Prefeito afirma que dívidas de 2016 chegam a R$ 75 milhões

Roberto Naves 31,01,17 (26)

Prefeito Roberto Naves fala sobre planejamento para equilibrar finanças e informa que são ao menos R$ 200 milhões a serem pagos nos próximos quatro anos

MARCOS VIEIRA

O prefeito Roberto Naves (PTB) reuniu a imprensa na terça-feira (31), no miniauditório do Centro Administrativo, para apresentar um balanço dos 30 primeiros dias de gestão. Em uma explanação antes de responder as perguntas dos jornalistas, Roberto disse que Anápolis “não pode somente jogar na defensiva”, se referindo à necessidade de a cidade buscar investimentos para gerar emprego e aumentar a arrecadação pública.

“Temos que sanar os problemas, temos que viabilizar a prefeitura, mas temos que contar com a imprensa, contar com toda a sociedade organizada para que possamos buscar novos investimentos e novas empresas. Anápolis é uma cidade grande que tem que olhar para frente”, comentou Roberto.

Entre as medidas anunciadas pelo prefeito para reduzir o déficit da máquina, está a redução de gastos com aluguel – o antigo clube Ipiranga, no Jundiaí, e as dependências do Estádio Jonas Duarte vão abrigar secretarias municipais que estejam em prédios locados. Também serão cortados gastos com aluguel de máquinas.

O prefeito também disse estar revendo o organograma da prefeitura e o número de cargos comissionados. Outra pauta desse início de gestão é a busca de verbas no governo federal. Segundo Roberto, a prefeitura gasta mais do que arrecada, mas além de reverter essa equação, é preciso buscar investimentos já pensando na cidade a médio e longo prazo.

Roberto prometeu passar um relatório detalhado à imprensa, informando “o que se deve, para quem e quanto”. “Não temos necessidade de esconder dados. E isso não foi dívida adquirida no ano passado, temos que fazer justiça. Isso é dívida que vem de vários e vários anos e não interessa quem fez. O que interessa é que precisamos estar todos juntos, buscando as soluções”, comentou.

O prefeito disse que ao contrário do que muitos imaginavam, ele não havia convocado a imprensa para poder apresentar e buscar culpados. “Estamos aqui para apresentar a real situação financeira do município de Anápolis”, completou. Roberto afirmou que tem uma prefeitura e uma cidade fantásticas para administrar. “É com muito orgulho que sou prefeito e tenho plenas convicções que Anápolis é uma cidade viável”.

Entrevista coletiva
Na entrevista coletiva, Roberto disse que a Prefeitura de Anápolis tem mais de R$ 200 milhões a serem pagos nos próximos anos. Somente de 2016, foram herdadas dívidas na ordem de R$ 75 milhões. A seguir, algumas respostas dadas pelo prefeito sobre a situação financeira da administração municipal:

Qual a real situação financeira da Prefeitura de Anápolis?
Do ano de 2016, temos cerca de R$ 75 milhões de dívidas vencidas, que têm que ser pagas em curto prazo. Se nós somarmos os precatórios e as dívidas de médio prazo, não estou colocando dívida de longo prazo, mais de R$ 200 milhões a serem pagos nos próximos quatro anos. E temos hoje uma real situação, que ficou comprovado que temos um déficit, principalmente nos meses que não temos IPTU, da ordem de R$ 6 milhões – é o que aconteceu esse mês. Então estamos tomando todas as medidas de contenção de despesas, estamos trabalhando para que a gente consiga adequar as finanças da prefeitura para que Anápolis possa em breve sair dessa situação no qual ela se encontra, onde é uma verdadeira maratona a gente fazer todo tipo de esforço para poder conseguir pagar a folha de pagamento dos servidores. Hoje estou aqui para apresentar os números, feliz por um lado, por saber que conseguimos pagar a folha de janeiro dentro do mês, e ao mesmo tempo tendo convicção da responsabilidade de que já temos que começar a trabalhar, tanto para pagar os fornecedores como para tentar garantir a próxima folha do mês de fevereiro, que possivelmente vai ser o mais difícil no que diz respeito à arrecadação, por ser um mês mais curto.

