“As pessoas confiam na CPE pois sabem que são ouvidas”, diz comandante

Major Hrillner 13,07,17 (10)

Comandante da Companhia de Policiamento Especializado fala sobre proposta de instituição se aproximar da comunidade

FERNANDA MORAIS
(Foto: Ismael Vieira)

Major Hrillner 13,07,17 (10)O comandante da Companhia de Policiamento Especializado (CPE) de Anápolis, Hrillner Braga (foto), foi promovido a tenente-coronel e está prestes a deixar o posto. Em entrevista concedida essa semana ao Jornal Estado de Goiás, o oficial explicou que a CPE, obrigatoriamente, deve ser comandada por um major, portanto, é questão de tempo para que Hrillner seja destacado para outra missão dentro da Polícia Militar. Apesar da despedida, o oficial diz que deixa a CPE com a sensação de dever cumprido. Segundo ele, uma de suas metas era aproximar a especializada da comunidade. “Quando cheguei a Anápolis para o comando da CPE em abril do ano passado, eu senti essa distância. Essa era uma das minhas metas”, destacou Hrillner Braga. Confira a entrevista na íntegra.

No dia 7 de junho foi realizada a formatura de novos oficiais para CPE, em um evento aberto ao público. Foi uma demonstração que a companhia tem a intenção de estar cada vez mais próxima da comunidade?
Foi uma solenidade foi muito bonita. Iniciamos por volta de 12h e terminamos por volta de meia-noite. Foram 12 horas de evento com a participação de média de 3 mil pessoas. A parte mais bonita, na minha opinião, aconteceu no período vespertino com a presença de quase mil crianças, algumas especiais, o que nos emocionou muito. Eu digo que essa proximidade da Polícia Militar, da CPE, com a comunidade, é muito importante. Quando eu cheguei aqui em Anápolis, para o comando da CPE, em abril do ano passado, eu senti essa distância. As pessoas tinham respeito, mas não tinham essa proximidade com a companhia. Essa era uma das minhas metas de comando, e hoje, graças a Deus, recebemos visitas diárias na nossa base. São pessoas com interesse em nos conhecer, saber como funciona o nosso trabalho, e isso me enaltece muito. Eu acho que esse é o caminho que deve ser seguido.

O senhor acredita que esse conceito favorece o combate à criminalidade?
Sim, e muito. Hoje as pessoas confiam na CPE, nos trazem informações. Porque sabe que serão ouvidas e as informações averiguadas. Além disso, confiam no respeito com o sigilo. Então acho que essa proximidade ajudou muito, as pessoas que conhecem a CPE nos dão maior credibilidade.

O senhor falou sobre as crianças. Qual efeito do trabalho da CPE junto às crianças?
Quando você pergunta a uma criança o que ela quer ser quando crescer, eu vejo isso há muito tempo, muitas delas dizem que querem ser policiais. Porque na cabeça delas, a polícia é honrada, é uma profissão que faz o bem para as pessoas. E isso na mente da criança é como se um policial fosse um super-herói que está bem próximo. Então temos que alimentar essa ideia. Fazemos isso mostrando que realmente estamos aqui para fazer o bem. Tenho conversado sobre essa percepção com meus policiais. Quando somos procurados por crianças, um dos meus cuidados é fortalecer essa opinião junto a elas.

Esse contato colabora para afastar as crianças da criminalidade?
Claro. Porque o referencial é positivo. Então a criança se esforça para seguir o caminho do bem, dos estudos, para que alcance o seu objetivo de ser um super-herói.

Qual a estrutura que a CPE tem para o trabalho?
Temos quatro viaturas, quatro motos, que usamos diariamente no combate à criminalidade dentro de Anápolis, principalmente. Apesar disso, fazemos parte de uma regional e temos responsabilidades com outros municípios. Estamos conseguindo fazer um bom trabalho com resultados positivos no que diz respeito ao número de prisões, de recuperação de carros roubados, entre outras ações.

E em relação ao efetivo, já somando com os policiais que completaram o último treinamento?
Temos cerca de 70 homens.

Tem promessa de novas viaturas para a cidade?
Temos sim. O governador [Marconi Perillo], o nosso secretário [Ricardo Balestreri] e o nosso comandante geral [coronel Divino Alves] estão sensíveis à nossa reivindicação de melhorar as viaturas da CPE de Anápolis. Estão terminando um processo licitatório e acredito que a chegada de cinco novas viaturas acontecerá em breve. E vai nos ajudar muito no combate ao crime.

O policial da CPE é mais temido?
Eu digo que ele é mais treinado. Que ele tem que ter um pouco a mais. Ele tem que demonstrar o seu aprendizado técnico, adquirido em treinamento, na prática. E isso é feito com a cobrança mútua dentro da CPE. Eu cobro do soldado que cobra do comandante. Cobramos profissionalismo e atitudes corretas de ambas as partes.

O que é preciso para ser um policial da CPE?
Primeiro tem que ingressar na Polícia Militar, ser um policial de carreira. É feito um curso para que o oficial se especialize para o trabalho. São várias etapas, psicológica, treinamento físico, ter ficha limpa para o serviço. Depois dessa aprovação, então é iniciado um curso preparatório que dura três meses, com mais de 500 horas aulas aplicadas. Ao final, quem tem êxito, está apto a servir a CPE.

Ainda tem a previsão de mudança da base da CPE da Cidade Jardim para o Filostro Machado?
Tem. A conversa se iniciou com o nosso ex-comandante, coronel Geovanni [Valente Bonfim Júnior]. Hoje essa decisão continua sendo discutida pelo atual comandante da PM, coronel [João Batista] Freitas e o prefeito Roberto Naves. A ideia é ter estrutura para aumentar o efetivo da CPE. Existe a previsão da vinda de 200 homens para Anápolis, e a conversa é que de 60 a 80 homens ingressem direto na CPE. Assim dobraríamos o nosso efetivo e atuação pelas ruas e, em consequência, precisaríamos de instalações melhores.

Quais as ocorrências atendidas pela CPE?
As de maior gravidade. Roubo, sequestro, roubo a banco, tráfico de drogas. Graças a Deus estamos dando conta do recado. O índice de homicídios é uma coisa que nos preocupa, claro, mas quando você nota o perfil das pessoas envolvidas nesse crime, quase todas têm passagem pela polícia. É uma ocorrência de difícil prevenção. Para se ter ideia, em um ano e três meses que estou comandando a CPE, foram retiradas 200 armas de fogo das ruas. Acredito que muitos crimes foram evitados com essa apreensão. Mas mesmo assim, o crime organizando, de dentro dos presídios, é muito forte. A cobrança dos chefes desses núcleos é fatal. Temos evitado, claro, mas existem outros fatores que deveriam ser aplicados, e não são.

Previsão de novas ações para continuar essa meta de aproximação da CPE com a comunidade?
Sim. Nesse sábado [15/7] vamos fazer parte de um evento da Prefeitura de Anápolis que acontecerá no Jundiaí Industrial. No Anashopping está acontecendo um evento com a nossa presença. Tem uma página na internet, chamada Fãs da CPE. Os administradores organizam eventos e nos convidam para participar, vamos sempre que possível. Então há essa aproximação. Isso sem dizer que todos os dias recebemos visitas no nosso quartel de adultos que levam suas crianças, de idosos, enfim, nossos portões estão sempre abertos para pessoas de bem. Quem tem que temer são bandidos – e disso não abro mão.

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