Os valores brotam do seio da família | por Orisvaldo Pires

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Pode ser uma simples impressão, motivada pela experiência acumulada em anos de vida. Corro até o risco de ser taxado de quadrado, careta, antiquado. Mas percebo que, com o passar do tempo, as novas gerações, ao mesmo passo que agregam características de um mundo moderno, ‘descolado’, futurista, também deixam para trás comportamentos culturais construtivos que, agora, são apenas marcas na cronologia de uma sociedade que se ressente da perda de valores éticos e morais essenciais.

Os educadores nos ensinam que fundamentos básicos da formação do caráter da pessoa são aprendidos dentro de casa, com os pais e a família. Nesta fase ouvimos orientações como: não roubar, não matar, não levantar falso testemunho, respeitar os pais, se afastar de bebida, fumo, drogas. Neste ambiente aprendemos a lavar as mãos antes de comer, dar descarga após usar o banheiro, dobrar as roupas de cama ao se levantar, respeitar os mais velhos, pedir a benção aos pais, avós, tios. Descobrimos o amor ao próximo.

O espírito cívico, por exemplo, é algo que perdeu muito do seu encanto. Guardo vivo na memória os momentos que, antes da aula na escola primária, ficávamos em fila para rezar o pai nosso e cantar o Hino Nacional. Na semana da Pátria os soldados do Tiro de Guerra ensaiavam conosco os passos para o desfile cívico-militar. O ritmo dos taróis era algo simplesmente fantástico. Conduzia as batidas do coração. Manter posição de sentido frente ao pavilhão nacional era a glória.

Um pouco mais adiante, no ginasial, estudávamos ‘Moral e Cívica’. Os textos permeavam aquelas gravuras e fotos históricas, num enredo mágico que prendia a atenção. São, indiscutivelmente, as informações mais vivas sobre a evolução política, social e cultural do país que me servem de referência até os dias atuais. Depois veio a ‘Organização Social e Política do Brasil’ – OSPB. Os primeiros contatos com o significado dos sistemas de governo, partidos políticos, entre outros temas interessantes.

As agruras do tempo que agora enfrentamosdesvirtuam muitas das práticas aprendidas no seio familiar ao longo da vida, num mundo em que a importância é medida pelo ser e ter.A inversão e a relativização de valores criam um mundo paralelo perigoso. As coisas ruins é que são boas, as boas são ruins. A rebeldia, a falta de educação, os desvios de caráter, se tornam práticas comuns. E nessa hora entendemos que a forçapara superar esta realidade que assusta não está em outro lugar senão dentro de nós mesmos. Sempre esteva lá.

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