O que será cortado?
Já estamos trabalhando com a equipe de comissionados reduzida. Como no ano passado o prefeito João Gomes já exonerou grande parte dos comissionados, de 1230 que tínhamos, agora vamos trabalhar com 800, 850. É um corte de aproximadamente 30%. Já está sendo feito um corte basicamente em todos os alugueis. Chamamos os proprietários e estamos buscando um corte linear na ordem de 30%. O mesmo estamos fazendo com os proprietários das máquinas que prestam serviço para a prefeitura. Fizemos um estudo e estamos fazendo um corte no que diz respeito à limpeza junto à GC Ambiental, que era uma mensalidade algo em torno de R$ 4,2 milhões e estamos conseguindo economizar quase R$ 1 milhão. Temos plena convicção que temos que pensar na população, temos que pensar nas pessoas. Não vai adiantar em nada sacrificar a população, aumentando o desemprego, então precisamos ter responsabilidade e estar buscando economizar nas mais diversas áreas para que a gente consiga chegar nesse número, que não é pequeno.

O IPTU vai aumentar?
Não vamos aumentar o IPTU para sanar o problema [do déficit financeiro]. O aumento do IPTU é normal, de correção. O que vamos fazer para o ano que vem, com certeza, é o plano de georreferenciamento para que a gente consiga aumentar a arrecadação sem necessariamente sobrecarregar de impostos a nossa população.

Qual o valor pago hoje de aluguel pela Prefeitura de Anápolis?
É muito variado. Estamos gastando R$ 1,4 milhão, mas está baixando para cerca de R$ 800 mil, que vamos gastar em fevereiro. Era uma despesa anual de mais de R$ 15 milhões.

Como fica a questão das obras e dos serviços?
O serviço não foi cortado em momento algum. Se formos olhar a questão do tapa-buracos, entendemos que a cidade tem buracos, que o período de chuva não ajuda, mas entendemos que a prefeitura tem feito e feito muito. Muitos buracos foram tapados. Estamos com várias equipes na rua. Estamos com várias equipes roçando os lotes. E aí eu gostaria de usar todos os meios de comunicação para lembrar que a roçagem dos lotes baldios é de responsabilidade do proprietário. A prefeitura está fazendo, mas depois a conta será do proprietário do lote. Então é preciso que a sociedade também faça sua parte. No que diz respeito ao tapa buracos, conseguimos no final do ano passado R$ 8 milhões junto ao governo federal que serão utilizados ao longo de 2017 na prevenção desses buracos. Se nós gastarmos esse dinheiro para fazer um recapeamento e fazer a aplicação de uma substância que é chamada de microrrevestimento, buscando a revitalização, não vamos sofrer tanto no que diz respeito ao tapa buraco. É bom frisar que com todas as dificuldades do município de Anápolis, nós estamos buscando dentro das nossas condições, sabendo que vários fornecedores ainda não receberam, tentando resolver o problema dos medicamentos. Fiz reunião hoje com a Unievangélica e com o Hospital Evangélico Goiano para a gente ampliar o atendimento das pessoas. Isso a um custo muito mais baixo para a prefeitura. Os tapa buracos estão nas ruas. A equipe de pintura da mesma forma. A coleta de lixo nós conseguimos evitar que a GC Ambiental entrasse em greve através de uma conversa, quando fizemos o compromisso de estar pagando as próximas parcelas dentro do mês. A prefeitura continua andando. Graças a Deus nós conseguimos manter aquilo que estava funcionando e estamos conseguindo fazer economia para pagar o funcionário. Na área da Cultura estamos aí com tudo que tem que funcionar. No Esporte vamos estar com as escolinhas. Nesse momento é importante que a sociedade anapolina entenda que não cortamos nenhum tipo de serviço, o que fizemos foi estar enxugando a máquina pública e otimizamos a utilização do dinheiro público.

O senhor acha que o pior já passou?
Administrar uma cidade do tamanho de Anápolis, com a importância de Anápolis, a responsabilidade não diminui e o pior ainda não passou. Temos alguns desafios, vamos regulamentar a questão das horas extras – não vamos cortar, quem faz vai receber – mas é preciso que seja feito hora extra só quando há necessidade. Vamos regulamentar a questão das gratificações, que não são regulamentadas, não existe um valor fixo e não é por cargo, é por pessoa. Então estamos organizando isso, que gera uma economicidade. No que diz respeito às lâmpadas, demorou um pouco, é um processo moroso, não tínhamos praticamente estoque, então já foi pedido. A máquina está funcionando. Ela pode não estar funcionando na velocidade e potência que eu quero, mas estamos providenciando para que isso aconteça o quanto antes. A prefeitura não está parada, mesmo com todas as dificuldades.

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