Em época de crise, curso técnico vira opção para buscar trabalho

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ANDRÉ FELIPE RIBEIRO

Em época de crise encontrar um emprego é uma tarefa extremamente complicada. Para conseguir isso alguns profissionais investem em formação, numa tentativa de se inserir ou se recolocar no mercado. Nessa hora, os cursos técnicos valem à pena, por serem mais rápidos e focados diretamente para suprir eventuais lacunas na economia.

De acordo com secretária Acadêmica da Faculdade Senai Anápolis, Raquel Oliveira, são três os cursos mais procurados na cidade. O campeão é o curso técnico em eletrotécnica, que aborda competência de gestão e de prática na área de eletricidade predial – também conhecida como residencial – e eletricidade industrial, que é a manutenção elétrica para as máquinas industriais.

Em seguida aparece o curso técnico em mecânica ou mecânica industrial. É um curso na área de metal, mecânica para a manutenção das máquinas industriais, trabalha com solda, fresa, torno e competências de gestão no qual o técnico tem perfil mais de gestão e supervisão do que de prática. “Apesar de ter muita prática, ele tem competência de supervisão que vem acoplada à competência de gestão que é para ser líder nos setores”, acrescenta Raquel Oliveira.

O terceiro curso mais procurado é o técnico em química. Apesar de estar em terceiro lugar no ranking, esse é curso com maior abrangência na área de atuação. Ele trata da química de alimentos, da química de cosméticos, de produtos químicos para a indústria dos medicamentos, de ração, tudo que envolve química, inclusive até uma parte de metalurgia onde tem as ligas da solda. Tudo isso a química consegue abordar e abranger além do meio ambiente.

Para quem quer entrar no mercado de trabalho, a educação técnica é o melhor passaporte para conseguir o primeiro emprego. Para os que já estão empregos, em tempos de crise, quando as empresas demitem, elas optam por eliminar aqueles menos produtivos, então neste caso, quem tem uma formação técnica também tem um diferencial importante. Para aqueles que saíram do mercado de trabalho e querem retornar, o melhor caminho é fazer um curso técnico para agilizar este retorno.

Em relação aos cursos de graduação, que possuem duração de pelo menos quatro anos, os cursos técnicos são de curta duração, portanto úteis quando o objetivo é encontrar emprego no curto prazo.

Além disso, os cursos possuem uma enorme variedade e são focados em suas áreas. Alguém que faça técnico em logística terá conhecimento específico de sua área e também conhecerá os processos através de aulas práticas, o que é um grande diferencial já que o profissional sai preparado para exercer suas atividades.

Mais uma vantagem do curso técnico em relação à graduação é o fato de poder ser feito antes mesmo de completar o ensino médio. Em geral um aluno no segundo ano do ensino médio já pode cursar sem problemas e ainda tem a chance de se formar já empregado.

Raquel Oliveira acredita no potencial de mercado na cidade. Ela cita outros cursos além dos três mais procurados. “Anápolis tem um potencial no mercado de trabalho muito bom, esses três cursos são os carros chefes – Técnico em Eletrotécnica, Técnico em Mecânica e Técnico em Química – há também os cursos de técnico em edificações, técnico de segurança do trabalho e um curso recém-aberto, de técnico em manutenção automotiva que tem bastante procura por mão de obra qualificada”.

A empregabilidade dos alunos que cursam os cursos técnicos do Senai são de 86%. Eles podem entrar no mercado de trabalho antes mesmo de completar o curso 100%, como explica Raquel. “Temos o que chamamos de saídas intermediárias, ou seja, um curso técnico em química, por exemplo, quando o aluno faz o módulo básico, o módulo específico I e o específico II, que comporta 400 a 600 horas do currículo inteiro que é de 1,2 mil horas, a gente já certifica esse aluno e ele fica com a certificação intermediária, ele se torna laboratorista químico e microbiológico e já consegue trabalhar dentro dos laboratórios das indústrias. Não é o técnico ainda, mas já é um profissional qualificado para atuar com análises simples nos laboratórios”.

A crise econômica que o Brasil vem enfrentando afetou a quantidade de procura dos cursos técnicos, por mais que eles sejam relativamente baratos – em torno de R$ 248 a R$ 300 por mês – se comparado a um curso de graduação. As pessoas estão tendo dificuldades de ingresso ou alguns que já haviam começado estão com problemas para continuar.

Na contramão, a procura por cursos gratuitos está em alta e a entidade não consegue suportar tamanha demanda. Os cursos gratuitos não são cursos técnicos, exceto dois, como explica Raquel. “O Senai não consegue atender todas as pessoas que procuram cursos gratuitos, tem cursos que não temos condições de ofertar gratuitamente que são os cursos técnicos, apesar de que nesse momento estamos ofertando dois que são, logística e manutenção de computadores, só que à distância para ficar um curso menos oneroso para nós”.

Há também os cursos gratuitos que mudam de modalidade, que são de aprendizagem industrial. São cursos para alunos que são encaminhados pela indústria para trabalhar como aprendiz, em que ele vai ser contratado por até dois anos, conforme a lei de 2000. Esse aluno vai fazer o curso de aprendizagem que tem carga horária mínima de 400 horas e máxima de 560 horas. Para conseguir atender a comunidade, o Senai deixa 20% das vagas para alunos carentes, que não conseguem pagar o curso. Nos outros 80%, as indústrias que encaminham os alunos.

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