Carta de aviso prévio aos políticos | por Carlos Alberto Lima

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Em entrevista à Rádio Gaúcha, de Porto Alegre (RS), o ministro chefe da Casa Civil da Presidência da República, Eliseu Padilha, ao comentar a liberação de emendas parlamentares e a troca de membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, antes da votação que rejeitou a denúncia da Procuradoria-Geral da República de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer, afirmou que isto é “absolutamente normal do jogo político”.

Esta afirmação é revoltante e de uma indecência, imoralidade e de falta de vergonha na cara que não tem tamanho.

Esta afirmação nos faz pensar o que é ser político, o que é exercer um mandato conferido pelo povo através do voto.

Para mim, não tenho dúvida, aqueles que foram eleitos para serem nossos representantes junto a Casa do Povo não possuem nenhum compromisso com o seu eleitor. Eles não precisam de nós para exercer o cargo para o qual foram eleitos.

Necessitam apenas do nosso voto para chegarem lá.

Então, tendo certo que qualquer pessoa que queira representar o povo nas casas legislativas necessitam do objeto mais precioso que existe, o voto, acredito que é importante que cada cidadão erga a cabeça e exerça sua cidadania, concedendo uma CARTA DE AVISO PRÉVIO aos nossos diletos deputados e senadores.

Motivos nós temos de sobra. Quantos projetos de interesse de todos nós foram debatidos e discutidos e aprovados este ano? Vários. Quantos deputados ou senadores realizaram audiências públicas, reuniões ou discussões com a população visando colher subsídios para sua manifestação na Casa do Povo? Eu, por exemplo, não recebi nenhum convite e nem fiquei sabendo de um evento desta natureza em nossa cidade.

Ora, é sabido que quando um trabalhador não corresponde com a expectativa do seu empregador recebe um aviso prévio, informando que após o transcurso de determinado período, ele terá seu contrato de trabalho rescindido.

Da mesma forma, também cabe a nós que somos os patrões dos nossos representantes rescindir por justa causa o contrato firmado através do voto depositado nas urnas, nas últimas eleições.

Em 2018, certamente, o nobre deputado e o nobre senador, irão bater à nossa porta, fazer reuniões, prometer defender os nossos interesses, dizer que é um incansável defensor dos mais humildes e, muitas outras coisas que o povo almeja e, mais, dizer que todos nós podemos contar com o seu trabalho visando uma sociedade mais justa, humana e fraterna.

Vamos pensar um pouco antes de votar. O voto é o único instrumento que nós temos para participar da vida pública. Depois do voto, ficamos, literalmente, sem nenhuma força e, com isto, o momento de se tomar uma atitude é agora.

Cada voto representa uma esperança de dias melhores, uma sociedade mais justa, uma cidade melhor, enfim, a busca de dias melhores e, considerando que os atuais representantes de nosso povo não conseguiram cumprir com os compromissos assumidos e, mais que isto, não tiveram a coragem de, pelo menos, prestar contas do que não fizeram é o aviso prévio dever ser dado para que todos eles saibam que por não exercerem a contento o cargo, serão demitidos nas eleições do ano que vem.

Carlos Alberto Lima é advogado e procurador-geral da Câmara Municipal de Anápolis

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