Pernas e patas: juntas pela saúde pública | por Thaís Souza

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Muita gente pensa que os assuntos ligados à causa animal devem ser discutidos apenas no âmbito das associações, ONGs e grupos de proteção animal. A verdade é que o assunto deveria ser encarado de outra maneira não só pela sociedade, mas também pelo poder público.

O fato é que alguns temas relacionados ao assunto são de extrema importância não só para os animais, mas também para nós, humanos. A saúde pública, por exemplo, é muito afetada pelo descaso com os animais, e quem “paga o pato” é sempre a sociedade.

Na última semana, no dia 7, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que cria uma política nacional de controle de natalidade de cães e gatos. Pelo projeto, o governo deverá promover estudos nas regiões que necessitem de “atendimento prioritário ou emergencial, em face da superpopulação ou quadro epidemiológico”.

Eu tenho discutido este assunto do controle de natalidade de cães e gatos há anos, e agora como vereadora, tive a oportunidade de protocolar um projeto de lei para castração gratuita em nossa cidade. Quando falo no assunto, não penso apenas nos bichinhos, mas principalmente nos benefícios para a saúde pública que uma medida como esta proporciona. Animais nas ruas geram doenças e, convenhamos, com o estado lastimável em que se encontra a saúde pública no País, o que às vezes não passa de um “probleminha” pode se transformar em casos graves para a saúde dos cidadãos.

Quem é da causa animal sabe o quanto é difícil conseguir apoio tanto da iniciativa pública quanto da iniciativa privada. Faltam recursos, incentivos, projetos e, acima de tudo, vontade política. A pergunta é: por quê? Dentre várias razões que poderia citar, gostaria de destacar duas.

A primeira é exatamente o fato de ainda não ser uma preocupação de caráter público. Talvez isso aconteça pela desinformação da população com relação aos malefícios causados pelos animais abandonados. Sobre isto, é importante citar que quase nunca há por parte do poder público ações de conscientização aos cidadãos. Poucas vezes vemos campanhas dos órgãos públicos contra o abandono de animais, por exemplo.

O segundo motivo que destacaria é político. Na mente egocêntrica de grande parte dos políticos, falar de animais “não gera votos” e, portanto, o assunto não entra na pauta. Infelizmente todos sabemos que na política o pessoal briga pelos temas que têm mais apelo popular. Muito embora eles estejam enganados, uma vez que hoje a quantidade de pessoas que lutam pela causa animal é enorme e a minha eleição como vereadora é prova disto, é extremamente lamentável que aconteça esta segregação no que diz respeito a um assunto de tamanha importância para a sociedade.

Enfim, o que fica é um sentimento de que os olhos e ouvidos do poder público ainda precisam se abrir, e muito, para a causa da proteção animal. Com certeza temos conseguido avanços, a lei votada pelos deputados é prova disto. Mas ainda é pouco diante da grandeza e nobreza de uma causa onde patas e pernas, na realidade, caminham juntas.

THAÍS SOUZA é advogada, fundadora da Aspaan e vereadora em Anápolis

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