A transição na economia já começou | por David Caldas da Silva
Trabalhando no sistema financeiro, fazendo parte do dia a dia de uma instituição financeira e lecionando sobre o assunto em uma faculdade, sou frequentemente abordado sobre temas econômicos por clientes, amigos e alunos.
Temos acompanhado os indicadores econômicos, os ajustes propostos na Previdência Social, os ajustes fiscais e a evolução na queda de oferta de vagas de empregos formais. Aliado a ações do governo, com propostas de reformas políticas, no Judiciário e na Economia, que nos sinaliza para o início de um processo de transição da fase de recessão. Um processo lento, agravado pela falta de confiança interna e externa, uma vez que os ingredientes de confiança na política que poderiam ajudar a acelerar o processo, não são bons.
Em meio a fatos que não colaboram com esse processo de transição, temos algumas notícias que nos motivam a acreditar que esse processo já iniciou. O boletim Focus, relatório econômico publicado semanalmente pelo Banco Central do Brasil, trazendo uma série de projeções sobre a economia brasileira, contendo as expectativas do mercado, sob a ótica dos principais economistas e bancos, no mês de março de 2017 continua apostando na queda do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), trazendo um cenário benigno no curto prazo, com expectativas de redução das taxas de juros e controle da inflação dentro do foco da meta que é de 4,5% ao ano.
Ainda com olhar positivo nesse início de transição, no mês de março tivemos uma evolução no emplacamento de novos carros, foram 189 mil novas unidades emplacadas, contra 179 mil no mesmo período de 2016. O impacto negativo da operação da Polícia Federal intitulada “Carne fraca”, que trouxe reflexos negativos e imediatos à nossa economia, já mostra sinais de melhora, com a reabertura dos mercados da China, do Chile, Egito e Hong Kong para a importação de nossas carnes e derivados. A balança comercial registrou um superávit no mês de março, e mesmo com a operação da Polícia Federal, as vendas externas de carne foram positivas, crescendo 4% em relação ao mesmo período de 2016.
Temos ainda um longo caminho a percorrer nesse processo de recuperação de nossa economia, caminho de transformações e mudanças, com um preço muito alto sendo pago pela população, mas acredito que o processo de transição, de forma tímida e abaixo de nossas expectativas, já começou, mesmo com um cenário em que a economia mundial tem enfrentado questões relevantes que influenciam direta e indiretamente esse processo, e internamente com questões delicadas sendo tratadas, que envolvem a sobrevivência do governo atual, como o julgamento da eleição presidencial próxima passada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Fica a expectativa que as notícias boas continuem a nos brindar em nosso dia a dia, e que as notícias não tão boas possam encontrar caminhos de melhorias, e que finalmente ressoe no varejo, gerando mais empregos, renda e oportunidades. O processo político gera efeitos diretos na economia no curto prazo, bem como no modelo econômico a médio e longo prazo. As decisões políticas, mais uma vez se tornam ponto central nas definições dos próximos caminhos a serem trilhados pela conturbada economia, que afeta diretamente a vida de todos nós, brasileiros.
DAVID CALDAS DA SILVA é formado em Gestão de Recursos Humanos, professor e gestor comercial de instituição financeira