Bolsonaro: 4 votos | por Marcos Vieira

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O deputado federal Jair Bolsonaro teve quatro votos na disputa para a presidência da Câmara, na última quinta-feira (2). Nem mesmo seus colegas de partido, o PSC, votaram nele: são dez na bancada, contando com Bolsonaro, o que significa que 60% da bancada do Partido Social Cristão votou contra o oficial do Exército do Rio de Janeiro que é conhecido por ter posições polêmicas e arrastar consigo uma diminuta legião de fãs que o chamam de mito e afirmam que ele seria a solução para o Brasil. Acreditando nisso, Bolsonaro provavelmente deve ser candidato a presidente em 2018.

Em meio ao caos que vive a política brasileira atual, gente como Bolsonaro tenta tirar proveito e vender a ideia de que são capazes de retomar uma paz da época da Ditadura Militar. Como pouca gente gosta de ler no País, talvez não saibam que qualquer coisa poderia ser atribuída àquela época, menos que o Brasil vivia um clima de harmonia. Os generais-presidentes, boçais na arte de lidar com o ser humano, acreditavam que não roubar bastava para comandar a Nação. Não havia entre eles o mínimo de sensibilidade para entender as necessidades do povo, que desde sempre foi colocado no subsolo das prioridades do governo.

Bolsonaro é o retrato de um grupo de gente que gosta de disseminar o ódio por aí, nas redes sociais, amplo espaço virtual que dá voz amplificada a uma legião de idiotas. O Brasil virou o país dos clichês cretinos, que exaltam a violência ao extremo, que passam uma ideia errada do que prega os defensores dos direitos humanos e execram qualquer tipo de minoria.

A Lei de Godwin poderia fazer com que eu evitasse a comparação com o nazismo, mas prefiro dizer que o caminho que fez com que Adolf Hitler virasse o que virou começou com um país destruído. Hoje é bem mais difícil que o extremismo vença e se torne o regime dominante no Brasil – Jair Bolsonaro não tem um plano de governo decente para começo de conversa – mas os espaços aos poucos vão sendo ocupados. E aí, de repente, a gente tem artigos esdrúxulos sendo aprovados ali, uma declaração racista acolá, ou um linchamento de um batedor de carteiras sendo comemorado por gente que vai à igreja, reza e se diz cristão.

Jair Bolsonaro foi o último colocado e essa derrota é importante para mostrar a ele que seu grupo de seguidores é limitado – dá no máximo para elegê-lo deputado federal. Já é difícil engolir a política nos dias de hoje, com tanta gente cretina e sem criatividade ditando as regras, imagine dar poder a um sujeito que prega o ódio e tem aversão à democracia? Mas ainda há algo a se pensar: três deputados votaram em Bolsonaro. Esses ainda não entenderam do que precisamos mesmo para tirar o Brasil da lama.

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