Legislativo em evolução | por Orisvaldo Pires

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O envolvimento da Câmara Municipal nos temas de interesse macro da sociedade anapolina é algo que sempre cobramos dos vereadores, ao longo dos tempos. Seja no seio dos movimentos populares, nas entidades classistas ou mesmo no exercício do jornalismo crítico no rádio, jornal e televisão.

O processo de depuração política e moral que o Brasil experimenta nas últimas décadas, fruto natural do processo de redemocratização do país, é uma necessidade dolorosa para que atinjamos estágios mais elevados de maturidade em todos os sentidos. Estes fatos, obviamente, provocam transformações no poder legislativo.

A capacidade de cumprimento dos deveres institucionais do vereador cresce à medida que a sociedade evolui. Uma coisa está intimamente ligada à outra. De nada adianta exigir um legislativo ativo, atuante, forte e representativo, se a população diretamente envolvida não crescer junto. Os políticos que nos representam são um extrato fiel do que somos. A diversidade de raça, credo, grau de instrução, nível social que nos definem na sociedade, são representados na mesma proporção nas cadeiras que compõem a Casa do Povo.

Nestes trinta anos de atividade no jornalismo, no âmbito do legislativo particularmente, testemunhamos ascensões e quedas, políticos ovacionados e outros esquecidos. A atuação do vereador é sempre marcada pela polêmica, a cobrança direta do cidadão, o confronto de ideias, críticas e elogios. Mas, acima de tudo, de construções. Usos e costumes, normas e leis que definem como devemos nos comportar em comunidade, são forjadas e construídas no desafio da tribuna, no resultado soberano das votações dos projetos em plenário.

As dores do dia-a-dia vão moldando o espírito do legislador. Aprende com os acertos e, talvez, mais ainda com os erros. Assim, ao longo destas dezoito legislaturas, os vereadores também evoluíram, na mesma medida que nós, membros da sociedade. Nesta época contemporânea, marcada pelas cicatrizes que caracterizam um processo de aprendizagem parte pela dor, parte pelo amor, o exercício da legislatura moldou um político mais suscetível à exigência popular.

O Legislativo deixa a condição provinciana e muitas vezes tacanha de debater apenas assuntos paroquiais – que, diga-se de passagem, têm sua importância – para também se envolver com temas maiores, mais relevantes, que interessam o cidadão da atualidade.

Para entender a ação legislativa é necessário se envolver, conhecer de perto, participar efetivamente em todos os seus momentos. Assim podemos fazer juízo de suas ações com propriedade, conhecimento. Às vezes reclamamos que os políticos apenas aparecem na época de eleição. Mas, será que nós também muitas vezes nos importamos com eles também apenas nesta mesma época?

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