Criminosos não perdoam nem unidades de saúde nos bairros
Furtos frequentem obrigam a Prefeitura de Anápolis a buscar reforço da segurança dos prédios públicos
ANA CLARA ITAGIBA
O índice de violência em Anápolis tem assustado nos últimos anos e os bandidos não estão perdoando nem as unidades de saúde da cidade. No domingo (14), um homem arrombou duas portas da Unidade de Saúde da Família da Santa Maria de Nazareth e levou uma CPU de computador e um estabilizador. No momento do furto não havia expediente e ninguém viu a ação. Agora a população está prejudicada, pois as consultas eram agendas por um sistema online.
O expediente do vigilante da unidade começa às 18h e o crime aconteceu durante a tarde. Com receio os trabalhadores do local preferiram não gravar entrevistas, mas disseram que não é a primeira vez que acontece algo do tipo no local. De 2016 para cá foram quatro assaltos, o que gera medo por parte dos profissionais que atuam na unidade.
O mesmo acontece na Unidade de Saúde da Vila Formosa. No dia 17 de abril, uma dentista foi sequestrada na porta do local quando chegava para trabalhar. Dois assaltantes a abordaram colocando uma arma em sua cintura, assumiram o controle do carro e a levaram. Durante o percurso, eles tomaram posse de seus pertences, como aliança, bolsa, carteira, óculos e celular. Os bandidos a deixaram na BR-060, próximo ao kartódromo e foram embora com o carro.
O sequestro relâmpago aconteceu durante o dia, por volta das 13h, com muitas testemunhas. Um ônibus passava na rua no momento em que a profissional foi abordada e um passageiro ligou para polícia. Seus pacientes chegavam no exato momento para serem atendidos e viram toda a ação dos bandidos. A profissional está traumatizada.
Um pouco antes deste ocorrido, arrombaram a porta da mesma unidade na Vila Formosa. Durante a madrugada, levaram o computador e danificaram alguns equipamentos.
Outro incidente aconteceu no mesmo mês, poucos dias depois do sequestro da dentista. Na madrugada do dia 21 de abril, bandidos arrombaram novamente o local. Eles quebraram o blindex da porta da recepção, mas como estava trancada, não conseguiram abrir e não efetuaram nenhum roubo. Sem sucesso, eles foram para a sede do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), que fica ao lado da unidade de saúde, e roubaram alimentos das crianças.
Depois dessas três ocorrências, só no mês de abril, os profissionais que trabalham no local foram no dia 24 de abril à Secretaria Municipal de Saúde para relatar tudo que vem acontecendo, mas não conseguiram falar com a responsável pela pasta. Naquele dia conversaram então com o responsável pela diretoria em que trabalham. Ele disse que iriam entrar em contato com o Observatório de Segurança da Prefeitura de Anápolis para ver o que poderia ser feito, além de colocar alguns vigias nas portas das unidades com escalas intercaladas. Mas, segundo eles, até então a promessa não foi cumprida.
A reportagem do JE entrou em contato com a secretária municipal de Saúde, Luzia Cordeiro, para falar sobre a segurança nesses locais. Luzia orientou a nossa equipe a procurar o delegado de Polícia Civil Glayson Reis, responsável pela Assessoria Especial de Segurança Pública da Prefeitura de Anápolis, para dar esclarecimentos sobre o que tem acontecido.
Glayson disse que estão reforçando a segurança através da Patrulha Patrimonial, que é um trabalho móvel, com o objetivo de auxiliar os vigias que são fixos nas unidades. Glayson também afirmou que estão reforçando o banco de horas da Polícia Militar, para que eles possam atuar na segurança desses locais. “Isso só não aconteceu ainda porque temos muitas equipes que estão trabalhando na segurança do novo presídio, que está abrigando os detentos que vieram da POG [Penitenciária Odenir Guimarães], em Aparecida de Goiânia, no mês de fevereiro”, explica.
O diretor disse ainda que a equipe da Assessoria Especial de Segurança Pública está relocando as câmeras já existentes para instalar nas unidades de saúde mais movimentadas. “Isso não é um problema pontual, os índices de furtos tem aumentado no Brasil todo. Nesse sentido, não adianta pensar só nas unidades de saúde, nós temos que pensar como um todo”, disse Glayson Reis ao explicar que estão fazendo um plano global de segurança que atenderá todo o município.