A ideia da lista fechada para a população | por Marcos Vieira

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Depois da falência do sistema político brasileiro, provocada pelos próprios políticos, ainda temos que aturar que eles próprios proponham uma refundação das regras do jogo eleitoral, que obviamente vai beneficiá-los. Se no passado havia um equilíbrio entre políticos bons e ruins, agora a balança pendeu completamente para investigados pela Polícia Federal, corruptos prestes a perder o mandato ou simplesmente parlamentares boçais, incapazes de pensar em termos de coletividade.

A lista fechada sepulta a última chance que tínhamos de varrer da política quem não presta. A esperança estava bem perto da gente, logo ali, em 2018. A eleição proporcional raramente é entendida pela sociedade. Ou seja, não se trata do melhor sistema para eleição de deputados, mas a transformação do voto em algo genérico, que coloca na mão apenas dos políticos a decisão de quem vai compor a Câmara Federal, é algo extremamente arriscado. É óbvio que aqueles que encabeçarão essa tal lista, e logicamente os eleitos, serão os mandachuvas, os caciques, os coronéis de sempre que são responsáveis por tudo que a política brasileira se transformou no dia de hoje.

Para além da busca dos políticos por uma auto-anistia, existem outras preocupações, como a reforma trabalhista e as mudanças na Previdência Social. São tempos de mudanças, é o que percebemos, mas não eram esses os protagonistas que gostaríamos de ver decidindo o destino de milhões para as próximas décadas. E aqui não existe nenhuma predileção partidária, mas sim apenas a certeza de que vivemos uma crise de políticos decentes, que ao menos dedicam parte de seus mandatos à população.

Não é o caso de falar em uma nova Constituinte. Parece que seria algo muito complicado, mas pelo menos na nossa cabeça, poderíamos ter o entendimento que estaríamos elegendo em 2018 os políticos que cuidariam de reformas estruturantes, importantes para o País. Seria um pleito divisor de águas, que se ao menos não conseguisse tirar os aproveitadores do poder, ao menos faria uma bela depuração – beberíamos, enfim, uma água mais limpa (ou menos suja). Com essa turma que está hoje em Brasília, qualquer reforma serve principalmente para que eles possam se perpetuar no poder.

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