Atendimento a vítimas de acidente com moto cresce 54% no Huana
Em 2016, foram 447 atendimentos e em 2017, 690. A média nos seis primeiros meses do ano é de 3,8 atendimentos por dia só de vítimas de moto
ANA CLARA ITAGIBA
Os atendimentos a pessoas vítimas de acidentes com motocicletas no Hospital de Urgências Dr. Henrique Santillo (Huana) aumentaram 54,4% no primeiro semestre deste ano, se comparado ao mesmo período do ano passado. Em 2016, foram 447 atendimentos e em 2017, foram 690. Esses casos correspondem a aproximadamente 6% de todos os registros na unidade de saúde. A média nos seis primeiros meses do ano é de 3,8 atendimentos por dia só de vítimas de moto.
Dentre os diversos tipos acidentes que envolvem motos, os que mais deixaram feridos neste ano foram as quedas. Ao todo foram registrados 291 atendimentos, sendo que em 2016 foram 188. Em segundo lugar estão os acidentes de motos com carros, que resultaram em 240 vítimas atendidas. Já o que menos deixam feridos, são acidentes que envolvem moto e ônibus, com somente quatros registros nos últimos dois anos.
O coordenador do Pronto-Socorro do Huana, médico Murilo Santana, afirma que o que causam mais óbitos, na faixa etária do primeiro ano de vida até os 40 anos de idade, são por motivos externos, dentro disso, estão os acidentes com motos.
O que mais mata essas vítimas, que muitas vezes são consideradas politraumatizadas, ou seja, pessoas que sofrem mais de uma lesão, são doenças neurológicas e traumas medulares graves. Segundo Murilo, se não leva ao óbito, na maioria das vezes, deixam os pacientes restritos em uma cama. “Hoje nós entendemos que essas causas de mortes, por politrauma, são de fato um problema de saúde pública. As pessoas ficam sem vida produtiva, com alteração na qualidade de vida, alteração na capacidade funcional e principalmente ficam com essas sequelas graves”, explica.
O Huana é um hospital de alta complexidade e referência no estado por atendimentos de vítimas de traumas físicos graves. Esses pacientes ficam na unidade por muito tempo, o que acaba gerando um problema de falta de leito. “Os doentes que são sequelados são de alta permanência, eles ficam meses aqui. São vítimas de uma série de complicações. Eles entram, ficam operados, complicam com uma infecção, sai da infecção, pega outra infecção, faz diálise e vira um paciente de longa permanência”, revela o coordenador do Pronto-Socorro ao afirmar que esses casos são uma verdadeira epidemia, porque os números só aumentam a cada dia.
Perfil
Murilo Santana relata que as maiores vítimas em acidentes com motos que chegam ao Huana são, em sua maioria, jovens e adultos do sexo masculino. “Normalmente a mulher é mais cuidadosa, mais segura. De forma grosseira, nós vemos que está mais relacionado aos homens, justamente porque homem gosta mais de aventura, gosta mais de se arriscar”, assegurou.
Como as vítimas de acidentes de trânsito são a maioria dos pacientes da unidade, a ferramenta encontrada para tentar diminuir esses números foi a conscientização. Todos os anos, durante todo o mês de maio, o Huana realiza ações em prol do Maio Amarelo com o objetivo de discutir o assunto. “As políticas de enfrentamento que nós somos firmes é a questão de educação no trânsito e questão de bebida, que é a grande maioria dos nossos casos”, concluiu.
Só em 2017, entre janeiro e abril, foram realizados 1722 atendimentos de urgência e emergência às vítimas de acidentes de trânsito, e mais de 1,9 mil procedimentos cirúrgicos. Muitos desses números são provocados por acidentes de trânsito considerados evitáveis, devido a imprudências, como dirigir sob o efeito de álcool, o excesso de velocidade, não uso do capacete, do cinto de segurança e das cadeirinhas.