Juiz pede que doadores não abandonem Lar e Abrigo Mater Salvatoris, denunciado pelo MP

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LUANA CAVALCANTE
(Foto: Ismael Vieira)

limongiO juiz Carlos Limongi (foto), titular do Juizado da Infância e Juventude em Anápolis, afirma que o Lar e Abrigo Mater Salvatoris foi vistoriado, no dia 15 de abril, por uma equipe sob o seu comando e que o local não precisa ser interditado e nem a diretora, Nilda Moreira da Silva, precisa ser afastada do cargo.

As denúncias de má gestão administrativa do abrigo e as suspeitas de omissão e maus-tratos às crianças abrigadas, além do desvio de doações, apontadas pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), não foram comprovadas pela equipe técnica do Juizado da Infância e Juventude. “Fizemos um trabalho minucioso e o que acontece é uma superlotação do espaço que compromete os trabalhos feitos ali”, garante Carlos Limongi.

A suspeita de irregularidade e pedido de fechamento da instituição foram apurados por meio de inquérito civil público e foram investigados pela promotora de Justiça Carla Brant Sebba Roriz. Segundo o MPGO, as irregularidades foram confirmadas pelas vistorias feitas pelos conselhos municipais de Assistência Social e dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes.

As denúncias são de fatos ocorridos no final de 2016, divulgadas pelo Ministério Público no início do mês de abril deste ano. O Juizado da Infância e Juventude se comprometeu a ajudar a instituição a se reestruturar e formou uma equipe de três técnicos dos seus quadros, um servidor da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e também a própria diretora do Mater Salvatoris, Nilda Moreira da Silva.

“O que eu peço é o que os doadores continuem fazendo o trabalho com o Mater Salvatoris. O Juizado está ali para ajudar para que ele continue [funcionando]”, orientou o juiz da Infância e Juventude.

Carlos Limongi comentou ainda que houve denúncias de furto de material e que tudo está sendo verificado. Ele afirmou que a funcionária que eventualmente praticou maus-tratos às crianças foi afastada. Na época a própria equipe da instituição fez a denúncia junto ao Juizado. “Estou há 15 anos em Anápolis e acompanho de perto esta instituição que é muito importante para o nosso trabalho”, declarou Carlos Limongi, que garantiu o número de acolhidos no Mater Salvatoris será diminuído, mas será preciso que as autoridades pensem e planejem para onde as crianças e adolescentes irão a partir dessa mudança.

MPGO
Em notícia publicada no portal do MPGO na internet, a promotora Carla Brant Sebba Roriz diz que em abril de 2016 o Serviço de Acolhimento Institucional do município apresentou denúncia contendo vídeos e áudios referentes aos maus-tratos praticados por uma cuidadora noturna do Lar e Abrigo Mater Salvatoris. Em novembro daquele ano, novas denúncias foram feitas, dessa vez por duas voluntárias que trabalham no abrigo. Elas apontaram falta de higiene no berçário, a restrição de carne na dieta das crianças, sendo que os congeladores estavam repletos desse alimento, a ocorrência de surto de piolho e conjuntivite nas crianças, além de haver doações de roupas, sapatos e brinquedos que não eram entregues aos internos.

Em seguida, no mês de dezembro, o MPGO foi informado sobre uma denúncia de suposto abuso sexual ocorrido dentro do abrigo. Diante dessas suspeitas, Carla Brant requisitou da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, da Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros vistorias no local para averiguação.

Desse modo, foi constatado pelo Conselho de Assistência Social que os banheiros, o pátio e o playground estão danificados, a alimentação das crianças não é adequada e não é servida em horário específico, além de haver perda de vários legumes e frutas, os quais poderiam ser oferecidos às crianças.

Já a Vigilância Sanitária verificou que o certificado sanitário da unidade está vencido e, além da falta de higiene de dormitórios, sanitários e armários, duas crianças com necessidades especiais estavam sem higienização. Na cozinha, foi constatado o mau acondicionamento e desperdício de alimentos.

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