eu dando braçadas para não se afundarem no lamaçal devorador… Mas não tem como avançar… Os novos dominantes não ajudam sequer com um naco de pão… Nem com o trabalho escravo… Os novos dominantes devoraram escolas, oportunidades, levas e levas de gente… Nem eles próprios terão o que comerem no futuro… Porque tudo destroem… Não gostam nem deles… Menos ainda dos fracos e sem expressão… Queriam o poder… Mas o poder esfacelou-se, não existe mais… Estão fugindo às tontas da Lei de Causa e Efeito… e eu?

— Sim… E você? Vamos indagar-lhe…

— Estou aqui neste navio com outros tantos… Vocês que tantos ampararam… Agora me amparam também… A vocês digo… Fiquem no Barco… Porque a solução vem de cima… Prossigam… Força nos remos e firmeza no Leme que o Barco nunca naufragará! Deus está no Leme e Jesus é o Capitão… O barco é o que nos restou… O Barco é o sonho e todos os que sonham encontram sobrevivência. Com fé, trabalho, confiança, venceremos, logo, logo!

Não desacorçoem porque Jesus nunca descansa enquanto souber de um filho seu perdido nas ondas tumultuadas da tempestade… Ele é o grande marinheiro, o grande Capitão… É isto.

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