Maio Amarelo chama a atenção para a imprudência no trânsito

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil apresenta taxa de 23,4 mortes no trânsito para cada 100 mil habitantes, um índice bastante elevado

ANA CLARA ITAGIBA

O mês de maio é dedicado à conscientização em relação ao trânsito. Diariamente acontecem acidentes que em sua maioria são causados por imprudência de alguma das partes envolvidas e, infelizmente, resultam em mortes ou marcas permanentes para o resto da vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil apresenta taxa de 23,4 mortes no trânsito para cada 100 mil habitantes.

De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, em 2015 foram 37.306 óbitos e 204 mil feridos hospitalizados, por conta desse tipo de acidente. Já os registros do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (Dpvat) apontam que no mesmo ano foram concedidas 42,5 mil indenizações por morte e 515.750 por invalidez no País.

A auxiliar de serviços gerais Maria Vieira, de 51 anos, faz parte dessas estatísticas. Há aproximadamente um mês ela sofreu um acidente de trânsito e agora precisa ficar 90 dias sem firmar os pés no chão. O acidente aconteceu quando estava indo para o trabalho de moto e, ao passar por um semáforo amarelo, achando que “daria tempo”, outro motociclista colidiu com ela. “Na hora eu nem vi que tinha machucado, mas quando eu caí e tentei levantar, não dei conta. Eu sentia a minha perna queimando”, conta.

Maria quebrou o tornozelo, o pé, o polegar da mão direita e trincou a clavícula. Precisou passar por três cirurgias no Hospital de Urgências Dr. Henrique Santillo (Huana) e agora está sob os cuidados de sua irmã. “É muito ruim né? Eu fiquei sem trabalhar, fiquei dependendo da minha irmã, que dá banho e cuida de mim. Não podia usar as mãos porque tinha quebrado a clavícula e estava imobilizada, mas estou melhorando aos poucos”, disse.

Foi a primeira vez que ela se envolveu em um acidente de trânsito e depois da experiência, viu o quanto é preciso ficar atenta quando se conduz um veículo. “Temos que ter muito cuidado, porque envolve outras pessoas além de nós. Depois que acontece é muito difícil. Eu diria para as pessoas que vão dirigir: tem que estar com a mente boa”, aconselhou.

Com a estudante Bruna Alencar, de 20 anos, foi diferente. “Eu estava na rua General Joaquim Inácio, quase em frente ao supermercado Floresta. Ali em frente tem um ponto e estavam parados dois ônibus. Quando eu estava passando pelo primeiro ônibus, saiu um senhor no meio dos dois ônibus e foi atravessando a rua sem olhar para o lado. Foi inevitável, eu consegui frear um pouco, mas acabei atropelando ele”, conta.

A jovem deu a assistência necessária, mas ficou a sensação de que a situação podia ter sido evitada se o pedestre tivesse procurado atravessar no local adequado. “As pessoas precisam procurar uma faixa de pedestre para atravessar. Perto do local do acidente, tinha uma faixa a 100 metros de distância. Se ele tivesse passado por lá, as chances de um atropelamento seriam menores. Isso é muito perigoso”, recomenda.

As internações decorrentes de acidentes de trânsito custam, ao Sistema Único de Saúde (SUS), mais de R$ 240 milhões por ano. Apesar de as motocicletas responderem por menos de 30% da frota nacional, vítimas de ocorrências envolvendo esse tipo de veículo responderam por 54% do total de internações, o que demandou R$ 126,1 milhões.

Maio Amarelo
Todos os anos a Prefeitura de Anápolis, através da Companhia Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT), se mobiliza para conscientizar a população quanto aos cuidados que precisam ser tomados. A campanha Maio Amarelo deste ano adotou uma estratégia diferente. A ideia foi espalhar carros batidos em canteiros e praças da cidade com faixas de alertas, que logo de cara, causam impacto em quem passa por esses lugares.

Outra ação coordenada pela CMTT é a blitz educativa que acontece duas vezes na semana nas saídas de Anápolis, para lembrar os condutores que é preciso ligar o farol em rodovias. A multa é de R$ 130,16, além de perder quatro pontos na carteira de motorista.

Segundo o CMTT, cerca de 90% dos acidentes de trânsito ocorrem por imprudência do motorista. Em Anápolis os números são preocupantes. Somente no primeiro trimestre desse ano, ocorreram 193 acidentes de trânsito, resultando em 157 vítimas.

Disciplina
Na quarta-feira (10), o vereador Pastor Elias (PSDB) usou a tribuna da Câmara Municipal para apresentar projeto de lei de sua autoria, que começou a tramitar nas comissões, propondo que a disciplina “cidadania e educação no trânsito” seja incluída na grade curricular das unidades de ensino fundamental da rede pública.

“É um projeto que visa preparar e esclarecer as crianças sobre a necessidade de convivência saudável no trânsito”, disse o vereador, lembrando que caso a propositura seja aprovada permitirá no futuro que a cidade tenha uma geração de cidadãos mais conscientes e responsáveis.

O vereador relatou na tribuna o que ele classificou com uma “experiência amarga” no trânsito, quando o veículo que conduzia, tendo a bordo sua família, foi alvo de uma batida frontal de outro automóvel, conduzido por um homem que tinha consumido bebida alcoólica. O acidente aconteceu na rodovia BR-060, entre Anápolis e Brasília.

“Fraturei três costelas”, disse Pastor Elias, que também informou que sua mulher e o filho também sofreram fraturas. Ao buscar os antecedentes do causador do acidente, o vereador disse que recebeu a informação de que ele já tinha matado três pessoas no trânsito. “Nós acabamos ficando em casa, doentes, enquanto o causador da tragédia estava nas ruas, solto”, concluiu o vereador.

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