Pensamentos, palavras e atos | por Iron Junqueira

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Distanciados da negligência, que gera a falação inútil e os descalabros morais sem conta, e com a mente ocupada sempre com o trabalho e com o esforço de redenção, naturalmente nossos sentimentos são salubres e mais atuantes, irradiando em nós e em torno de nós as blandícies de uma vida melhor e mais feliz.

Todos sabem que a saúde é a resultante do que somos; se a cada dia formos melhores que nos dias anteriores, boa será a nossa disposição geral e auspicioso serão os nossos dias; no entanto, é oportuno esclarecer que ser melhor não significa apenas deixar de fazer o mal; é imperioso que se faça o Bem continuado, que se esforce por melhorar interiormente a todo instante e que se torne um servidor desinteressado na causa da felicidade de todos.

Se tentarmos sufocar o egoísmo que nos domina e vivermos o desprendimento que não prejudica, colaborando com todos de todas as maneiras, isentos das ilusões dos aplausos e recompensas humanas, estaremos com a mente em sintonia com as forças do Alto, dando e recebendo energias salutares que nos retemperam a vontade e nos isentam dos males de qualquer natureza; acionados pelos pensamentos nobres, nossos sentimentos farão vibrar as cordas sublimes das próprias qualidades em detrimento das doenças e imperfeições que ainda carregamos; formaremos assim o nosso “clima pessoal” dotado de poderosa luz que nos defenderá do assédio das sombras e, consequentemente, das inquietações, doenças e influenciações doentias; eis o porquê da frase secularmente decantada: “mente sã, corpo são”.

Nota-se então que somos nós mesmos os responsáveis pelo que somos, sentimos ou sofremos: se não somos melhores, não vivemos bem; se somos bons vivemos melhor; forjamos com os nossos atos o clima em que vivemos.

O Grande Instrutor de todos nós, colaborando com a nossa evolução, estendeu-nos o segredo da felicidade e da alegria, ao nos aconselhar cuidássemos do “corpo e da alma”; e para se cuidar do corpo é necessário corrigir o Espírito, cabendo-nos também o dever de vivermos na retidão para a defesa de ambos; esclareceu-nos ainda que viveremos conforme os nossos atos, que “tudo o que fizéssemos ao próximo a nós mesmos estaríamos fazendo”, e que –– “a candeia do corpo são os olhos; se os nossos olhos forem bons, todo o nosso corpo terá luz. Se, porém, os nossos olhos forem maus, todo o nosso corpo estará em trevas; se, portanto, a luz que há em nós são trevas, quão espessas serão essas trevas!”

Quanto a essas palavras, ponderemos: “a candeia do corpo”, ou seja, a luz de uma existência feliz, a saúde que todos queremos, depende também dos nossos olhos, ou seja, de como vemos; se sabemos ver seja o que for “com bons olhos”, incitamos a mente a expandir, por todo o nosso organismo físico e por toda a nossa organização espiritual, apenas energias puras, benéficas e positivas que nos cobrirão de saúde, alegria, disposição, esperança, força e felicidade; por isso o dizer de Jesus: “se bons forem os teus olhos, todo o teu corpo terá luz” –– no caso, equilíbrio, bem-estar, proteção.

“Se, porém, os nossos olhos forem maus”, se com eles estimularmos os maus pensamentos, ante alguma coisa que vermos, estaremos acionando essas energias mentais inferiores que se expandirão pelo nosso corpo e pelo nosso períspirito –– cópia autêntica da nossa organização física, mesmo nas mais íntimas particularidades –– terminando por nos adoecer, nos conturbar, nos afligir, razão pela qual “todo nosso corpo estará em trevas”, em sofrimentos, em desequilíbrio, torturado pelas moléstias; e o nosso espirito, convulsionado pelas próprias imperfeições, não terá forças de manifestar suas virtudes, deixando-se vencer pelas suas fraquezas que são demais.

“Se, portanto, a luz” –– a saúde, os bons pensamentos, os nobres sentimentos, o desejo manifesto de auto iluminação etc., que deveriam estar em nós –– “são trevas”, ou seja, são doenças, vícios, inveja, negligência, mesquinhez, “quão espessas não serão as próprias trevas”–– ou: quão profundas não serão as nossas torpezas, as nossas mazelas morais, as nossas imperfeições e como prosseguirão nos molestando as enfermidades físicas de toda natureza e, também como será iminente a nossa queda!

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“Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai de sua boca”. Também estas palavras do Grande Mestre nos fornecem os mesmos informes já expostos com relação aos olhos, pois sabemos que a palavra que emitimos externa o mesmo potencial energético que constrói ou destrói, conforme tenham sidos os sentimentos que a impulsionaram; e essas energias, depois que envolvem os outros –– os que cercam ou de quem falamos ––, retornam a nós mesmos, sua fonte criadora, atraídas pela força que as emitiu, pela força dos nossos sentimentos, porque a palavra é o próprio sentimento que se alonga materializado, mas que retorna inevitavelmente ao ponto de partida; prova disso é que nos sentimos trêmulos e debilitados depois de forte discussão com alguém, ou nos sentimos perfeitamente felizes depois de um bem que externamos, com a palavra.

“Não é o que entra pela boca do homem que o contamina, mas o que dela sai”. Temos aí o mesmo tema sendo abordado pelo Cristo, esclarecendo mais uma vez que as nossas palavras são energias atuantes que tanto podem, nos afligir nos contaminar –– como também nos enobrecer e nos tornar felizes, tudo dependendo dos sentimentos que impulsionam o que falamos.

A nossa existência é forjada por nós mesmos, pelos nossos pensamentos, sentimentos e atos; será bem melhor, portanto, aceitarmos o Evangelho como norma de vida, dedicando-nos ao trabalho redentor e à renúncia às fatuidades e ilusões da estrada, certos de que todos os sacrifícios e esforços a que nos submetermos pela nossa ascensão espiritual, a fim de evitarmos novas quedas, serão breves demais mesmo que pareçam longos em relação aos momentos de alegria provindos da vitória final, quando um dia nos aportarmos às luzes da eternidade.

A nossa existência é maravilhoso ensejo de reparar o passado de sombras e iniquidades; e aqui não nos encontramos para expandirmos o que de inferiores, nem para expandirmos o que de inferior carregamos na alma; se fomos abençoados com mais esta oportunidade na terra, olvidemos a nós mesmos e façamos sempre o melhor, disciplinando impulsos, corrigindo sentimentos, aprimorando nossos atos, acendrando nossa personalidade e caminhado para Deus, segundo o exemplo de trabalho renovador que Jesus nos legou.

Esquecendo ofensas, porfiando pela bondade, aprendendo a compreender os outros antes de cogitarmos compreensão para nós, vivendo assim –– encontraremos a felicidade que os iludidos buscam nas posses materiais e nas glórias humanas, quando ela nada mais é que a resultante do Amor com que soubermos envolver os irmãos do caminho; esperamos agora, leitor amigo, que Jesus seja para sempre o teu Sol, o teu Caminho, a tua Vida, o teu Ideal.

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