Após 2 anos de tentativas, Delegacia do Deficiente ainda não sensibilizou políticos

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ANA CLARA ITAGIBA
(Foto: Ismael Vieira)

manoel_vandericA primeira delegacia especializada no atendimento à pessoa com deficiência de Goiás começou a funcionar há cerca de dois anos em Anápolis, mas até hoje, depois de diversos serviços prestados à sociedade, ela ainda não foi regulamentada através de lei na Assembleia Legislativa.

O delegado Manoel Vanderic Filho (foto), que responde por cinco delegacias em Anápolis, diz que só conseguiu tirar do papel a Delegacia do Idoso porque ganhou a atenção da mídia e da população local. “Conseguimos provar que havia demanda e o deputado Marcos Martins fez o projeto de lei que foi aprovado pela Assembleia”, diz o delegado. O mesmo não aconteceu com a Delegacia do Deficiente.

Vanderic disse à reportagem JE Online que acreditava que conseguiria sensibilizar os políticos novamente. “Já procurei todos os políticos de Anápolis, já mandei projetos, já fiz manifestações com o pessoal da Apae, mas ninguém demonstrou interesse”, conta.

Na prática, a delegacia não consegue registrar as ocorrências no campo próprio, ou seja, as denúncias têm sido feitas como se fosse crime contra os idosos e não conseguem gerar estatísticas dos crimes contra os deficientes. Vanderic afirma que o trabalho tem sido voluntário. “A equipe que atende as pessoas com deficiência trabalham na Delegacia do Idoso, mas não recebem pelo trabalho extra”, expôs.

Caso seja aprovado algum projeto de lei na Assembleia Legislativa, a nova delegacia conseguiria formalizar vários convênios, teria uma equipe de policiais e passaria a receber benefícios para melhorar o atendimento à população. “Estou revoltado porque não tem desculpa, é um público que precisa de um tratamento diferenciado”, completa.

De acordo com Vanderic, a maioria dos crimes que a Delegacia do Deficiente recebe é de abuso sexual. “Essa semana recebemos a denúncia de uma menina com deficiência intelectual que foi passar o final de semana na casa da tia e foi comprovado que houve conjunção carnal. Quem foi o autor do estupro foi o primo dela de 16 anos”, contou.

O delegado ainda ressaltou que essas situações deixam traumas nas vítimas para o resto da vida. “Elas mudam o comportamento e param de comer, por exemplo. Não é porque elas têm algum tipo de deficiência que elas não entendem o que acontece. São meninos e meninas que sabem de tudo isso”, concluiu.

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