PSDB reelege Erivelson Borges e já tenta minorar as sequelas

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Mesmo com esforço pelo consenso, tucanos não evitam confronto, mas entendem que desafio para crescer é buscar unidade

ORISVALDO PIRES

A eleição da executiva do diretório do PSDB de Anápolis, que reconduziu ao cargo o atual presidente, Erivelson Borges, revelou que, mesmo que por outras motivações, as fissuras abertas ainda antes do processo eleitoral de 2016 continuam expostas. Embora houvesse um aparente desejo pelo consenso, conflitado com a dificuldade de cada postulante em ser ele o primeiro a abrir mão da candidatura, o processo sucessório teve três nomes na disputa, dois dos quais sobreviveram até a eleição na noite de quarta-feira (19), realizada em um hotel.

Após a eleição dos 45 membros do diretório, na noite de segunda-feira (17), realizada no plenário da Câmara Municipal de Anápolis, o ex-presidente e candidato ao cargo, professor Valto Elias, retirou sua postulação em favor do delegado Glayson Reis. As sequentes reuniões de bastidores entre lideranças tucanas, em busca do convencimento em torno de chapa consensual, pouco tiveram de resultado. Ao final, no embate eleitoral, dos 48 votantes, 25 indicaram Erivelson Borges e outros 23 Glayson Reis.

Dos 45 membros titulares do diretório tucano, dez não compareceram à eleição. Os 13 suplentes presentes então, após acordo entre ambos os candidatos, somaram-se aos 35 titulares, estabelecendo quórum de 48 membros com direito a voto. Erivelson Borges, que tem o ex-vice-prefeito Atair Pio de Oliveira como vice-presidente, disse que a eleição aconteceu de forma democrática. “Ninguém trabalhou para dividir. O Dr. Glayson Reis vai somar conosco, será convidado a participar da executiva do partido. Faço questão que Glayson Reis e Ridoval Chiareloto estejam conosco”, disse o presidente reeleito.

Entre as autoridades presentes estavam o deputado estadual Carlos Antonio; a superintendente de Direitos Humanos do Estado, Onaide Santillo; o presidente da AGR, Ridoval Chiareloto; o superintendente de Indústria e Comércio, Victor Hugo de Queiroz; o secretário-chefe do Gabinete Militar do Governo de Goiás, coronel Adailton Nascimento; os vereadores Mauro Severiano, Américo e Pastor Elias; o ex-vereador Wesley Silva; o ex-vice-prefeito Atair Pio de Oliveira; e a advogada Maristela Rodrigues. Além de outras autoridades e lideranças comunitárias.

Gentilezas
Erivelson Borges disse não acreditar em sequelas negativas após o confronto nas eleições do partido. Segundo ele, a partir de agora a sigla precisa estar unida para trabalhar pela cidade. “Vamos lutar por uma cidade melhor. E vamos trabalhar para eleger José Eliton governador do Estado, além de ter chapa competitiva para deputado estadual, deputado federal, para o Senado e para presidente”, antecipou. Glayson Reis avaliou que o processo eleitoral demonstrou que o PSDB “é grande”. Segundo ele a eleição revelou um partido “equilibrado, maduro e forte”.

Glayson Reis evidenciou que não existem vencidos nem vencedores e que a diferença de apenas dois votos é a prova de que há equilíbrio de forças no partido e que não existe ninguém mais forte que o outro. “A missão é árdua. Temos que eleger o sucessor de Marconi Perillo. Cabe a nós, de Anápolis, encabeçados pelo Erivelson Borges, fazer está transição”, concluiu.

O candidato Glayson Reis integra a ala do partido afinada com Ridoval Chiareloto, atual presidente da Agência Goiana de Regulação, um dos expoentes tucanos locais. Esta ala teria ainda familiaridade com Giuseppe Vecci, ex-secretário do governo Marconi Perillo, hoje deputado federal, que busca estratégias para conquistar espaços político-eleitorais em Anápolis.

Já Erivelson Borges faz parte do grupo liderado por Adhemar Santillo, que mesmo na condição de neo-tucano ampliou espaços importantes na estrutura interna do partido. Santillo é um dos nomes lembrados nos bastidores para disputar mandato de deputado federal.

As campanhas eleitorais municipais, desde 2010, reservam ensinamentos que devem servir de cartilha para orientar os tucanos sobre o que não fazer para alcançar vitória. Assim, o desafio daqueles que almejam ver o partido chegar à Prefeitura de Anápolis em 2020, é utilizar como gatilho algum ponto de convergência entre as alas internas distintas agora visivelmente expostas. Para alguns, este fator é a candidatura de José Eliton a governador em 2018.

Sequelas
Do alto de sua experiência de homem público, de vivenciar dezenas de situações parecidas à que o PSDB de Anápolis experimentou na convenção eleitoral da quarta-feira (19), o ex-deputado e ex-prefeito Adhemar Santillo desenhou um quadro menos ‘paz e amor’ que aquele imaginado por Erivelson Borges e Glayson Reis. Disse que desde o início defendeu que não houvesse confronto na eleição. Segundo ele, os dez membros titulares do diretório, que não compareceram à convenção, não quiseram se “comprometer”. Adhemar Santillo disse não ter dúvidas de que sequelas sempre ficam.

O ex-prefeito avalia que num primeiro momento as pessoas parecem aceitar a situação, mas no final as sequelas aparecem. “Poderíamos fazer uma festa linda, como foi na eleição do diretório, sem disputa. Vamos evitar ao máximo as sequelas, mas vai haver contrariedade. Com o passar do tempo a gente organiza”, projetou. Adhemar Santillo viu uma eleição sem maiores conflitos, mas lembrou que aquele sentimento íntimo de cada candidato e dos integrantes de suas correntes ainda não se conhece. “Agora o partido tem que se modernizar. Ir para os bairros, levar sua proposta, fazer simpósios, conferências, lutar para readquirir credibilidade perante o povo e procurar novas pessoas para se filiar”, concluiu. (Com reportagem de Lucivan Machado)

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